Para encerrar o ano...Quem sabe carreira única

Provado esta que a polícia civil é comandada exclusivamente por delegados de polícia. Pensada e organizada por eles,e, principalmente, garantindo-lhes benefícios mais vantajosos do que o disponibilizado aos demais membros da corporação.

Este poder exclusivo e, até certo ponto, exacerbado fez com que perdessem o instituto do "mandado de busca e apreensão".

Em seguida, perderam o comando do DETRAN em razão da forma desastrada e equivocada como eram administrados.

Mais adiante, por motivos semelhantes, oportunizaram que os serviços periciais fossem sacados da polícia civil. Uma distorção prejudicial a investigação mas justificavel pela forma como tratavam aquele serviço e seus profissionais.

Embretaram-se na cofecção do "inquérito policial", especializando-o em despachos inúteis e burocráticos. Esqueceram-se, definitivamente, da investigação policial.

Não bastasse todos esses equívocos, avaliados aos olhos de um agente de polícia, lógico, esvaziaram as delegacias distritais que não têm conhecimento dos crimes, dos criminosos e das quadrilhas que estão estabelecidas em sua área de atuação. Atuam as cegas e não se integram à comunidade.

Acreditam ter se profissionalizado a partir da criação de delegacias especializadas. Neste campo a imaginação é muito fértil. Cria-se a todo momento uma delegacia especializada composta por policiais "não especializados" e, em muitos casos, retirados de uma delegacia para compor a nova equipe.

Nas corporações policiais civis predomina o "delegadismo" agora alimentado pela auto-exclusão do quadro policial para ingresso no quadro de "carreiras jurídicas."

E, como derradeiro, ao sairem da "parca formação" que recebem, se instalam nas delegacias "fazendo caras e bocas" de conhecedores da ação. Não têm a humildade de reconhecer que não sabem administrar uma delegacia e muito menos investigar. Muitos continuam estudando para, logo logo, estarem noutra profissão, já que grande parte não têm vocação para ser policial.

Nunca fui muito apaixonado pela tema "carreira única". Mas a partir dos argumentos que tenho ouvido dos agentes da polícia federal acredito que os policiais civis deveriam ingressar nessa luta. Só uma carreira única policial, com uma hierarquia horizontal, permitirá que os melhores policiais comandem as políciais e estejam respondendo por atividades tão vitais para a sociedade.

Acredito ter chegado a hora de pensarmos uma polícia nova a partir da inteligência produzido no âmbito policial. Nao acredito que ficar uma carreira inteira precisando ser "amigo" de delegado é indicativo suficiente para que qualquer individuo possa se sentir um bom policial.

Poderá a carreira única criar uma nova polícia?

O Risco do Desencanto

Após uma luta árdua para eleger o governador do Rio Grande do Sul a maioria dos agentes de polícia, filiados ao partido dos trabalhadores, simpatizantes ou que por algum motivo “nobre” acreditavam na força da legenda para enfrentar a “velha e eterna” geração da “gratificação de permanência - GP” e das “substituições” já se preparam para a passagem de mais um governo refém dos delegados de quarta classe que há três ou quatro décadas comandam a polícia civil.
A Gratificação de Permanência que deveria ser usada como medida excepcional para atender aos interesses do Estado é concedida sem a observância legal visando apenas beneficiar os “donos da polícia”. A crueldade do benefício oferta a qualquer delegado de polícia o percentual de trinta e cinco por cento sobre seus vencimentos o que, na maioria das vezes, representa muito mais do que o salário de um agente de polícia. Este se desejar receber o mesmo benefício ele não representará mais do que duzentos ou trezentos reais. Enquanto isso delegados recebem de dois mil a três mil e quinhentos reais.
Acrescido a GP somam-se mais duas substituições que acaba elevando o salário das “autoridades”, de forma artificial e injustificável, em mais de cinco mil reais. Ora, convenhamos: desumano imaginar que algum deles, terceira ou quarta classes, irá pedir para ir embora. Ao contrário, estacionam em suas casamatas, delegacias, regionais, divisões e departamentos, e dali, respaldados legitimamente por sua corporativa entidade de classe, “abatem” qualquer pretensão de renovação.
Não há promoção, não há reconhecimento de mérito, não há justiça, não há respeito institucional, não há nada. Prevalece os interesses daqueles que há décadas se apoderaram do poder do estado e ali pretendem encerrar a vida quando da aposentadoria compulsória ou quando não puderem mais se locomover da casa para o trabalho.
Enquanto isso os agentes de polícia constrangidos pela “miserável hierarquia e disciplina” aposentam-se as pencas porque não suportam a falta de respeito, a falta de direitos, o desconhecimento e a humilhação a que estão submetidos em toda sua carreira funcional. Não existe agente de polícia com ilibada conduta funcional que consiga sobreviver um tempo maior do que aquele exigido para a aposentadoria. Atingido esse momento correm para uma atividade que lhe possa complementar o salário ridículo que leva para aposentadoria depois de tanta dedicação ao Estado e a comunidade.
O próximo período governamental, possivelmente, não se caracterizará por enfrentamentos necessários. Em sendo assim, frustram-se os agentes policiais porque, mais uma vez, terão que se contentar com “migalhas salariais ou remendos legislativos” que lhes serão ofertados como principio de uma recuperação de dignidade que nunca chega ou chegará. Aculturam-se os cidadãos gaúchos em acreditar que seus policiais não merecem tratamento digno para que possam prestar um serviço mais eficaz.
Objetiva o futuro governador evitar confrontos desnecessários. Evitará que se criem falsas vítimas nas corporações policiais. Enquanto isso os agentes de polícia que são tratados como descartáveis continuarão a não ser ouvidos e a não receberem o respeito interno de seus pares que apenas se beneficiam com o seu trabalho escravo. Apenas recebem exigências e desrespeito para executarem uma obra que os próprios gestores, na maioria dos casos, não faz e não sabem nem comandar.
Quem viver verá. O desencanto propiciado por quem imaginávamos poderia encantar se torna mais cruel.

E agora? A Polícia é boa ou má?

02/12/2010 - Nove em cada dez brasileiros têm medo de assassinato

Pesquisa do Ipea traz ainda percepção dos brasileiros sobre confiança na polícia e sobre serviços prestados pelos policiais

Estudo divulgado pelo Ipea revela que cerca de noventa por cento dos brasileiros têm medo de sofrer crimes como homicídio, assalto a mão armada e arrombamento de residência e o medo de agressão física chega a 70%. Os números são do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) sobre Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira, 2, em Brasília.

O medo da violência, em geral, é maior na região Nordeste, onde o percentual de entrevistados com muito medo de assassinato é de 85,8%, contra 78,4% no Norte e no Sudeste, 75% no Centro-Oeste e 69,9% no Sul. Segundo o técnico de Planejamento e Pesquisa Almir de Oliveira Junior, responsável pelo estudo, os números refletem as taxas de homicídios, que são menores no Sul.

Segundo Almir, o medo de homicídio também é maior entre as mulheres e entre aqueles que não foram vítimas de algum tipo de crime nos últimos 12 meses. Quanto ao medo arrombamento de residência, os valores são menores na classe média. “O medo é maior entre a população de renda mais baixa, que tem condições mais precárias de moradia, e de renda mais alta, que mora em locais mais visados”, explicou.

Confiança

Os dados mostram que a Polícia Federal conta com maior confiança da população: cerca de 85% confiam ao menos um pouco nessa polícia. As Polícias Civil e Militar têm cerca de 74% e 72% de confiança, enquanto as guardas municipais registram 68%. “Esses números variam muito pouco por sexo, escolaridade e renda. A variação mais significativa é por idade: os mais jovens confiam menos nas organizações de segurança pública”, afirmou Almir.

Sobre a atuação policial, os números mostram que a maior parte da população acha que a polícia não atende a emergências de forma rápida, não registra as ocorrências e nem realiza as investigações de forma eficiente, não aborda as pessoas de forma respeitosa, não é competente, não respeita os direitos do cidadão e é preconceituosa. Em geral, a avaliação é melhor entre os indivíduos com menor escolaridade e com maior idade.

Entre os que já tiveram contato com a polícia, a maioria considera que o serviço foi ótimo, bom ou regular. Apenas cerca de 27% o consideraram ruim ou péssimo. Sobre problemas ocorridos no contato com os policiais, 5,8% dos entrevistados que tiveram contato com a polícia disseram ter sido ameaçados, 10,8% ter sido ofendidos verbalmente; 3,4% ter sido agredidos e 4,1% ter sido extorquidos.

SIPS

O sistema de indicadores permite ao setor público estruturar as suas ações para uma atuação mais efetiva, de acordo com as demandas da população brasileira. As primeiras edições foram sobre justiça e cultura. Ainda serão lançadas avaliações sobre gênero; bancos; mobilidade urbana; saúde; educação; e qualificação para o trabalho.