A intolerância racial brasileira de Mandela a Obama

Quando Obama foi declarado primeiro presidente negro dos Estados Unidos um considerável número de brasileiros e a mídia, alguns politicamente corretos, comemoraram o feito como se fizessem parte da conquista. Através de manifestações ruidosas, do uso de bótons, camisetas, adesivos em carros e sorrisos largos afirmavam que nada seria como antes. Alguns, inclusive, acharam que Obama, por ser negro, não era americano.
 
Nós, os de pele negra, surrados pela vida, procurávamos entender onde tal mudança chegaria ao País.  Será que o Brasil e os brasileiros, finalmente, iriam perceber a necessidade de mudanças que permitissem o ingresso de negros graduados e capacitados em postos estratégicos nas estruturas de governos e de empresas privadas? Seria ação inicial na busca de uma verdadeira democracia racial no Brasil? Ou tratava-se apenas em uma demonstração fraterna à maioria da população deste País para que permaneçam calmos e dóceis?
 
Mandela esta sendo comemorado como o homem que reinaugurou o continente africano. Um País antes racista por excelência para uma democracia de tolerância racial entre a minoria branca e a maioria negra. Presidentes, autoridades e a mídia nacional disputam a oportunidade para prestarem  homenagens, na África, ao falecido, querendo mostrar alguma motivação diferente.
 
Em sentido contrário ao apoio manifesto a Obama e Mandela no Brasil continuamos a conviver com a simulação da existência de igualdade racial. Garantindo a maioria negra os postos de menor reconhecimento social e financeiro lava-se as mãos na tentativa de que mudem essa condição "por méritos pessoais". Mesmo em cargos de confiança, de livre escolha, os dirigentes "politicamente corretos" defendem ações de cotas mas não as praticam em suas indicações.
 
Enquanto isso as fotografias de nossos governos, municipal, estadual e federal, são muito mais claras do que as imagens de governos de países onde a segregação racial é admitida e existente.
 
Infelizmente não podemos nos emocionar com as festivas homenagens a Obamas vivos e Mandelas mortos. A intolerância racial brasileira ainda os supera. Prevalece a postura "politicamente correta" ao invés da mudança cultural.
 
Foto de revista semanal que fez manchete sobre o sucesso de negros no Brasil. Provou o que não queria: negros de sucesso ainda são contatos nos dedos.

Os funcionários públicos aceitam suborno e são corruptos porque os cidadãos de bem os subornam e pagam propinas.

"Quase 70% dos países da lista têm "sérios problemas", com funcionários dispostos a receber suborno."
 
"Relatório da organização Transparência Internacional sobre a percepção de corrupção ao redor do mundo divulgado nesta terça-feira (3) aponta que o Brasil é o 72º colocado no ranking entre os 177 países analisados, um posto modesto mesmo entre os vários países das Américas." G1
 
"Apesar de ter caído apenas um ponto, o Brasil não deveria estar feliz com sua pontuação. Não é suficiente ter o poderio econômico, se você não pode dar o exemplo com bom governo", afirmou Alexandro Salas, diretor para as Américas da Transparência Internacional, segundo a France Presse."
 
O especialista acima deveria preocupar-se com seu País, muito mais do que com o Brasil. Até porque, em suas pesquisas, focam a corrupção dirigindo-a aos servidores dispostos a serem subornados, como se esse fosse o crime principal. E os que subornam? Onde eles estão concentrados?
 
No enfrentamento da corrupção e, inclusive, em suas análises, prevalece a hipocrisia de optar por esquecer o subornador, aquele que deseja levar vantagem sobre os outros, beneficiado pelo pagamento de vantagem ilícita.
 
Enquanto, principalmente no Brasil, continuarmos acreditando que adianta prender os servidores corruptos e não extirparmos os "cidadãos e empresários de bem" que adoram um jeitinho para levar vantagem ilícita, a corrupção continuará em índices elevados.
 
Muito ridícula é a comparação dos índices de desenvolvimento do Brasil, uma nação que ficou escravizada por mais de quinhentos anos, com países que têm uma população reduzida, com elevado nível cultural e que se desenvolve há vários séculos.
 
Esta vontade de dizer que no Brasil estamos muito atrasados é o diagnóstico equivocado propositalmente. Estamos no processo pelo qual todos os países desenvolvidos passaram, no seu devido tempo.
 
Enquanto estivermos dependente de uma mídia familiar, de banqueiros inescrupulosos e de pessoas que acumulam bens a qualquer custo, e em prejuízo da maioria da população, continuaremos subdesenvolvidos.  
 
Os funcionários públicos aceitam suborno e são corruptos porque os cidadãos de bem os subornam e pagam propinas.

A repressão policial não pode continuar sendo tratada de forma negativa.

Qual sociedade humana se mantém organizada sem a atividade policial?
 
Os brasileiros são iludidos por teorias infundadas de que toda a violência existente no Brasil ocorre em razão da falta de atuação da polícia ou por seus erros ou excessos.
 
Especialistas e políticos descompromissados com a verdade enganam a população induzindo-os a pensar que as polícias brasileiras poderiam atuar de forma diferenciada numa sociedade onde a violência tem sido uma característica de nossa cultura, por mais que não queiramos aceitar. 
 
A população necessita saber o que afirma Paulo Freire; "o trabalho teórico desenvolvido à margem de qualquer prática tenderia a se transformar em mero jogo: “Nossa experiência na universidade tende a nos formar à distância da realidade. Os conceitos que estudamos na universidade podem trabalhar no sentido de nos separar da realidade concreta à qual, supostamente, se referem. Os próprios conceitos que usamos em nossa formação intelectual e em nosso trabalho estão fora da realidade, muito distantes da sociedade concreta. Em última análise, tornamo-nos excelentes especialistas, num jogo intelectual muito interessante – o jogo dos conceitos: é um balé de conceitos” (FREIRE & SHOR, 1987:131)."
 
Há duas décadas essas figuras jogam com a população culpando a polícia por tudo. Inclusive pela opção que o estado brasileiro fez em deixar as pessoas a margem da miséria social.  

A polícia é o braço armado do Estado. Celso Ribeiro Bastos diz: “Se a lei, no contexto democrático, garante ou deveria garantir a liberdade individual, cujo único limite seria o caráter universal desse benefício, isto é, seria o direito dos outros a essa mesma liberdade, a aplicação da lei, tarefa policial por excelência, corresponderá à defesa da liberdade, sempre que ela estiver em risco pelo uso ilegítimo da liberdade individual, aquele que reduziria e desrespeitaria a liberdade alheia. Assim, compreende-se que a repressão policial, se bem orientada e aplicada segundo a adequação legal do uso da força (ou, no jargão técnico, segundo a gradiente do uso da força), por definição compatível com os direitos humanos, não pode ser tratada de uma perspectiva unilateralmente negativa, como se fosse uma problemática suja e degradante, que não nos dissesse respeito e que jamais deveria ter curso na sociedade. Reprimir uma agressão física, atos de violência, assaltos, ataques racistas, misóginos e homofóbicos, ameaça às crianças e aos indefesos, muitos outros crimes desse teor constitui um ato de defesa da vida e de afirmação dos direitos civis."
 
É chegado a hora de realizarmos essa discussão de forma correta. É preciso constranger os governantes para que se discutam segurança pública e atividade policial através de critérios transparentes.
 
A população sofre pela necessidade do trabalho policial e por acreditar que o policial é seu inimigo. A repressão policial não pode continuar sendo tratada de forma negativa. É um serviço público necessário a maioria das pessoas. Se existem policiais corruptos e violentos eles devem ser banidos através de processos ágeis e eficientes.