Bolsa Formação sempre foi um programa de transferência de renda.

Transcrito do Blog Abordagem Policial

"Após o corte de gastos realizado pelo Governo Federal no Programa Nacional de Segurança com Cidadania, o PRONASCI, uma notícia vem tornar ainda mais polêmica a gestão do Programa: segundo noticia o jornal Correio Braziliense, o Ministério da Justiça pretende cobrar de parte dos profissionais de segurança pública o ressarcimento aos cofres públicos dos valores recebidos do benefício Bolsa Formação, cerca de R$440,00 concedidos àqueles policiais que realizaram cursos promovidos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, a SENASP.
Segundo o MJ, parte dos policiais receberam a Bolsa sem se enquadrar nos parâmetros estabelecidos (receber menos de R$1,7 mil brutos, não ter sido punido em processo disciplinar etc). Segue a publicação do Correio Braziliense:
Falhas em cursos de capacitação dão prejuízo de R$ 5 milhões ao governoO projeto Bolsa-Formação do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), carro-chefe do governo federal no combate à violência, repassou indevidamente recursos a cerca de 3 mil profissionais em todo o país. Policiais, bombeiros, agentes penitenciários e peritos receberam o benefício mensal de R$ 443 como incentivo para fazerem cursos virtuais de capacitação, mesmo sem atender às condicionalidades impostas pelo projeto — como o teto salarial de R$ 1,7 mil ou estar em atividade na área da segurança. A quantia embolsada ilegalmente entre 2008 e 2011 chega a R$ 5 milhões — valor que agora o Ministério da Justiça, gestor do Pronasci, tenta receber de volta.

Ofícios começaram a ser expedidos neste mês aos profissionais solicitando a devolução dos recursos repassados indevidamente. Eles terão 60 dias para questionar a cobrança. Se decidirem quitar os débitos, poderão parcelar. Caso se recusem a ressarcir os cofres públicos, serão acionados judicialmente, via Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. A secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Mikki, não acredita que será preciso chegar a tal ponto. “Creio que, na maior parte dos casos, os profissionais receberam de boa-fé, achando que poderiam receber. Pode ser um policial que tenha morrido, por exemplo. Essa família vai ser convidada a devolver o que foi repassado”, diz.
É bom que o Ministério da Justiça se preocupe, então, em apurar quem foram os responsáveis por conceder benefícios fora dos critérios estabelecidos. Geralmente, os beneficiários apenas requisitam a Bolsa, sendo esta aprovada ou não conforme apuração do governo. Agora, que os policiais gastaram os recursos, vem se falar em restituição. Curioso modo do governo injetar recursos no PRONASCI…"

Comentário: triste fim do Pronasci. Pior, da tão festejada bolsa formação. Muito mais do que um programa de capacitação sempre foi de transferência de renda, para complementar o baixíssimo salário dos beneficiados. Havia controle na corporação policial, na Secretaria de Segurança Estadual e na Senasp. Restou aos policiais a culpa de ter recebido ilegalmente. Será? E aqueles que recebiam altíssimos salários para realizar o efetivo controle serão responsabilizados ou apenas lavarão as mãos?

A inaptidão de governos e gestores para estruturar os serviços policiais

Surpreende as manchetes que especialistas e governantes produzem ao acusar a baixa resolução dos crimes ocorridos em nossas cidades, principalmente homicídios. Não sei se poderia classificá-los como maldosos ou espertos haja vista acreditar que deveriam estar falando com seriedade e buscando alternativas para o efetivo enfrentamento do problema.

Nenhuma polícia civil brasileira têm seus quadros de pessoal contemplados com o número necessário de policiais. Não conseguem identificar e capacitar servidores que tenham vocação para a realização de investigação. Função de vital importância para a elucidade de crimes hoje executada por um número insuficiente de servidores que não recebem instrução e não dispõem de equipamentos que auxiliem na execução do trabalho.

A Secretaria Nacional e o Ministério da Justiça, sem vocação para a articulação nacional dos serviços policiais, exaurem suas ações em repasses insuficientes e treinamentos que não contemplam os servidores de ponta encarregados da investigação.    

Os governantes além de não conseguirem pagar um salário digno para esses servidores também não estruturam a corporação policial civil com o número necessário de profissionais. Os quadros dessas corporações tem, quando não menos, o mesmo número de policiais que tinham há dez anos passados.  
Juizes e promotores que conhecem esta realidade, ao invés de pressionarem os governantes para que completem os quadros das corporações, se satisfazem em denunciar a falta de resolução dos crimes, como se tal fato decorresse da simples vontade dos policiais. Delegacias com meia dúzia de servidores, muitos com mais de vinte anos de atividade, desestruturadas e atuando como balcão de registro de ocorrências por não poder criar equipes de investigadores.
Para tentar mostrar a população de que algo esta sendo feito jogam na mídia discussões sobre  alternativas que não enfrentam a verdadeira questão. Unificação, integração, ciclo completo e por aí vai. Ano após ano as mesmas promessas e nenhuma ação efetiva que encaminhe solução aos reais problemas.

Salários dignos, capacitação permanente, acompanhamento psicológico, delegacias sem  presos e limpas, corregedoria comprometida com a depuração da corporação, equipamentos modernos que auxiliem na investigação, dentre outros. O que se vê é uma total inaptidão e descompromisso de gestores públicos com a polícia e, consequentemente, com a segurança da população.



"Descriminalizar, ou seja, tirar da justiça criminal, não tem nada a ver com legalizar"

"Comissão: só o governo não entende a descriminalização das drogas
20 de março de 2012 - Giuliander Carpes - Rio de Janeiro - Site Terra 

".....A guerra contra as drogas fracassou. Todo mundo sabe disso, mas pouco se faz para mudar isso", diz Ilona Szabó de Carvalho. Ela é membro do secretariado da Comissão Global de Políticas sobre Drogas, que conta com lobby de vários líderes mundiais, como o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, para dialogar com a ONU. Tem informações sobre como cada país tem enfrentado a questão. Carioca, olha de forma pessimista a posição brasileira, que não tem discutido muitas saídas legislativas para a questão do tráfico que vão além da repressão. "Só que o governo não entendeu ainda que descriminalizar, ou seja, tirar da justiça criminal, não tem nada a ver com legalizar", ressalta ela. Em entrevista concedida ao Terra, a especialista prega que o país abra os olhos e trate de regular o consumo para tentar mexer com a lógica do crime organizado. Acompanhe a seguir os principais trechos da entrevista com Ilona, especialista, com formação em Estudos Internacionais pela Universidade de Upsalla, na Suécia, e desenvolvimento Internacional pela Universidade de Oslo, na Noruega.
Terra - Como você vê o tratamento da questão da droga no Brasil em comparação aos outros países?
Ilona Szabó de Carvalho - Eu gosto sempre de botar a questão em perspectiva: estamos muito atrasados no Brasil. O país está despontando em várias áreas, mas nessa das drogas estamos atrasados no debate, no tratamento e no entendimento do tema. Em relação ao usuário, tem de ser tratado como uma questão de saúde pública. Só que o governo não entendeu ainda que descriminalizar, ou seja, tirar da justiça criminal, não tem nada a ver com legalizar. Não há aproximação com o usuário. A polícia está no meio do caminho, então como é que alguém vai procurar ajuda se isso ainda é um problema na justiça criminal? Por que saúde pública? Porque ela tem uma visão integral do tema. A repressiva é uma visão unilateral. Esse é um problema que tem questões pessoais, genéticas, socioeconômicas, emocionais. Como é que você vai lidar com tudo isso com repressão? A maneira como a gente está lidando com o uso na lei tem de mudar. Senão os esforços dessa abordagem digamos curativa não serão bem sucedidos.
Terra - Qual o foi maior problema da atuação na Cracolândia, em São Paulo, recentemente?
Ilona - Primeiro, que são usuários. Para você restringir pessoas de liberdade, a responsabilidade é muito grande. Ou realmente elas são criminosas e causam ameaça ou estão apenas causando ameaças à própria vida. Nesse caso, qual o tratamento que vai ser usado? Eu não sei. Qual é o plano depois? Quanto tempo vão ficar com essa pessoa lá? Vão devolver para onde? Qual é a responsabilidade do Estado? Uma vez que você toma essa responsabilidade para si, tem que resolver. Eu não tenho informação que o governo do Estado resolveu. A informação que chega é que não estão resolvendo. Simplesmente estão tirando de um lugar e passando para outro e prendendo quando não tem que prender. O Brasil tem capacidade de buscar as melhores práticas internacionais. Desconheço que tenha feito isso, não sei de qualquer protocolo. Porque não acho que a gente pensou em nenhum desses pontos ainda. Governo tem de intervir sim, mas de forma mais inteligente. Entender que tem questões na lei e que precisa buscar respostas muito mais de longo prazo e no sentido de comprometimento, não de dinheiro. Porque é sempre muito mais barato tratar do que prender. Não só pelo preço da pessoa ficar presa, mas também pelo custo social de manter uma mãe ou um pai de família preso.
Terra - A repressão traz à tona outra questão que é a superlotação dos presídios. O que fazer?
Ilona - Isso é gravíssimo. Não só para o usuário ou pequeno traficante. Porque é muito diferente de um crime de uma pessoa que estava armada. A gente não tem nem qualidade para colocar o pior homicida. Porque a pessoa pode ter cometido o pior crime, mas tem de ter tratamento digno e humano. A gente não está mais no século passado. A pessoa tem que pagar pelo crime, mas não tem que sobreviver sob condições desumanas. Porque você não devolve ninguém para a sociedade dessa maneira. Com o tratamento dispensado em nossas prisões, a gente só vai criando monstros. Quando eles ficam soltos, a gente está pagando novamente o preço. A gente tem que entender que a máxima bandido bom é bandido morto está ultrapassada. E desse ponto de vista, se já não está à altura do pior homicida, imagina para o usuário ou o pequeno traficante com menor potencial ofensivo. Se eu estivesse no sistema judiciário, me recusaria a prender pessoas que não são perigosas numa situação degradante como a dos nossos presídios. Porque eu tenho certeza que um juiz e um promotor sabem que a pessoa vai sair pior do que entrou ali dentro. A gente na verdade alimenta e realimenta os nossos ciclos de violência e nossas escolas de crime. A guerra contra as drogas fracassou. Precisamos de outras alternativas. A mensuração dessa guerra às drogas é muito errada. A gente mede o número de apreensões, erradicação do cultivo, prisões, isso tudo são processos. Nada se está medindo sobre o resultado. A gente só está exacerbando uma política muito errada, preconceituosa, que alimenta todo um ciclo vicioso de corrupção, extorsão, violência, preconceito. A gente tem que interromper isso por algum ponto. A descriminalização do usuário é o primeiro.
Terra - Há uma comissão especial no Senado que discute um Novo Código Penal. A tendência me parece o endurecimento das penas para alguns crimes. A senhora sabe como vai ficar a questão das drogas?
Ilona - A gente teve uma sinalização. Quando a lei foi mudada em 2006 e houve a divisão entre usuário e traficante, embora não tenha sido especificadas quantidades para definir um e outro, a pena mínima do tráfico passou de três para cinco anos. Houve um endurecimento e vimos que foi muito contraproducente. Aumentou muito o número de presos com baixo poder ofensivo. Então acredito que não vai se endurecer nessa nova frente porque já se cometeu esse erro. Acredito que essa posição pode estar mudando. A gente testou o modelo pior, viu um aumento expressivo no número de prisões e não resolveu absolutamente nada do problema. Só aumentou a superlotação e o custo social dos presos.
Terra - Descriminalizar o usuário seria o início, mas você propõe ir mais adiante. Quais seriam os próximos passos?
Ilona - Legalizar traz uma conotação de liberou geral. Nenhuma droga lícita ou ilícita é liberada geral. São legais sim, mas elas são reguladas. Não acredito em mercado de drogas legal sem uma regulamentação muito forte. Por que que a gente fala que descriminalizar é o primeiro passo? Porque quando a gente fala em descriminalização, estamos abrindo toda a luz para a parte da saúde - tratamento, prevenção, redução de danos. Mas, se pararmos por aí, vamos resolver apenas uma pequena parte do problema e não mexer na cadeia como um todo. A gente acredita que para enfraquecer o crime organizado é preciso mexer no negócio. É um mercado de oferta e demanda. A gente precisa ensinar nossa sociedade a lidar melhor com a questão. Drogas sempre existiram, sempre existirão. Boa parte da sociedade tem uma relação com as drogas e não assume. O que a gente quer? Primeiro o pragmatismo de saber o que funciona e o que não funciona. A gente já tem ideia do que não funciona. Depois, nos permitir a testar políticas que tirem esse mercado ilícito perigoso da mão do crime organizado e tentem trazer para um mercado regulado onde o foco vai ser sempre na saúde dos usuários.
Por que começar pela maconha?
Ilona - Como a gente sabe o potencial ofensivo de algumas drogas melhor que o de outras, a gente começaria obviamente por algo que a gente pode afirmar através de estudos suficientes. A regulação da maconha nos ofereceria uma série de novas ideias e soluções potenciais para problemas que temos hoje. Temos de pensar em sermos honestos. A gente tem uma relação desonesta com a questão das drogas que gera impactos maiores para uns e menores para outros, mas impactos para todos nós. A partir da descriminalização do consumo, vem uma série de questões. Por exemplo, a regulamentação da maconha medicinal. Nos EUA, 16 Estados já têm isso legalizado. Um remédio que tem muito menos contraindicação para várias enfermidades. Outros países optaram por liberar o cultivo pessoal para consumo próprio. Há modelos para olhar. O que a gente gostaria é que o Brasil encontrasse um modelo próprio e tentasse diminuir a ilegalidade de um mercado que é grande aqui e os riscos para a juventude. Que eles possam decidir o que é correto ou não para si. Eu pessoalmente acredito que não há outra saída. A gente pode demorar a chegar lá, mas é um caminho que vamos ter de enfrentar."

Blog: quem sabe uma leitura nas observaçoes constantes nesta entrevista. Muita lucidez que a maioria das pessoas não consegue ter, ou pelo desconhecimento do tema ou por acreditar que o encarceramento vai resolver alguma coisa em nossa sociedade. Enquanto isto os gestores governamentais "batem cabeça sem perceber que não mudarão nada a não ser consumir dinheiro público de forma equivocada."      

"Hoje, o salário básico de um professor com ensino médio no Rio Grande do Sul é de cerca de R$ 800 - o mais baixo do País".

Secretário do RS critica lei do piso: quem defende é irresponsável
09 de março de 2012

"Após uma decisão da Justiça gaúcha ter determinado que o governo do Rio Grande do Sul deve cumprir com o piso nacional do magistério, o secretário estadual da Educação, professor Jose Clovis de Azevedo, criticou em entrevista ao Terra a lei da forma como ela vigora atualmente: com reajustes baseados no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). "Eu acho que todo o agente público deve ser republicano, pensar a longo prazo e dar sustentabilidade aos seus projetos. O piso da forma como está não é real, é insustentável. Quem defende esse modelo não é responsável", disse o secretário ao criticar os parlamentares que são contra a alteração na fórmula de cálculo do reajuste....."

"...Hoje, o salário básico de um professor com ensino médio no Rio Grande do Sul é de cerca de R$ 800 - o mais baixo do País. O sindicato da categoria (Cpers) cobra os R$ 1.451,00 propostos pelo Ministério da Educação com o reajuste de 22% do Fundeb este ano. Segundo estimativa do secretário estadual, o impacto para as contas públicas seria de R$ 3 bilhões. "Não tem como o poder público sustentar um aumento anual desproporcional ao andamento da economia. Isso não é real, não é viável", afirma."

"...Azevedo também defende o governador Tarso Genro (PT), que assinou a lei do piso em 2008, quando fazia parte do ministério do governo Luiz Inácio Lula da Silva. "Essa proposta de reajuste pelo Fundeb surgiu no Congresso, não era uma proposta do governo. O MEC apresentou um projeto para mudar isso depois, mas ele ainda não foi aprovado", disse ao destacar que a "promessa de campanha" de Tarso ao defender o piso sempre foi feita com base no reajuste pela inflação."

"Segundo o secretário, na quarta-feira foi feita uma reunião entre o governo do Estado e a bancada federal para tratar da aprovação desse projeto no Congresso. "Tem uma grande ação política, que transcende ao meu papel, no sentido de viabilizar o piso. (...) Acredito que vai haver uma sensibilidade de todos para essa mudança (na forma de reajuste) que vai beneficiar os professores. De que adianta uma lei que os Estados não podem cumprir?", questiona."

Blog: constrangedora, definição respeitosa, a negativa e os argumentos usados pelo secretário.  Até onde irão negando os antigos comemorados avanços?  

Existe a certeza de que muitos merecem um "pontapé no traseiro"

Comissão libera bebidas na Copa e confirma meia-entrada para idosos
06 de março de 2012 17h50 - Site Terra - Laryssa Borges

"Por 15 votos a nove, a Comissão Especial que discute a Lei Geral da Copa do Mundo aprovou nesta terça-feira o direito de comercialização e consumo de bebidas alcoólicas, incluindo os estádios de futebol, durante o Mundial de 2014. A restrição imposta pelos parlamentares é que as bebidas sejam vendidas e consumidas exclusivamente em recipientes de plástico. Conforme o texto aprovado nesta tarde, as bebidas alcoólicas, que não se limitam apenas à cerveja, também poderão ser vendidas, por exemplo, nos centros de treinamento e centro de mídia tanto no campeonato de 2014 quanto na Copa das Confederações, um ano antes."

Confira as demais regras aprovadas para a Copa do Mundo de 2014:
Feriados
Os deputados aprovaram que, durante a Copa de 2014, a União poderá declarar como feriados nacionais os dias em que houver jogos da Seleção Brasileira, sendo que as férias escolares decorrentes do fim das atividades letivas do primeiro semestre de 2014 deverão abranger todo o período entre a abertura e o encerramento da Copa do Mundo.
Responsabilidade da União
Pelo texto aprovado nesta terça na Comissão Especial, a responsabilidade civil da União se resume aos danos que ela causar "por ação ou omissão" à Fifa. Versões anteriores do documento previam que a União deveria arcar com quaisquer problemas "independentemente de culpa", o que poderia abrir espaço para que desastres naturais, como enchentes ou atos de terrorismo fossem interpretados como responsabilidade do Estado brasileiro.
Vistos e hooligans
A Comissão Especial que discutiu a Lei Geral da Copa também aprovou a concessão de vistos gratuitos a torcedores e profissionais que virão ao Brasil para o Mundial de 2014. No entanto, os documentos de entrada no País poderão ser negados, por exemplo, a torcedores de comportamento destrutivo, como os hooligans. O Estatuto do Estrangeiro, formalizado pela lei 6815, de 1980, autoriza a rejeição à entrada de estrangeiros considerados "nocivos à ordem pública".
Benefícios a heróis das Copas
Apesar de a Lei Geral da Copa estabelecer as obrigações e responsabilidades do governo brasileiro para sediar o Mundial, a Comissão Especial também aprovou nesta terça-feira o pagamento de R$ 100 mil aos jogadores da Seleção Brasileira de Futebol campeões do mundo em 1958, 1962 e 1970 ou a seus herdeiros, além de um auxílio mensal aos ex-atletas que estejam em dificuldades financeiras. O auxílio mensal será pago até a renda do beneficiário atingir, mensalmente, o teto da Previdência Social (R$ 3.691,74).



Conclusão: tem razão o secretário da FIFA, Jérôme Valcke: só "um pontapé no traseiro" para descobrimos nosso tamanho. De que adianta aquela falsa indignação das autoridades quando se rendem às condições daquela organização.

 O Brasil vai parar porque a FIFA assim deseja. Férias escolares, indenização à FIFA se o Brasil lhe causar danos "por ação ou omissão", vistos gratuitos a torcedores e a qualquer outro, e "trago" liberado nos estádios.

 O máximo, o espetacular da Lei Geral da Copa é premiar jogadores, ou seus herdeiros, que foram campeões em 58. 62 e 70, denominados "HERÓIS DA COPA". Por favor, assim é demais. Quem sabe um projeto para pagamento de auxílio aos heróis do Big Brother. Quem sabe?



    "Só o atendimento das demandas sociais dos moradores vai garantir uma paz duradoura."

    Policial por excelência - José Mariano Beltrame - Carta Capital
    Dom, 04 de Março de 2012 11:22
    "José Mariano Beltrame é uma unanimidade. À esquerda e à direita, sobram elogios ao trabalho de pacificação das favelas cariocas. Ironicamente, Beltrame ganhou notoriedade ao trocar o velho discurso da ordem por conceitos de cidadania. Após a instalação de 19 UPPs no Rio de Janeiro, o delegado reafirma a opção. Segundo ele, só o atendimento das demandas sociais dos moradores vai garantir uma paz duradoura. Na entrevista a seguir, Beltrame diz que a aprovação de um piso salarial nacional para os policiais causaria problemas em vários estados, acha difícil uma discussão sobre o direito de greve dos PMs e nega qualquer intenção de disputar uma eleição. "A polícia me moldou de uma forma muito rigorosa. É preciso na vida flexibilizar, mas acho que a política flexibiliza demais."

    CartaCapital: Como o senhor vê as manifestações de policiais de todo o Brasil pela aprovação da PEC 300, que estabelece um piso salarial nacional para a categoria?
    José Mariano Beltrame: A PEC 300 está baseada na realidade da polícia do Distrito Federal, que tem bons salários. Mas quem paga por aquela polícia é a União e não os estados. Se o Congresso aprovar, tenho certeza de que a maioria dos governos estaduais não vai poder pagar. Os governadores vão provar facilmente que não têm caixa para isso. Mais uma vez, o policial vai se frustrar, por ver uma iniciativa aprovada e não executada. Um país do tamanho do nosso, com 27 polícias diferentes e realidades diversas, tem de ampliar essa discussão. Acho que é possível estabelecer um piso salarial, mas o valor mínimo do Acre não pode ser o mesmo do Rio Grande do Sul ou Rio de Janeiro.

    CC: Como o governo federal poderia ajudar os governadores nesse assunto?
    JMB: A questão salarial das polícias é competência dos estados. O que não impede a União de criar mecanismos para ajudar. O Pronasci era um pouco isso. Havia bolsas de incentivo à formação dos policiais. O ministro anterior acenou com a bolsa Copa e a bolsa olímpica, gratificações que o governo federal daria até o evento e dali para a frente o estado assumiria. Essas não foram em frente e as bolsas formação estão praticamente no fim. No Rio, tínhamos cerca de 30 mil policiais no programa e a gratificação equivalia a mais de metade do salário. Essa perda salarial também influiu nessas últimas manifestações.

    CC: O que o senhor acha da reivindicação de direito de greve para os policiais?
    JMB: Não vejo problema em discutir. Mas veja: pela Constituição, as polícias são militares e civis. As polícias militares do Brasil querem continuar assim, não vejo reivindicação para mudar esse aspecto. E os militares têm um regime disciplinar todo especial. Não se pode tratar um policial militar pelo regime disciplinar civil.

    CC: Quando assumiu a secretaria, o senhor repetia muito a palavra "ordem" nas entrevistas e agora fala mais em "cidadania". O que mudou?
    JMB: Não mudou nada. Não existe cidadania sem ordem. Havia no Rio um discurso cínico de que a prefeitura e o estado não podiam entrar em determinadas áreas porque havia o domínio dos criminosos. Agora os prestadores de serviço podem entrar e levar a cidadania, porque a ordem foi restabelecida.

    CC: Qual a importância dessa ação social para o sucesso das UPPs?
    JMB: Sempre digo que a polícia não vai fazer a pacificação sozinha. É aquela velha regra: quanto mais demandas sociais eu atendo, menos polícia eu preciso. O sucesso das UPPs depende fundamentalmente da entrada dos serviços sociais nessas áreas. Esse é o grande segredo. A polícia está lá abrindo uma porta para que aquelas pessoas sejam atendidas, para que o restante da sociedade pague a dívida de décadas com elas. Acabamos entregando ao prefeito e ao governo do estado uma cidade maior para tomar conta. Acho que a sociedade acordou para isso, embora as ações sociais ainda não estejam sendo implantadas na velocidade ideal. Mas isso é um processo em andamento.

    CC: Por que usar as Forças Armadas para fazer o trabalho de polícia, como acontece no Complexo do Alemão, se isso não está previsto na Constituição?
    JMB: É preciso colocar tudo num contexto. Houve focos de incêndio no Rio logo após a reeleição (do governador Sérgio Cabral). O serviço de inteligência nos relatou que aquilo seria uma reação à permanência da política de segurança. Diante daquela situação de emergência, apuramos que o centro da ação era a Vila Cruzeiro. Teríamos de entrar lá. Mas se iríamos para o confronto, o ideal seria entrar e permanecer na região. Pelo nosso planejamento, não teríamos, porém, efetivo para manter a área ocupada. Aí surgiu a oportunidade de o Ministério da Defesa ajudar.

    CC: Não acha um precedente perigoso?
    JMB: É uma excepcionalidade, uma construção do ex-ministro Nelson Jobim, que criou uma Operação Garantia da Lei e da Ordem (GLO) específica para o caso. Antes, as Forças Armadas estavam no comando e o verbo "comandar" era usado em sua acepção. Agora, não temos lá o Exército e sim uma força de pacificação, formada pelo Exército, policiais militares e uma delegacia de polícia.

    CC: O efetivo do Exército é bem maior.
    JMB: Sim, eles têm 2 mil soldados e nós temos 200 policiais militares. Mas acredito que o próprio Exército não tem interesse de permanecer nessa função. Está visto por todos que a Segurança Pública é algo muito complicado. De todo modo, agora em março, o Exército começa a sair de lá e até junho não teremos mais as Forças Armadas no Alemão.

    CC: O senhor pretende instalar 40 UPPs até o fim deste mandato. Os recursos financeiros para isso estão garantidos?
    JMB: Temos apoio privado específico para as UPPs. O empresário Eike Batista investe 20 milhões por ano. Ele não nos dá dinheiro. Nós entregamos projetos para ele, que contrata os serviços, faz o que é necessário e nos dá a chave. Temos também parceiras como a Firjan, o Sesi, a Light... O projeto das UPPs não envolve grandes custos, é preciso apenas recursos para contratar policiais e manter uma folha de pagamento.

    CC: Como avalia o problema das milícias?
    JMB: É algo que me preocupa mais que o tráfico, por ser formado por policiais. Apesar de serem crimes diferentes, o enfrentamento das milícias segue a mesma lógica do combate aos traficantes. É preciso fazer a reconquista do território. À medida que o Estado recupera essas áreas tomadas pelo crime, tanto traficantes quanto milicianos perdem a força.

    CC: Sua popularidade tem rendido convites para concorrer como candidato em eleições futuras?
    JMB: Não tenho interesse em política. A polícia me moldou de uma forma muito rigorosa. É preciso na vida flexibilizar e eu estou aprendendo a ser flexível. Mas eu acho que a política flexibiliza demais. É algo que me faria sofrer.