2014 - A disputa verdadeira não é do PT contra o PSDB. É sobre o direito da maioria da população de ascender socialmente e viver com dignidade.


Como achei que não haveria Copa, imaginando que a mídia teria sucesso em sua campanha, fiquei três meses sem postar neste terapêutico blog. A Copa das Copas foi um orgulho para o Brasil e os brasileiros, apesar dos pesares.
 
Percebi, nesse período, pois já havia participado da organização dos Jogos do Pan no Rio em 2007, que o Brasil caminha de forma ascendente mostrando sua capacidade de trabalho e sendo reconhecido com uma Nação que já é respeitada pelos "gringos" de qualquer origem.
 
Os “Brasileiros angustiados” com o comando político atual, orientados por uma mídia sectária que sempre ignorou e usou a miséria e os miseráveis para seu entretenimento, acostumados com os privilégios, por menor que fossem, mas sempre beneficiando seus grupos, assustam-se ao perceber que os aeroportos não são mais seus, que as faculdades passaram a privilegiar um público mais pardo, mais pobre e oriundo da escola pública. Que as ruas estão atoladas de carros dirigidos por trabalhadores assalariados, que não servidores públicos. Que máquina de lavar, televisor, geladeira e luz elétrica não é mais coisa de rico. Ora, falam, que presunção? Até onde esta gente pensa que vai?   
 
A liderança desse processo foi realizada por um metalúrgico, homenageado como "honoris causa" por países e organizações humanitárias de todo o mundo, reconhecido pelo brilhantismo pelo qual administrou e representou o Brasil. Sucedido pela primeira mulher presidente do Brasil, recentemente ofendida por ricos, remediados e metidos a torcedores na Copa, que mostraram ao mundo sua falta de educação. Os dois  têm causado sensações horripilantes para os "brasileiros angustiados" que perguntam: como nossos presidentes com formação universitária não obtiveram tamanho reconhecimento? Como podem ter deixado esse metalúrgico discutir e apontar o dedo para os dirigentes de Nações que achávamos superiores ao Brasil?
 
Numa festa macabra, realizada na maior casa representativa da Justiça Brasileira, foi encenada a peça "O Mensalão do PT". Com enorme sucesso e audiência, como se fosse uma novela global. Através de fartos espaço da mídia chamaram o dito crime como o maior da história do Brasil. Deve ser por esse motivo que não produziram a novela mexicana “O Mensalão do PSDB”. Apenas para ser justo, houve a produção regional “O Mensalão do DEM”, mas tudo bem, ninguém esta preso.
 
Os outros brasileiros, maioria populacional e minoria econômica, beneficiados pela política realizada há três mandatos, de uma hora para outra passaram acreditar que deveriam ter as mesmas condições financeiras dos afortunados de sempre. Rebelam-se porque passaram a acreditar que seus salários precisam render de forma semelhante às fortunas acumuladas por séculos neste País. Muitos tão “inocentes” que não perceberam que a transparência hoje existente foi criada por este Governo e não por aqueles que "engavetavam e escondiam" os esquemas.  Ignoram que a corrupção sempre existiu e sempre existirá. A fiscalização deve ser permanente e as punições rigorosas e constantes.
 
Os partidos políticos brasileiros, rebaixados ao mesmo patamar, servem para manter a nossa organização política. Não existe candidato sem partido. Mas todos apresentam os mesmos defeitos e as mesmas falhas. Muitas delas necessárias para a eleição de seus representantes, mas algumas indignas e criminosas. Portanto, aquele que nelas incorrer deve ser punido. Honestidade não deve ser um elemento que qualifique ou isente qualquer candidato a gestor público. A história mostra que o poder corrompe e que os indivíduos são corrompíveis. As estruturas fiscalizatórias devem sair da burocracia e trabalhar pelo desenvolvimento do País. Denunciar depois do ocorrido é conivência. Por que os órgãos de fiscalização não participam da elaboração e licitação de projetos?
 
A política atual, a meu ver, é melhor para o Brasil. Ela é mais transparente, mais pessoas discutem e tem acesso as informações. Um governo que foi fragilizado pela ação de alguns de seus integrantes, processados e presos, é muito melhor do que qualquer governo que não permite o acesso a suas negociações e negociatas. Como a corrupção é inerente aos seres humanos, não há de se pensar que os outros serão honestos, já que nunca foram.  As instituições públicas devem estar estruturadas acima dos interesses dos indivíduos. Esta será a única forma possível para reduzir a corrupção.
 
Já tendo ocorrido a Copa das Copas caminhamos para mais uma disputa eleitoral. A disputa verdadeira não é do PT contra o PSDB. É sobre o direito que tem a maioria da população para ascender socialmente e viver com dignidade. Os assalariados deste País acreditam que devem ser beneficiados pelos impostos que pagam com a melhora dos serviços públicos. Os afortunados devem contribuir e ser beneficiados em iguais condições, assim como qualquer cidadão desta Nação. Não deveriam se opor ao esforço que esta sendo realizado para que a maioria da população brasileira tenha acesso eficiente à educação, saúde, esporte, segurança e cidadania. Somente assim o Brasil será maior e melhor.
 

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"Hay cuatro veces más probabilidades que un joven negro sea asesinado antes que lo sea un joven blanco."

Las balas de un futuro desgarrado

El PAÍS

Contrapuntos

Anotaciones y controversias sobre la educación y el desarrollo en Latinoamérica y el Caribe. Un recorrido por la realidad educativa latinoamericana, sus avances y sus persistentes desigualdades. Aportes para entender las contradicciones en las que anida el futuro de esta región, en un complejo contrapunto de conquistas y derrotas, de frustraciones y desencantos, de sueños y esperanzas.
Por: | 23 de marzo de 2014

Comenzaba la noche en una de las tantas favelas de Río de Janeiro. La luna iluminaba la risa de Natán, mientras conversaba y jugaba con sus amigos en la puerta de una panadería. Al lado del grupo de niños, Kaká, un joven de 17 años, hacía rodar ostensivamente una pistola entre sus dedos. Natán, inquieto, le preguntó: “¿es de verdad?”. Kaká, sin dudar un instante, respondió: “¿quieres ver?”. Y le disparó un tiro en el rostro, destrozándole la vida. Tenía 12 años y quería ser fotógrafo.

Algunos días atrás, en otra favela, la policía mató a William, un estudiante de 16 años que volvía a su casa después de un baile. William se asustó porque, en la oscuridad de la noche, vio armas y no supo qué estaba pasando. Según algunos vecinos, la policía lo baleó en las piernas y, ya herido, lo remató con una bala en el pecho. Entró a la morgue identificado como traficante de drogas. Su padre lo llora desconsoladamente y pide, al menos, que no digan que su hijo ha sido un bandido, que su William, su querido y amado William era un chico bueno y estudioso.

Natán y William tenían en común que eran pobres, jóvenes y negros. Tuvieron en común, que perdieron la vida absurdamente, como otros miles iguales a ellos, que habitan los barrios populares o las periferias de las grandes ciudades brasileñas, víctimas de una violencia sin otro sentido que desgarrar sueños, que aniquilar el futuro. Los dos fueron enterrados el 21 de marzo, día que la ONU ha dedicado a celebrar la lucha contra la discriminación racial.
Kaká - menor-17anos-antares
Kaká...
 

Brasil ha vivido una década de profundas transformaciones democráticas que permitieron mejorar las condiciones de vida de los más pobres, aumentando sus oportunidades de ingresos, condiciones de trabajo, educación, vivienda y consumo. La pobreza ha disminuido y, aunque aún persiste una gran desigualdad, han sido notables los avances en la reducción de la exclusión de grandes sectores de la población. El balance de los gobiernos de Lula da Silva y Dilma Rousseff es, en este sentido, muy positivo y referenciado en todo el mundo.

Entre tanto, un problema endémico parece no tener solución: la violencia que cobra miles de vidas en la población más pobre, especialmente, la población negra. En los últimos años, la tasa de homicidios en la población blanca (la cual suele concentrar los mayores ingresos), ha disminuido tendencialmente y de forma sostenida. Por el contrario, entre los pobres, particularmente entre los pobres negros de sexo masculino, ha crecido de forma exponencial. Durante los años 2008 y 2010, los homicidios en la población blanca disminuyeron 25,5%. En la población negra, aumentaron casi 30%, constituyendo el 65% del total de homicidios cometidos en el país. En una década en que Brasil experimentó una verdadera e intensa revolución democrática, murieron asesinadas 272.422 personas negras, todas ellas de sectores populares.

No deja de ser notable que, a pesar del éxito de las políticas de inclusión y promoción de la ciudadanía, la violencia se ha ido agravando entre los jóvenes más pobres y mejorando entre los jóvenes de clases media o los de los sectores con mayores ingresos. En efecto, en 2002, la tasa de homicidios entre los jóvenes blancos era de 40,6. En 2010, había disminuido a 28,3. Por el contrario, la de los jóvenes negros era de 69,6, en 2002, aumentado a 72, en 2010.

Los estudios realizados por el investigador de FLACSO Brasil, Julio Jacobo Waiselfisz, coordinador de los Mapas de la Violencia, ponen de relevancia la enorme gravedad política, social y humanitaria derivada del aumento sistemático de homicidios entre los jóvenes negros en Brasil. Como en el caso de Natán y de William, sus verdugos suelen ser jóvenes de los propios sectores populares y de las comunidades donde viven; bandas de traficantes y pandillas delictivas; o la acción criminal e irresponsable de quienes deberían protegerlos, la policía y las fuerzas de seguridad públicas.

El Prof. Waiselfisz, que recientemente ha sido galardonado con el Premio Nacional de Derechos Humanos de la Presidencia de la República, da una magnitud de la tragedia: “por cada joven que muere asesinado en Alemania, Francia, Inglaterra o Japón, mueren asesinados 140 jóvenes blancos en Brasil, 359 jóvenes negros, 700 jóvenes negros en el Estado de Espírito Santo, 865 jóvenes negros en el Estado de Alagoas, o 912 jóvenes negros en la ciudad de Simões Filho, en Bahia, una de las más violentas del país”. La tasa de homicidios de jóvenes negros en Alagoas es de 173; en Espírito Santo, 140; en Paraiba, 125; en Pernambuco, 111; en el Distrito Federal, sede de la capital, 103. La tasa general de homicidios en Brasil es de 27,4 y constituye la séptima del mundo. La tasa de homicidios de jóvenes (blancos y negros) en el país es de 54,7. Esto es, cada 100 mil jóvenes, más de 50 mueren asesinados cada año. El gráfico presentado a continuación muestra la tasa de homicidios en el país, por edad y raza.

Cuadro Violencia - Mapa
Fuente: Mapa da Violência: Homicídios e juventude no Brasil, Julio Jacobo Waiselfisz, FLACSO Brasil / CEBELA, 2013

Más de 52 mil personas son asesinadas cada año en Brasil, la mitad de ellas jóvenes, en su gran mayoría, negros. Son más de 140 personas por día... Cada 25 minutos, un joven negro es asesinado en Brasil.

Por su parte, América Latina y el Caribe constituyen las regiones del planeta con mayor número de homicidios entre los jóvenes. Los 17 países con las más altas tasas de homicidio juveniles en el mundo son: Honduras, El Salvador, Islas Vírgenes, Trinidad y Tobago, Venezuela, Guatemala, Colombia, Brasil, Panamá, Puerto Rico, Bahamas, Belize, México, Ecuador, Barbados y Guyana. En el otro extremo, Cuba es el país latinoamericano con menor tasa de homicidios en todos los niveles de edad.

La dimensión del grado de violencia que sufren los jóvenes negros en Brasil puede observarse cuando se proyecta en comparación a las tasas de homicidios del conjunto de la población, dentro del país, o fuera de él. Hay cuatro veces más probabilidades que un joven negro sea asesinado antes que lo sea un joven blanco. Por otro lado, los dos países que poseen las más altas tasas de homicidios juveniles en el mundo, Honduras y El Salvador, si fueran estados brasileños, ocuparían el cuarto y quinto lugar en la lista de asesinatos de jóvenes negros, por detrás de Alagoas, Espírito Santo y Paraiba.

En Brasil, 72 es la tasa de homicidios entre los jóvenes negros. La tasa general de homicidios en Costa de Marfil, uno de los países más violentos del mundo, es de 56; en Zambia, 38; en Uganda y Malawi, 36; en Burundi, 21,7. Naturalmente, en términos analíticos, la tasa de homicidios de un sector de la sociedad o de un estado o provincia, no puede compararse, vis a vis, con las tasas de homicidios generales de otra nación. Entre tanto, la información sirve para dimensionar el nivel de violencia que viven los jóvenes negros en Brasil, cuyos asesinatos, proporcionalmente, duplican las tasas de homicidios de los países más violentos de África.

Comúnmente, se atribuye la violencia a la pobreza. Sin lugar a dudas, las pésimas condiciones de vida de los más pobres constituyen una de las causas que promueven y estimulan relaciones violentas y la expansión de redes de criminalidad. Sin embargo, parece no sólo prejuicioso sino también sociológicamente desacertado, reducir las causas de la violencia a los pobres. En Brasil, las condiciones de vida de los más pobres mejoraron, al mismo tiempo en que empeoraron todos los indicadores de violencia entre y contra ellos. Hoy existen muchas más oportunidades para que un joven negro estudie en la universidad. También, más chances de que muera asesinado por un traficante, por un vecino o por la propia policía. Los jóvenes pobres viven hoy mejor que una década atrás, pero corren el riesgo de morir más rápido.

No debemos, por lo tanto, depositar en las necesarias políticas de combate a la pobreza la única expectativa en la reducción de las altas tasas de violencia que cobran la vida de miles de jóvenes en Brasil y en cualquier país de América Latina. Las causas más profundas deben buscarse en la impunidad, especialmente, en la impunidad delictiva de las fuerzas de seguridad públicas; en la frágil institucionalidad democrática; en el racismo estructural, imbricado capilarmente en todas las esferas de la vida social; en la tolerancia cómplice o en la ineficiencia pasmosa de las estructuras judiciales y políticas; en la indiferencia de los más ricos, preocupados en amurallarse, en protegerse a sí mismos, atrincherados en sus condominios, siendo espectadores indolentes de una sociedad donde el derecho humano a la vida le sigue siendo negado, cotidianamente, a miles de niños, niñas y jóvenes.

La inseguridad pública divide y fragmenta a las sociedades latinoamericanas. La derecha se apodera del tema, lo secuestra, le brinda aparentes soluciones que sólo agudizan las causas productoras y reproductoras de la violencia. La izquierda y los gobiernos populares están desconcertados. Sus políticas públicas, cuando fueron implementadas, han democratizado nuestras sociedades y han permitido avanzar en la promoción de derechos fundamentales, históricamente negados a las grandes mayorías. Sin embargo, en materia de seguridad, las alternativas progresistas parecen desmoronarse bajo la modorra, la falta de imaginación o de audacia, apabulladas por las demandas de aumento de la represión policial, la disminución de la edad de imputabilidad penal y la culpabilización del sistema escolar.

Hay gente que cree que el futuro de Brasil depende de la soja. Otros que creen que depende del petróleo o de los vaivenes de la economía mundial. Yo creo que el futuro de Brasil depende exclusivamente de la posibilidad de garantizar una vida digna a los millones de niños, niñas y jóvenes que, como Natán y William, sólo sueñan con ser felices, iluminando el cielo con su risa.

Precisamos de negros em cargos de tomada de decisão.

As manifestações racistas que se repetem exaustivamente no Brasil (destaque no futebol já que no cotidiano das pessoas comuns isso é ignorado) irão continuar. Decorrem da formação cultural dos brasileiros. São racistas porque suas famílias assim os criam. O racismo persistirá enquanto algumas pessoas acreditarem que são diferentes de outras. Enquanto assistirem televisão com 100% dos apresentadores brancos, com 99% dos governantes brancos, com 99,9% dos modelos masculinos e femininos brancos, .......

Acredito que a presidência da república, os governos estaduais, os prefeitos municipais e legislativo podem e devem mais, sim. Principalmente dando o exemplo. Saindo dessa posição de "sugerir' leis (lavando as mãos) e não praticá-las em suas escolhas, nas estruturas de governos. Os governos federal, estaduais e municipais são compostos de pessoas brancas. Raros são os negros convidados para ocupar alguma posição de destaque, de decisão. Pode parecer antipática esta afirmativa mas ainda vivemos muito atrasados porque os negros são reféns das políticas praticadas por pessoas brancas. Daqueles que pensam que o racismo é ruim, mas não tem a mínima noção de como ele é verdadeiramente. Não se trata de uma proposta de revolução racial. Mas de nos distanciarmos da hipocrisia de dizer estar fazendo algo que se arrasta.

Ano eleitoral ocasião certo para questionarmos os políticos e a mídia sobre o motivo da inexistência de negros como ministros, secretários de educação, da saúde, da fazenda, etc. etc... em seus governos? Não adianta colocar o motorista negro, o assessor negro. Precisamos de negros em cargos de tomada de decisão. Do contrário mais quinhentos anos irão passar com o racismo a toda no Brasil. O exemplo é o que modifica a cultura. Os discursos pouco ajudam na transformação.

Eleições 2014: procura-se o "salvador da pátria"

Mais um ano eleitoral e os mesmos debates rebaixados sobre a escolha de políticos que irão ocupar os privilegiados cargos públicos eletivos da Nação.
 
Alguns defendendo com unhas e dentes as ações de seus governos afirmando que elas são inovadoras e atendem as necessidades da população. Outros, distantes do poder, acusando-os de desonestos e incompetentes, prontos para assumir em seus lugares. 
 
Historicamente os brasileiros votam num "salvador da pátria". Não buscam políticos que cumpram seus papéis. Desejam encontrar alguém, honestíssimo e trabalhador, que faça a eles aquilo que, individualmente, não estão interessados em fazer.
 
O subdesenvolvimento cultural que nos afeta esta demonstrado na postura irresponsável que temos com tudo aquilo que não é exclusivamente nosso. Ao que é nosso todo zelo, cuidado e dever do Estado em garantir sua integridade. Aquilo que é dos outros ou coletivo é problemas deles e do Estado.   
 
Da classe mais humilde a mais abastada todos entendem que o Estado Brasileiro deve ser um Pai e Mãe zelosos que lhes garantam o sustento e perdoem suas travessuras.
 
Incansáveis são os discursos que mostram como a vida (serviços públicos e coletivos) funciona nos países desenvolvidos. Poucos, porém, se dão ao trabalhar de registrar como aquelas  populações observam as leis com rigor. Não existe "jeitinho", artifício nacional, que sirva para burlar o sinal de trânsito ou ser absolvido na justiça.
 
Presidente, Governador e Prefeito são a imagem de nosso povo e de nossa cultura. Nem melhores, nem piores. Se são corruptos o são pela tolerância de nossos cidadãos e de suas instituições repressoras, mantidas para a execução do controle social.
 
O Judiciário, poder engalanado para refrear os crimes, muito bem nutrido pelo dinheiro público, submete-se a mesma cultura "jeitosa" que lhe permite fazer vistas grossas em benefício daqueles que sempre se viram favorecidos pela coisa pública e pelas benesses das leis.
 
A estrutura repressiva do estado nacional, desarticulada para atender segmentos privilegiados, mantem-se refém de interesses corporativos, onde a investigação judicial fica distante da policial, mesmo que  se trate da mesma coisa, para evitar a aplicação da lei.
 
Insistimos em manter a cultura onde o protagonismo individual prevalece sobre o mérito coletivo. Mesmo que o dinheiro seja público, captado dos trabalhadores deste País, políticos a juízes transmutam-se de servidores públicos (contratados pelo estado para prestar serviço a todos) entronando-se como donos do poder, alguns vitalícios, intitulando-se doadores e bem feitores de ações que não passam do cumprimento de seus deveres de ofício.
 
Reféns de uma máquina pública burocratizada, cartorial e corrupta  nossas autoridades, por mais ficha limpa que possam ser, não encontram um novo caminho pois sabem que a engrenagem irá  entorná-los dos trilhos, caso ousem tentar. Para que isso aconteça nada mais antigo, previsível e eficiente do que a mídia (familiar) nacional.
 
Sendo assim, parecem ineficientes as joviais manifestações de rua, assim como os incansáveis manifestos nas redes sociais que apenas reforçam o protagonismo da figura individual ao invés de discutir as atribuições dos cargos públicos e sua extensão exagerada e indevida.
 
Enquanto acreditarmos que a culpa é dos outros continuaremos com nossas travessuras elegendo representantes inaptos e procurando o "salvador da pátria."    
 
     

"deputado federal gaúcho diz que índios, quilombolas e homossexuais são "tudo o que não presta""

 
"Mesmo diante das críticas nas redes sociais e no site do Greenpeace, o deputado federal gaúcho Luis Carlos Heinze (PP) afirma manter o que disse em Vicente Dutra, no norte do Rio Grande do Sul, em novembro passado. Na ocasião, ele participou de uma audiência pública sobre a demarcação de terras indígenas no país e orientou os agricultores a contratarem seguranças privados para se defenderem dos índios. Ele também se referiu a índios, quilombolas e homossexuais como "tudo que não presta" e vinculou suas causas ao governo federal, em especial ao ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho."
 
 
 
 
Evidentemente que para aqueles que nasceram no Sul, principalmente os negros, nenhuma novidade nas afirmativas criminosas e doentias desse político prepotente que se imagina de uma casta superior como teria sido Adolf Hitler e os escravocratas que abundam por este mundo.
 
O Rio Grande do Sul é conhecido no Brasil por acolher descendentes de italianos e alemães que se orgulham da origem de seus antepassados. Nada de errado nisso. Porem, muitos  se confundem acreditando pertencer a uma casta superior aos brasileiros que foram massacrados em suas terras de origem (índios) e dos que foram trazidos como escravos e depois libertos sem o menor benefício para que pudessem viver e criar seus filhos com dignidade. 
 
É vergonhoso a forma como aquela cultura se mantém, e nisso é seguida pela maioria das unidades da federação, onde a discriminação e o preconceito age de forma implícita e explícita.
 
Poucas organizações nacionais têm a credibilidade de impor-se a essa cultura infame e criminosa. As estruturas governamentais de municípios, estados e união  são o melhor exemplo da afirmativa do "faz o que digo, mas não faz o que faço". Ao mesmo tempo que criam leis para cotas raciais não empoderam em suas estruturas políticas, em postos de comandos, negros e índios.  
 
É um faz de conta que mantém privilégios para um grupo racial em detrimento de negros e índios que ainda dependem de benfeitores a distribuir migalhas para que possam habilitar-se a disputar um mercado celetista e racista.
 
E o deputado, certamente, deve estar sendo parabenizado por uma massa de gaúchos que o elegem e acreditam que pertencem a uma casta melhor e diferenciada. Nenhuma surpresa.

 

Morte de cinegrafista pela organização criminosa.

Segmentos da mídia e especialistas em segurança pública devem estar frustrados com as imagens e a confissão do Black bloc que matou o cinegrafista. Tudo estava encaminhado para que esse crime fosse praticada pela polícia militar que tem se confrontado com essa "organização criminosa" covarde que esconde o rosto para não ser identificada e responsabilizada pelas barbáries que praticam. A Globo News até tentou.
 
Conceitualmente "unidos, seus adeptos adquirem força suficiente para confrontar a polícia, bem como atacar e destruir propriedades privadas que representem a opressão gerada pelo capital."
 
Para essa turba desordeira, ônibus, fachada de prédio, postes, placas públicas, catraca de metrô e tudo aquilo que encontram pela frente é visto como bens que representam a opressão gerada pelo capital. Por esse motivo os covardes danificam, apedrejam, destroem e ainda encontram defensores na mídia e na sociedade.
 
Agora, com a morte do jornalista, provocada por esse grupo de delinquentes, dirão os especialistas que a polícia não esta preparada porque não garantiu a vida do cinegrafista.
 
O Congresso Nacional irá apresentar uma lei para agravar a pena de crimes praticados contra jornalistas, confundindo as pessoas que passarão acreditar que o crime foi premeditado contra o cinegrafista. Na realidade essa organização criminosa quer ferir e danificar qualquer um que apareça em seu caminho, mesmo que acidental. Preferencialmente a polícia, para que ela reaja e os faça de vítimas da democracia.  
 
Enquanto em outras nações as pessoas lutam por liberdade e democracia aqui no Brasil desenvolve-se uma ação orquestrada para o retorno dos "senhores de escravos" ao poder político. A melhor forma disso acontecer é continuar incentivando a baderna.
 
O histerismo das denúncias diárias sobre educação, saúde e segurança dá a entender aqueles que nasceram hoje de que em algum tempo do passado vivemos melhor. Mais ainda, induzem as pessoas para que acreditem que os problemas de uma Nação, com duzentos milhões de pessoas, podem ser solucionados num pequeno espaço de tempo.





Registro de como não se faz jornalismo


 
 "Ao contrário do que afirmou o comandante, o repórter da Globo News Bernardo Menezes, que acompanhava a manifestação, relatou que no fim da noite de quinta, no Jornal das Dez, as bombas de efeito moral teriam partido da polícia. Segundo o jornalista, que estava a poucos metros da confusão, um desses artefatos estourou perto do cinegrafista da Band, que caiu na hora." Bom Dia Brasil - Globo
 
 
Assim a mídia tem tratado as informações. Toda vez que interpreta, traduz e emite opinião, ao invés de informar, invade o direito individual ou coletivo atingindo pessoas e instituições. Depois, flagrada na mentira, se auto absolve, corporativamente, justificando a ânsia de informar.

“O policial não se envolve em política partidária eleitoral”


 O policial não se envolve em política partidária eleitoral” ou “seu partido é a polícia”, afirmativas históricas que oportunizam a inexistência de representantes políticos dos policiais.

 

A impressão que tenho sobre as eleições deste ano é que os debates  serão muito rebaixados em decorrência do clima acirrado entre dois partidos políticos. Diga-se de passagem, administrações que não priorizaram as polícias estaduais e muito menos seus servidores.

A mídia e os poderes Judiciário e Legislativo, “embarcados” nesta disputa, prejudicam o repasse de informações para a sociedade. Toda notícia é acompanhada da opinião e interpretação de quem esta contra ou a favor. Resta aquele que a recebe tentar descobrir o que é verdade ou criado para prejudicar situação ou oposição.

A sedizente “crise” que abala a segurança pública é descarregada sobre a polícia e seus servidores que não conseguem evitar a violência nem os crimes.  “Enxugam gelo” no dia a dia e são cobrados como se pudessem, em razão de seu trabalho, modificar a postura descompromissada e violenta da sociedade. 

É necessário ter claro que as polícias são criadas, organizadas, mantidas e comandadas pelo poder executivo que indica e demite, por escolha política, o diretor geral da PC, comandante da PM, e diretor da PF e PRF.  Essas escolhas não acontecem por concurso nem por bons serviços prestados, mas por QI.

Portanto, o compromisso que o policial dedica ao chefe de sua corporação é, na realidade, dirigido àquele que governa o poder executivo, chefe “político da polícia”. Este sim verdadeiro culpado pela crise na polícia ou na segurança pública.

Se a premissa for verdadeira é possível afirmar que os comandos das corporações, indicados pelos governantes, apoiados por gestões políticas de deputados, estão a seus serviços e não da população ou dos servidores policiais.  

Os policiais brasileiros, como qualquer outro segmento organizado, necessitam preparar-se para incidir nas eleições e eleger seus representantes. Não basta votar em “candidato ficha limpa”, mas naqueles que tenham compromissos verdadeiros com os profissionais de segurança pública.

Frente à realidade é chegado à hora dos policiais assumirem a responsabilidade de elegerem representantes para as assembleias estaduais e câmara federal.

“A afirmação de que ‘o policial não se envolve em política” ou que “seu partido é a polícia” oportuniza a inexistência de representantes comprometidos com os policiais.

Sabem as lideranças sindicais dos policiais brasileiros que a situação enfrentada em suas corporações não irá ser alterada enquanto este circulo vicioso se mantiver. Não serão os comandos das organizações, indicados politicamente, que irão modificar as estruturas ou as condições indignas de trabalho.

A partir dessa premissa é necessário registrar que a representação policial nas câmaras legislativas é insignificante e necessita ser ampliada. É preciso incentivar e apoiar a participação de policiais civis e militares no pleito que se avizinha.  O equivoco é imaginar avanços desvinculados do processo político.  

A resistência de contrários à participação nos espaços de disputa política/eleitoral deve ser vencida pelo esclarecimento de que avanços corporativos ou institucionais ocorrem através da ação política, e não da simpatia ou da amizade.
Portanto, mãos a obra! As lideranças sindicais dos policiais brasileiros podem e devem apoiar aqueles que estejam dispostos a enfrentar as urnas. Não de forma fragmentada, divididos, ou com excessivo número de pretendentes na mesma base, mas articulados a partir da coesão de objetivos e interesses afins. Não se esqueça de apoiar aquele que representa seu segmento.

O número de homicídios no Brasil é vergonhoso

A futilidade dos temas tratados pela mídia impede o debate sobre os índices absurdos de homicídios no Brasil. Assistimos assassinatos com a mesma naturalidade que observamos um filme policial, onde as mortes são soluções heróicas de mocinhos e bandidos.
 
Os governantes e  especialistas, incapazes de romper este ciclo, repetem soluções policiais como se alternativa possível para a mudança da cultura de um povo. Ao invés de estruturar os serviços básicos de atendimento à população continuam investindo em eventos dispendiosos cooptando parte da sociedade e dos comandos policiais. Falta dinheiro para estruturar os serviços de atendimento direto as comunidades mas não falta para a realização de pesquisas sobre a violência, como se ainda não soubessem das deficiências e índices, nem para a compra de helicópteros (cada polícia tem que ter o seu) e equipamentos de última geração que servem para desfiles.
 
Não existem campanhas educativas e preventivas permanentes que alertem as pessoas e os jovens sobre a escalada da violência e necessidade de mudar a conduta agressiva que nos caracteriza. É o que demonstramos quando estamos no trânsito, nos bares, nas atividades sociais, etc.
 
Enquanto isso as pessoas estão abandonadas nas escolas, nos bairros, nas vilas e nas metrópoles, a própria sorte. Portanto nenhuma surpresa que o Brasil seja um dos líderes de homicídios no mundo. Aqui, culturalmente, ainda acreditamos que a morte é a solução.

A notícia

A organização não governamental mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal divulgou um estudo relacionando as 50 cidades mais violentas do mundo em 2013, dentre aquelas com mais de 300 mil habitantes. Delas, 16 são brasileiras, sendo 09 na Região Nordeste, incluindo oito capitais.



OS EXCESSOS DA POLÍCIA.

É certo que os brasileiros têm dificuldade para discutir as questões de  segurança pública e o serviço de polícia. A população mais carente sempre se viu as turras com o trabalho da polícia ou a falta dele, em suas comunidades abandonadas pelo poder público.
 
 
Também é compreensível que os ocupantes eventuais de cargos públicos-político queiram eternizar-se no poder travestidos de autores das benesses realizadas com o dinheiro público. Esta necessidade de agarrar-se aos cargos faz com que passem a agir e manifestar-se de forma "politicamente correta". Cuidadosos para não atingir os direitos nem os desmandos daqueles que desrespeitam, costumeiramente, as leis.
 
 
Os administradores públicos brasileiros, frente à frenética competição fiscalizatória da mídia, estão perdendo a coragem e os referenciais do que pode ser certo ou errado. Tudo esta sendo aceitável escudado na desculpa de que "o direito de manifestação deve ser respeitado”. Mesmo que esses direitos estejam extrapolando os limites do bom senso e ferindo direitos alheios.
 
 
A "frenética competição fiscalizatória da mídia" não esta fundada no direito de informar. Mas no direito de emitir opinião e expor, sem a mínima responsabilidade, versões que justifiquem uma manchete, mesmo que para isso a vida e a honra das pessoas sejam prejudicadas, já que a retratação, quando ocorre, acontece num espaço insignificante.
 
 
"Nossa preocupação é que não ocorram atos de violência, de vandalismo,
 que possam inclusive macular essas manifestações legítimas".
 
 
A frase pode ser lida no site G1, internet, com o título "Ministérios iniciam 'caravana da segurança' nas cidades-sede da Copa.", 29/01/14, pronunciado por uma autoridade que deveria estar tranquilizando à população que as forças policiais estarão preparadas para garantir os eventos.

 
 O Brasil tem assistido um festival de violências praticadas por bandos desorganizados e organizados, sedizentes "protestadores por melhoras" e por "seriedade com o trato da coisa pública". A marca registrada desses nobres é o quebra-quebra, queima de ônibus, saques em agencias bancárias, empresas, hotéis, e qualquer coisa que lhes apareça pela frente. Nesta semana ousaram, numa demonstração de coragem e desprendimento, tocar fogo num "fusquinha" para mostrar que o Brasil precisa mudar.  
 
 
No final de cada evento criminoso dessas turbas resta a mídia informativa e deformativa seu tema predileto: os excessos da polícia. Especialistas de araque são convocados para dizer que a polícia errou, é criminosa, tem que ser mudada, etc. etc. etc.
 
 
Nesses noticiários mostram imagens de confrontos que ocorrem em outros países, alguns muito mais desenvolvidos que o Brasil. As forças de segurança usam seus equipamentos e, principalmente, a força para conter os excessos, ocupações e a desordem pública. Nenhum comentário é feito sobre o possível despreparo daqueles pelo uso da força ou da violência.  
 
 
A mídia e as autoridades brasileiras, porém, esmeram-se em críticas às polícias acusando-as de não saberem conter manifestações. E, curiosamente, as autoridades políticas, responsáveis pelas forças policiais, não têm coragem de posicionar-se com firmeza, com segurança, mostrando que os excessos devem ser reprimidos para que as pessoas que vivem nas cidades, que trabalham e que têm outra forma de protestar não sejam vitimadas por esses pilantras travestidos de rebeldes.
 
 
Manifestações legítimas ou ilegítimas não podem conter excessos que firam o patrimônio e o direito das pessoas. O crime não é justificável pela má gestão do dinheiro público ou pelo abandono que as pessoas têm recebido dos governantes. O crime deve ser punido com rigor para que os jovens não fiquem acreditando que um País se organiza através das badernas que eles mesmos dizem estar enfrentando.
 
 
Ou começamos a respeitar as instituições policiais brasileiras ou só restarão as forças armadas para constranger os direitos daqueles que acreditam que desordem e arruaça são sinônimas de liberdade.

Cerca de 70% dos gastos da Copa não são em estádios, mas em infraestrutura, serviços e formação de mão de obra.

O histerismo esportivo, partidário e político que coloca em polos opostos defensores do governo federal e seus opositores procuram ocupar as mentes dos brasileiros evitando que compreendam a visibilidade mundial do Brasil com os dois grandes eventos esportivos que se avizinham: Copa da Fifa e Olímpiadas.

São dois eventos, organizados por entidades não governamentais, que celebram momentos únicos do esporte. Os países desenvolvidos ou em desenvolvimento competem para sediar essas realizações atraídos pelos investimentos públicos e privados, assim como pelo legado que beneficia a população nas cidades sedes onde eles ocorrem.

É evidente que os problemas que afetam e sempre afetarão a vida dos cidadãos não serão resolvidos com o dinheiro investido na realização de uma Copa do Mundo ou de uma Olimpíada. Porém, esta muito claro que a disputa partidária política esta sendo levada para onde não deveria passar perto: as atividades esportivas que demonstram um dos momentos mais nobres da humanidade.

Em vista disso transcrevo texto de Antônio Lassance, publicado na revista Carta Capital, que parece-me trazer ótimos argumentos para compreender-se "a lamaceira" que está sendo propostas para tirar o brilho da Copa e das Olimpíadas no Brasil. E se isso acontecer estaremos provando para o mundo que continuamos sendo colonizados, odiando o que é nosso e admirando qualquer coisa que venha de fora do País.  


        

"Vai ter Copa: argumentos para enfrentar quem torce contra o Brasil"

 


Profetas do pânico: os grupos que patrocinam a campanha anticopa

Existe uma campanha orquestrada contra a Copa do Mundo no Brasil. A torcida para que as coisas deem errado é pequena, mas é barulhenta e até agora tem sido muito bem sucedida em queimar o filme do evento.

Tiveram, para isso, uma mãozinha de alguns governos, como o do estado do Paraná e da prefeitura de Curitiba, que deram o pior de todos exemplos ao abandonarem seus compromissos com as obras da Arena da Baixada, praticamente comprometida como sede.

A arrogância e o elitismo dos cartolas da Fifa também ajudaram. Aliás, a velha palavra “cartola” permanece a mais perfeita designação da arrogância e do elitismo de muitos dirigentes de futebol do mundo inteiro.

Mas a campanha anticopa não seria nada sem o bombardeio de informação podre patrocinado pelos profetas do pânico.

O objetivo desses falsos profetas não é prever nada, mas incendiar a opinião pública contra tudo e contra todos, inclusive contra o bom senso.

Afinal, nada melhor do que o pânico para se assassinar o bom senso.

Como conseguiram azedar o clima da Copa do Mundo no Brasil

O grande problema é quando os profetas do pânico levam consigo muita gente que não é nem virulenta, nem violenta, mas que acaba entrando no clima de replicar desinformações, disseminar raiva e ódio e incutir, em si mesmas, a descrença sobre a capacidade do Brasil de dar conta do recado.

Isso azedou o clima. Pela primeira vez em todas as copas, a principal preocupação do brasileiro não é se a nossa seleção irá ganhar ou perder a competição.

A campanha anticopa foi tão forte e, reconheçamos, tão eficiente que provocou algo estranho. Um clima esquisito se alastrou e, justo quando a Copa é no Brasil, até agora não apareceu aquela sensação que, por aqui, sempre foi equivalente à do Carnaval.

Se depender desses Panicopas (os profetas do pânico na Copa), essa será a mais triste de todas as copas.

“Hello!”: já fizemos uma copa antes

Até hoje, os países que recebem uma Copa tornam-se, por um ano, os maiores entusiastas do evento. Foi assim, inclusive, no Brasil, em 1950. Sediamos o mundial com muito menos condições do que temos agora.

Aquela Copa nos deixou três grandes legados. O primeiro foi o Maracanã, o maior estádio do mundo – que só ficou pronto faltando poucos dias para o início dos jogos.

O segundo, graças à derrota para o Uruguai (“El Maracanazo”), foi o eterno medo que muitos brasileiros têm de que as coisas saiam errado no final e de o Brasil dar vexame diante do mundo - o que Nélson Rodrigues apelidou de “complexo de vira-latas”,  a ideia de que o brasileiro nasceu para perder, para errar, para sofrer.

O terceiro legado, inestimável, foi a associação cada vez mais profunda entre o futebol e a imagem do país. O futebol continua sendo o principal cartão de visitas do Brasil – imbatível nesse aspecto.

O cartunista Henfil, quando foi à China, em 1977, foi recebido com sorrisos no rosto e com a única palavra que os chineses sabiam do Português: “Pelé” (está no livro “Henfil na China”, de 1978).

O valor dessa imagem para o Brasil, se for calculada em campanhas publicitárias para se gerar o mesmo efeito, vale uma centena de Maracanãs.

Desinformação #1: o dinheiro da Copa vai ser gasto em estádios e em jogos de futebol, e isso não é importante

O pior sobre a Copa é a desinformação. É da desinformação que se alimenta o festival de besteiras que são ditas contra a Copa.

Não conheço uma única pessoa que fale dos gastos da Copa e saiba dizer quanto isso custará para o Brasil. Ou, pelo menos, quanto custarão só os estádios. Ou que tenha visto uma planilha de gastos da copa.

A “Copa” vai consumir quase 26 bilhões de reais.

A construção de estádios (8 bi) é cerca de 30% desse valor.

Cerca de 70% dos gastos da Copa não são em estádios, mas em infraestrutura, serviços e formação de mão de obra.

Os gastos com mobilidade urbana praticamente empatam com o dos estádios.

O gastos em aeroportos (6,7 bi), somados ao que será investido pela iniciativa privada (2,8 bi até 2014) é maior que o gasto com estádios.

O ministério que teve o maior crescimento do volume de recursos, de 2012 para 2013, não foi o dos Esportes (que cuida da Copa), mas sim a Secretaria da Aviação Civil (que cuida de aeroportos).

Quase 2 bi serão gastos em segurança pública, formação de mão de obra e outros serviços.

Ou seja, o maior gasto da Copa não é em estádios. Quem acha o contrário está desinformado e, provavelmente, desinformando outras pessoas.

Desinformação #2: se deu mais atenção à Copa do que a questões mais importantes

Os atrasos nas obras pelo menos serviram para mostrar que a organização do evento não está isenta de problemas que afetam também outras áreas. De todo modo, não dá para se dizer que a organização da Copa teve mais colher de chá que outras áreas.

Certamente, os recursos a serem gastos em estádios seriam úteis a outras áreas. Mas se os problemas do Brasil pudessem ser resolvidos com 8 bi, já teriam sido.

Em 2013, os recursos destinados à educação e à saúde cresceram. Em 2014, vão crescer de novo.

Portanto, o Brasil não irá gastar menos com saúde e educação por causa da Copa. Ao contrário, vai gastar mais. Não por causa da Copa, mas independentemente dela.

No que se refere à segurança pública, também haverá mais recursos para a área. Aqui, uma das razões é, sim, a Copa.

Dados como esses estão disponíveis na proposta orçamentária enviada pelo Executivo e aprovada pelo Congresso (nas referências ao final está indicado onde encontrar mais detalhes). 

Se alguém quiser ajudar de verdade a melhorar a saúde e a educação do país, ao invés de protestar contra a Copa, o alvo certo é lutar pela aprovação do Plano Nacional de Educação, pelo cumprimento do piso salarial nacional dos professores, pela fixação de percentuais mais elevados e progressivos de financiamento público para a saúde e pela regulação mais firme sobre os planos de saúde.

Se quiserem lutar contra a corrupção, sugiro protestos em frente às instâncias do Poder Judiciário, que andam deixando prescrever crimes sem o devido julgamento, e rolezinhos diante das sedes do Ministério Público em alguns estados, que andam com as gavetas cheias de processos, sem dar a eles qualquer andamento.

Marchar em frente aos estádios, quebrar orelhões públicos e pichar veículos em concessionárias não tem nada a ver com lutar pela saúde e pela educação.

Os estádios, que foram malhados como Judas e tratados como ícones do desperdício, geraram, até a Copa das Confederações, 24,5 mil empregos diretos. Alto lá quando alguém falar que isso não é importante.

Será que o raciocínio contra os estádios vale para a também para a Praça da Apoteose e para todos os monumentos de Niemeyer? Vale para a estátua do Cristo Redentor? Vale para as igrejas de Ouro Preto e Mariana?

Havia coisas mais importantes a serem feitas no Brasil, antes desses monumentos extraordinários. Mas o que não foi feito de importante deixou de ser feito porque construíram o bondinho do Pão-de-Açúcar?

Até mesmo para o futebol, o jogo e o estádio são, para dizer a verdade, um detalhe menos importante. No fundo, estádios e jogos são apenas formas para se juntar as pessoas. Isso sim é muito importante. Mais do que alguns imaginam.

Desinformação #3: O Brasil não está preparado para sediar o mundial e vai passar vexame

Se o Brasil deu conta da Copa do Mundo em 1950, por que não daria conta agora?

Se realizou a Copa das Confederações no ano passado, por que não daria conta da Copa do Mundo?

Se recebeu muito mais gente na Jornada Mundial da Juventude, em uma só cidade, porque teria dificuldades para receber um evento com menos turistas, e espalhados em mais de uma cidade?

O Brasil não vai dar vexame, quando o assunto for segurança, nem diante da Alemanha, que se viu rendida quando dos atentados terroristas em Munique, nos Jogos Olímpicos de Verão de 1972; nem diante dos Estados Unidos, que sofreu atentados na Maratona Internacional de Boston, no ano passado.

O Brasil não vai dar vexame diante da Itália, quando o assunto for a maneira como tratamos estrangeiros, sejam eles europeus, americanos ou africanos.

O Brasil não vai dar vexame diante da Inglaterra e da França, quando o assunto for racismo no futebol. Ninguém vai jogar bananas para nenhum jogador, a não ser que haja um Panicopa no meio da torcida.

O Brasil não vai dar vexame diante da Rússia, quando o assunto for respeito à diversidade e combate à homofobia.

O Brasil não vai dar vexame diante de ninguém quando o assunto for manifestações populares, desde que os governadores de cada estado convençam seus comandantes da PM a usarem a inteligência antes do spray de pimenta e a evitar a farra das balas de borracha.

Podem ocorrer problemas? Podem. Certamente ocorrerão. Eles ocorrem todos os dias. Por que na Copa seria diferente? A grande questão não é se haverá problemas. É de que forma nós, brasileiros, iremos lidar com tais problemas.

Desinformação #4: os turistas estrangeiros estão com medo de vir ao Brasil

De tanto medo do Brasil, o turismo para o Brasil cresceu 5,6% em 2013, acima da média mundial. Foi um recorde histórico (a última maior marca havia sido em 2005).

Recebemos mais de 6 milhões de estrangeiros. Em 2014, só a Copa deve trazer meio milhão de pessoas.

De quebra, o Brasil ainda foi colocado em primeiro lugar entre os melhores países para se visitar em 2014, conforme o prestigiado guia turístico Lonely Planet (“Best in Travel 2014”, citado nas referências ao final).

Adivinhe qual uma das principais razões para a sugestão? Pois é, a Copa.


Desinformação #5: a Copa é uma forma de enganar o povo e desviá-lo de seus reais problemas

O Brasil tem de problemas que não foram causados e nem serão resolvidos pela Copa.

O Brasil tem futebol sem precisar, para isso, fazer uma copa do mundo. E a maioria assiste aos jogos da seleção sem ir a estádios.

Quem quiser torcer contra o Brasil que torça. Há quem não goste de futebol, é um direito a ser respeitado. Mas daí querer dar ares de “visão crítica” é piada.

Desinformação #6: muitas coisas não ficarão prontas antes da Copa, o que é um grave problema

É verdade, muitas coisas não ficarão prontas antes da Copa, mas isso não é um grave problema. Tem até um nome: chama-se “legado”.

Mas, além do legado em infraestrutura para o país, a Copa provocou um outro, imaterial, mas que pode fazer uma boa diferença.

Trata-se da medida provisória enviada por Dilma e aprovada pelo Congresso (entrará em vigor em abril deste ano), que limita o tempo de mandato de dirigentes esportivos.

A lei ainda obrigará as entidades (não apenas de futebol) a fazer o que nunca fizeram: prestar contas, em meios eletrônicos, sobre dados econômicos e financeiros, contratos, patrocínios, direitos de imagem e outros aspectos de gestão. Os atletas também terão direito a voto e participação na direção. Seria bom se o aclamado Barcelona, de Neymar, fizesse o mesmo.

Estresse de 2013 virou o jogo contra a Copa

Foi o estresse de 2013 que virou o jogo contra a Copa. Principalmente quando aos protestos se misturaram os críticos mascarados e os descarados.

Os mascarados acompanharam os protestos de perto e neles pegaram carona, quebrando e botando fogo. Os descarados ficaram bem de longe, noticiando o que não viam e nem ouviam; dando cartaz ao que não tinha cartaz; fingindo dublar a “voz das ruas”, enquanto as ruas hostilizavam as emissoras, os jornalões, as revistinhas e até as coitadas das bancas.

O fato é que um sentimento estranho tomou conta dos brasileiros. Diferentemente de outras copas, o que mais as pessoas querem hoje saber não é a data dos jogos, nem os grupos, nem a escalação dos times de cada seleção. 

A maioria quer saber se o país irá funcionar bem e se terá paz durante a competição. Estranho.

É quase um termômetro, ou um teste do grau de envenenamento a que uma pessoa está acometida. Pergunte a alguém sobre a Copa e ouça se ela fala dos jogos ou de algo que tenha a ver com medo. Assim se descobre se ela está empolgada ou se sentou em uma flecha envenenada deixada por um profeta do apocalipse.

Todo mundo em pânico: esse filme de comédia a gente já viu

Funciona assim: os profetas do pânico rogam uma praga e marcam a data para a tragédia acontecer. E esperam para ver o que acontece. Se algo “previsto” não acontece, não tem problema. A intenção era só disseminar o pânico e o baixo astral mesmo.

O que diziam os profetas do pânico sobre o Brasil em 2013?  Entre outras coisas:

Que estávamos à beira de um sério apagão elétrico.

Que o Brasil não conseguiria cumprir sua meta de inflação e nem de superávit primário.

Que o preço dos alimentos estava fora de controle.

Que não se conseguiria aprontar todos os estádios para a Copa das Confederações.

O apagão não veio e as termelétricas foram desligadas antes do previsto. A inflação ficou dentro da meta. A inflação de alimentos retrocedeu. Todos os estádios previstos para a Copa das Confederações foram entregues.

Essas foram as profecias de 2013. Todas furadas.

Cada ano tem suas previsões malditas mais badaladas. Em 2007 e 2008, a mesma turma do pânico dizia que o Brasil estava tendo uma grande epidemia de febre amarela. Acabou morrendo mais gente de overdose de vacina do que de febre amarela, graças aos profetas do pânico.

Em 2009 e 2010, os agourentos diziam que o Brasil não estava preparado para enfrentar a gripe aviária e nem a gripe “suína”, o H1N1. Segundo esses especialistas em catástrofes, os brasileiros não tinham competência nem estrutura para lidar com um problema daquele tamanho. Soa parecido com o discurso anticopa, não?

O cataclismo do H1N1 seria gravíssimo. Os videntes falavam aos quatro cantos que não se poderia pegar ônibus, metrô ou trem, tal o contágio. Não se poderia ir à escola, ao trabalho, ao supermercado. Resultado? Não houve epidemia de coisa alguma.

Mas os profetas do pânico não se dão por vencidos. Eles são insistentes (e chatos também). Quando uma de suas profecias furadas não acontece, eles simplesmente adiam a data do juízo final, ou trocam de praga.

Agora, atenção todos, o próximo fim do mundo é a Copa. “Imagina na Copa” é o slogan. E há muita gente boa que não só reproduz tal slogan como perde seu tempo e sua paciência acreditando nisso, pela enésima vez.

Para enfrentar o pessoal que é ruim da cabeça ou doente do pé

O pânico é a bomba criada pelos covardes e pulhas para abater os incautos, os ingênuos e os desinformados.

Só existe um antídoto para se enfrentar os profetas do pânico. É combater a desinformação com dados, argumentos e, sobretudo, bom senso, a principal vítima da campanha contra a Copa.

Informação é para ser usada. É para se fazer o enfrentamento do debate. Na escola, no trabalho, na família, na mesa de bar.

É preciso que cada um seja mais veemente, mais incisivo e mais altivo que os profetas do pânico. Eles gostam de falar grosso? Vamos ver como se comportam se forem jogados contra a parede, desmascarados por uma informação que desmonta sua desinformação.

As pessoas precisam tomar consciência de que deixar uma informação errada e uma opinião maldosa se disseminar é como jogar lixo na rua.

Deixar envenenar o ambiente não é um bom caminho para melhorar o país.

A essa altura do campeonato, faltando poucos meses para a abertura do evento, já não se trata mais de Fifa. É do Brasil que estamos falando.

É claro que as informações deste texto só fazem sentido para aqueles para quem as palavras “Brasil” e “brasileiros” significam alguma coisa.

Há quem por aqui nasceu, mas não nutre qualquer sentimento nacional, qualquer brasilidade; sequer acreditam que isso existe. Paciência. São os que pensam diferente que têm que mostrar que isso existe sim.

Ter orgulho do país e torcer para que as coisas deem certo não deve ser confundido com compactuar com as mazelas que persistem e precisam ser superadas. É simplesmente tentar colocar cada coisa em seu lugar.

Uma das maneiras de se colocar as coisas no lugar é desmascarar oportunistas que querem usar da pregação anticopa para atingir objetivos que nunca foram o de melhorar o país.

O pior dessa campanha fúnebre não é a tentativa de se desmoralizar governos, mas a tentativa de desmoralizar o Brasil.

É preciso enfrentar, confrontar e vencer esse debate. É preciso mostrar que esse pessoal que é profeta do pânico é ruim da cabeça ou doente do pé.

(*) Antonio Lassance é doutor em Ciência Política e torcedor da Seleção Brasileira de Futebol desde sempre.

Mais sobre o assunto:

A Controladoria Geral da União atualiza a planilha com todos os gastos previstos para a Copa, os já realizados e os por realizar, em seu portal:

Os dados do orçamento da União estão disponíveis na proposta orçamentária enviada pelo Executivo e aprovada pelo Congresso. 

O “Best in Travel 2014”, da Lonely Planet, pode ser conferido aqui.

Sobre copa e anticopa, vale a pena ler o texto do Flávio Aguiar, “Copa e anti-copa”, aqui na Carta Maior:

Sobre o catastrofismo, também do Flávio Aguiar: “Reveses e contrariedades para a direita”, na Carta Maior.

Sobre os protestos de junho e a estratégia da mídia, leiam o texto do prof. Emir Sader, "Primeiras reflexões".

Por mais que encaminhem projetos de inclusão social ainda falta aos governantes coragem para demonstrar esse pretenso avanço.

Resgato da internet parte da entrevista do ministro do TST Carlos Alberto Reis de Paula que, além de tratar sobre questões do judiciário, foi questionado sobre a questão racial na magistratura brasileira. Manifestou seu alerta aos negros brasileiros acreditarem que podem ocupar grandes cargos. Respeitosamente, deveria dirigir seu aviso, aproveitando-se do importante cargo que ocupa, aos gestores políticos deste País e a sociedade. 
Sua afirmativa sobre o aumento de negros na magistratura também é muito frágil, já que o exemplo citado, Joaquim Barbosa, ocupa o cargo por ter sido indicado ao STF, pelo presidente Lula que desejava um negro naquela corte.
É fácil concluir de que não basta o negro acreditar estar capacitado para atuar em altos cargos da república. É necessário que aqueles que fazem nomeações e indicações para cargos políticos (que acabam decidindo a vida das pessoas) tenham a consciência de que existem negros brasileiros capazes de executarem bem funções de ponta.
A inclusão dos negros em cargos de decisão não pode ficar restrita apenas a concursos públicos, num país com tantas desigualdades para a formação superior. As decisões que afetam a vida das pessoas, predominantemente, são políticas. E os cargos políticos ocorrem, na maioria, por indicação, onde não é retratada a miscigenação brasileira. 
Hoje o que se vê (no primeiro, segundo e terceiro escalões) são indicações que preservam o perfil dominante da sociedade. Raras são as indicações de negros para postos de destaque. Por mais que encaminhem projetos de inclusão social ainda falta aos governantes coragem para demonstrar esse pretenso avanço, já que suas indicações não retratam a maioria da população deste País.
Alguém pode indicar um negro no primeiro escalão governamental falando em nome do Brasil ou representando o povo brasileiro em evento internacional? Não pode ser da pequena e orçamentariamente pobre SEPPIR - Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial?Quem sabe em alguma Unidade da Federação, representando-a em Brasília em despacho com a Presidenta? Ou, pode ser, um Secretário Municipal conversando com o governador do Estado?
 
 
A democracia racial retratada pelo governo americano é muito mais real do que a composição dos governos brasileiros. Antes de Obama já haviam sido nomeados secretários de estado tais como Colin Powell e Condoleezza Rice.


 
 Parte de entrevista publicado na internet pelo site Justiça em Foco, 23/01/14.
O senhor é um dos poucos representantes negros da magistratura brasileira. Como avalia sua carreira sob esse aspecto?
Ministro Carlos Alberto Reis de Paula - Se olharmos hoje para a presença do negro no judiciário, tem aumentado. Quando eu entrei, era muito reduzida. Eu fui o primeiro ministro negro nomeado em grau superior. Hoje, temos o STF presidido pelo Joaquim Barbosa. As coisas mudaram. Qual o sentido disso? Tem valor histórico, mas tem também um motivo para reflexão. A sociedade brasileira tem que criar oportunidades para que todos os seus segmentos representativos estejam presentes nos âmbitos politico, social e econômico. Para que todos os negros possam acreditar que é possível ocupar grandes cargos de representatividade na sociedade brasileira. Ações afirmativas são tão importantes que a própria Constituição prevê seu uso. O que se busca com ação afirmativa é uma melhor qualificação, para que se haja uma igualdade de oportunidades entre os indivíduos.

Os jovens que tanto motivos alegam para exigir respeito a seus direitos não podem acreditar que, por serem jovens, estão livres para atropelar a ordem que beneficia a todos. Pouco importa se em ricos shoppings ou em bailes funk.

A hipocrisia esta tomando conta de nossas mentes. A coragem de pensar e de manifestar uma posição sobre algumas questões tem constrangido nossos ouvidos. Para mim, a grande piada do momento, de forma direcionada, é a desculpa de que os chamados "rolezinhos" são uma manifestação dos jovens pobres ante a existência, não tão nova, dos shoppings frequentados, predominantemente, pela minoria abastada deste país e, em especial, por pessoas da raça branca.
 
Alguém acredita que o governo e a sociedade irão melhorar a periferia porque os "rolés" acabarão com a discriminação e o preconceito dedicado aos mais pobres? Os desafortunados (sem mesada)  e a maioria dos negros brasileiros sempre foram vistos "com muito cuidado" por alguns frequentadores, comerciantes e seguranças de shoppings. Agora então, a partir dessas "bagunças" passarão, como nunca, a serem ainda mais acompanhados.
 
Correria, socos, chutes e saques nunca foi manifestação popular. Até porque as pessoas não são tão valentes assim: escondem-se umas atrás das outras e no anonimato. Ao primeiro revés choram, gritam, pedem socorro e ainda vão reclamar do SUS.
 
Alguns "maquiavélicos" (inteligentes e maldosos) afirmam que os "rolezinhos" não devem ser proibidos. Os jovens, que tanto motivos alegam para exigir respeito a seus direitos, não podem acreditar que, por serem jovens, estão livres para atropelar a ordem que beneficia a todos. Pouco importa se em ricos shoppings ou em bailes funk.
 
Curioso que temos ouvidos essa defesa de gente da direita, da esquerda, do judiciário, da OAB... Gostaria de saber porque este povo não se une para realizar mutirões e ações governamentais que dignifiquem bairros e vilas estruturando-os com quadras esportivos, eventos culturais e sociais, postos de saúde, escolas e tantas outras alternativas que mudariam a vida da maioria dos jovens desocupados.

É que na prática sabem que a polícia, e até a segurança privada, no cassetete, irá resolver a questão até que a moda termine. Ai voltamos aquela discussão estéril que dá lucro: temos que mudar a polícia.