Delegacia investiga morte de jovem baleado por policial de UPP
Família diz que rapaz era trabalhador e nunca se envolveu com drogas
A Delegacia de Ipanema (13º DP) investiga a morte de um jovem de 19 anos que morreu com um tiro disparado por um policial da UPP (Unidade da Polícia Pacificadora) no morro do Pavão-Pavãozinho, em Ipename, zona sul do Rio de Janeiro. Segundo informou a viúva do rapaz, grávida de oito meses, o crime pode ter acontecido por decorrência de uma desavença entre o jovem e o policial.
- Um dia ele chegou muito chateado em casa e contou que havia sido levado para a delegacia sem nenhum motivo e liberado depois. Ele pode ter reencontrado este policial.
Ela contou ainda que a UPP foi um dos fatores que motivou o jovem a trocar a Favela do Dique, no bairro Jardim América, no subúrbio do Rio, para ir morar no Pavão-Pavãozinho.
- Ele veio morar aqui depois da minha gravidez, porque sabia que o local estava calmo depois da UPP. Agora, eu vou seguir minha vida criando a filha, que foi a única coisa que ele deixou, mas quero que seja feita Justiça.
A assessoria de imprensa da rede de supermercados onde o jovem trabalhava confirmou que ele era empregado da empresa desde abril e trabalhava como operador de loja no Norte Shopping, em Pilares, na zona norte da cidade.
De acordo com a esposa e testemunhas, o jovem foi comprar um lanche para a mulher e quando voltava para a casa foi provocado por um policial militar da UPP, que bebia à paisana em um bar da favela, por volta das 2h30 de domingo (11). Os dois discutiram, o policial sacou a arma e o rapaz tentou fugir, mas foi baleado nas costas. Na versão da PM (Polícia Militar), ele trocou tiros com os policiais depois de ser flagrado armado com um revólver calibre 32 e 63 papelotes de cocaína. Ele estaria acompanhado por dois comparsas, que conseguiram fugir.
Segundo a mãe do rapaz, o garoto "era o mais velho de nove irmãos e sempre deu o exemplo em casa". Ela diz que não aceita esta história de que "ele estava armado e vendia drogas. Acho que não tem nada estranho em alguém ir comprar um lanche de madrugada para a mulher grávida ou mesmo em um jovem ficar na rua neste horário. Meu filho tinha o direito de se divertir. Ele não tinha antecedentes criminais e sempre trabalhou. Quero Justiça".
A mãe e a viúva foram convidadas para uma reunião com o comandante da UPP do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, Leonardo Nogueira, na tarde de hoje. A assessoria de comunicação das UPPs informou que nenhum inquérito interno foi aberto na PM para apurar a circunstância da morte do rapaz. A investigação está a cargo da 13ª Delegacia de Polícia de Ipanema, que registrou o caso como auto de resistência (morte de suspeito em confronto). Hoje, quatro testemunhas prestaram depoimento. Não houve perícia de local no dia da morte e ainda não há data para a reconstituição do crime. Agência Estado - 15/06/2011.