Mais um ano eleitoral e os mesmos debates rebaixados sobre a escolha de políticos que irão ocupar os privilegiados cargos públicos eletivos da Nação.
Alguns defendendo com unhas e dentes as ações de seus governos afirmando que elas são inovadoras e atendem as necessidades da população. Outros, distantes do poder, acusando-os de desonestos e incompetentes, prontos para assumir em seus lugares.
Historicamente os brasileiros votam num "salvador da pátria". Não buscam políticos que cumpram seus papéis. Desejam encontrar alguém, honestíssimo e trabalhador, que faça a eles aquilo que, individualmente, não estão interessados em fazer.
O subdesenvolvimento cultural que nos afeta esta demonstrado na postura irresponsável que temos com tudo aquilo que não é exclusivamente nosso. Ao que é nosso todo zelo, cuidado e dever do Estado em garantir sua integridade. Aquilo que é dos outros ou coletivo é problemas deles e do Estado.
Da classe mais humilde a mais abastada todos entendem que o Estado Brasileiro deve ser um Pai e Mãe zelosos que lhes garantam o sustento e perdoem suas travessuras.
Incansáveis são os discursos que mostram como a vida (serviços públicos e coletivos) funciona nos países desenvolvidos. Poucos, porém, se dão ao trabalhar de registrar como aquelas populações observam as leis com rigor. Não existe "jeitinho", artifício nacional, que sirva para burlar o sinal de trânsito ou ser absolvido na justiça.
Presidente, Governador e Prefeito são a imagem de nosso povo e de nossa cultura. Nem melhores, nem piores. Se são corruptos o são pela tolerância de nossos cidadãos e de suas instituições repressoras, mantidas para a execução do controle social.
O Judiciário, poder engalanado para refrear os crimes, muito bem nutrido pelo dinheiro público, submete-se a mesma cultura "jeitosa" que lhe permite fazer vistas grossas em benefício daqueles que sempre se viram favorecidos pela coisa pública e pelas benesses das leis.
A estrutura repressiva do estado nacional, desarticulada para atender segmentos privilegiados, mantem-se refém de interesses corporativos, onde a investigação judicial fica distante da policial, mesmo que se trate da mesma coisa, para evitar a aplicação da lei.
Insistimos em manter a cultura onde o protagonismo individual prevalece sobre o mérito coletivo. Mesmo que o dinheiro seja público, captado dos trabalhadores deste País, políticos a juízes transmutam-se de servidores públicos (contratados pelo estado para prestar serviço a todos) entronando-se como donos do poder, alguns vitalícios, intitulando-se doadores e bem feitores de ações que não passam do cumprimento de seus deveres de ofício.
Reféns de uma máquina pública burocratizada, cartorial e corrupta nossas autoridades, por mais ficha limpa que possam ser, não encontram um novo caminho pois sabem que a engrenagem irá entorná-los dos trilhos, caso ousem tentar. Para que isso aconteça nada mais antigo, previsível e eficiente do que a mídia (familiar) nacional.
Sendo assim, parecem ineficientes as joviais manifestações de rua, assim como os incansáveis manifestos nas redes sociais que apenas reforçam o protagonismo da figura individual ao invés de discutir as atribuições dos cargos públicos e sua extensão exagerada e indevida.
Enquanto acreditarmos que a culpa é dos outros continuaremos com nossas travessuras elegendo representantes inaptos e procurando o "salvador da pátria."