Após confusão, moradores protestam contra violência no Alemão
Tumulto terminou com três pessoas detidas e uma mulher ferida.
Exército apura se houve excesso em ação de militares.
O Exército e o Ministério Público Federal (MPF) vão investigar se os soldados cometeram excessos.
A comunidade estendeu faixas em várias ruas do morro em protesto contra a ação do Exército. Em uma delas os moradores dizem que foram humilhados, e comparam o comando do Exército ao de uma facção criminosa. Eles dizem que os soldados foram violentos com jovens que estavam em um bar, assistindo a um jogo de futebol pela televisão.
Manifestação aconteceu perto da estação de teleférico do Itararé (Foto: Jadson Marques / Ae)
Segundo o Exército, a confusão, no domingo (4), começou quando dez integrantes da tropa da Força de Pacificação faziam uma ronda a pé pela comunidade e um homem, que assistia a um jogo de futebol em um bar, começou a hostilizá-los. O episódio ocorreu a 50 metros da estação do teleférico Itararé.
De acordo com o coronel Nilson Maciel, Chefe de Estado Maior da Força de Pacificação, os militares deram ordem de prisão a um homem por desacato a autoridade. O coronel afirmou que outras pessoas que o acompanhavam teriam se revoltado com o ato, e agrediram a tropa com garrafas e pedras. Os soldados usaram spray de pimenta e deram tiros com balas de borracha.
Comandante do Exército reconhece desgasteA previsão inicial era de que o Exército ocupasse o Alemão por seis meses. No entanto, o prazo foi prorrogado para oito meses, e agora só deve deixar a comunidade no fim do primeiro semestre de 2012. O próprio comandante do Exército reconhece que a relação entre moradores e soldados já sofreu um desgate.
“O desgaste é natural, quanto maior a nossa permanência, maior o desgaste. Mas isso é administrável, nós temos como administrar, orientando o nosso pessoal, fazendo o rodízio das tropas que aqui estão e tratando não só das ações repressivas e policiais”, disse o general César Leme Justo, da Força de Pacificação.
O Exército abriu uma sindicância para saber se houve excessos no incidente de domingo. O caso também vai ser acompanhado pelo Ministério Público Federal, que já investiga um outro episódio que aconteceu há mais de um mês, na Vila Cruzeiro, também na Zona Norte. Soldados usaram spray de pimenta e balas de borracha contra moradores.
A assessoria da Força de Pacificação informou, no entanto, que não foi aberta sindicância, uma vez que o Exército considerou inicialmente a abordagem aos civis normal.
Menos de uma hora depois da confusão, um morador postou um vídeo no You Tube mostrando o início do tumulto. (veja o vídeo).
Confusão na Cidade de Deus
O fim de semana também foi marcado por violência em outra comunidade pacificadas, a Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste. Na madrugada desta segunda-feira (5), um grupo de pessoas que voltava de um baile funk atacou a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) com pedras e pedaços de pau. Um PM ficou ferido após ser atingido por uma pedrada na cabeça
As explicações para o tumulto têm versões diferentes. Os moradores acusam os policias de truculência. Já a PM diz que investiga a suspeita de que o grupo tenha agido sob o comando de traficantes. A Polícia Militar afirmou, ainda, que uma garrafa de cerveja lançada pelo grupo acabou acertando e quebrando uma vidraça nos fundos da UPP. Ninguém foi preso.
A antropóloga Alba Zaluar diz que é preciso preparar melhor os homens que cuidam das comunidades pacificadas: “Os soldados do Exército nós sabemos que não tiveram uma preparação para isso ou tiveram muito pouca preparação. O uso excessivo da força acaba com a confiança na polícia”, disse ela.
Nota do Blog: os especialistas continuam perdidos. Nem o exército nem a polícia substitui os serviços públicos que não são disponibilizados nessas comunidades. Não se trata de preparação ou de violência: o que falta é o atendimento social para esses cidadãos.
Nota do Blog: os especialistas continuam perdidos. Nem o exército nem a polícia substitui os serviços públicos que não são disponibilizados nessas comunidades. Não se trata de preparação ou de violência: o que falta é o atendimento social para esses cidadãos.