A inaptidão de governos e gestores para estruturar os serviços policiais

Surpreende as manchetes que especialistas e governantes produzem ao acusar a baixa resolução dos crimes ocorridos em nossas cidades, principalmente homicídios. Não sei se poderia classificá-los como maldosos ou espertos haja vista acreditar que deveriam estar falando com seriedade e buscando alternativas para o efetivo enfrentamento do problema.

Nenhuma polícia civil brasileira têm seus quadros de pessoal contemplados com o número necessário de policiais. Não conseguem identificar e capacitar servidores que tenham vocação para a realização de investigação. Função de vital importância para a elucidade de crimes hoje executada por um número insuficiente de servidores que não recebem instrução e não dispõem de equipamentos que auxiliem na execução do trabalho.

A Secretaria Nacional e o Ministério da Justiça, sem vocação para a articulação nacional dos serviços policiais, exaurem suas ações em repasses insuficientes e treinamentos que não contemplam os servidores de ponta encarregados da investigação.    

Os governantes além de não conseguirem pagar um salário digno para esses servidores também não estruturam a corporação policial civil com o número necessário de profissionais. Os quadros dessas corporações tem, quando não menos, o mesmo número de policiais que tinham há dez anos passados.  
Juizes e promotores que conhecem esta realidade, ao invés de pressionarem os governantes para que completem os quadros das corporações, se satisfazem em denunciar a falta de resolução dos crimes, como se tal fato decorresse da simples vontade dos policiais. Delegacias com meia dúzia de servidores, muitos com mais de vinte anos de atividade, desestruturadas e atuando como balcão de registro de ocorrências por não poder criar equipes de investigadores.
Para tentar mostrar a população de que algo esta sendo feito jogam na mídia discussões sobre  alternativas que não enfrentam a verdadeira questão. Unificação, integração, ciclo completo e por aí vai. Ano após ano as mesmas promessas e nenhuma ação efetiva que encaminhe solução aos reais problemas.

Salários dignos, capacitação permanente, acompanhamento psicológico, delegacias sem  presos e limpas, corregedoria comprometida com a depuração da corporação, equipamentos modernos que auxiliem na investigação, dentre outros. O que se vê é uma total inaptidão e descompromisso de gestores públicos com a polícia e, consequentemente, com a segurança da população.