“O policial não se envolve em política partidária eleitoral”


 O policial não se envolve em política partidária eleitoral” ou “seu partido é a polícia”, afirmativas históricas que oportunizam a inexistência de representantes políticos dos policiais.

 

A impressão que tenho sobre as eleições deste ano é que os debates  serão muito rebaixados em decorrência do clima acirrado entre dois partidos políticos. Diga-se de passagem, administrações que não priorizaram as polícias estaduais e muito menos seus servidores.

A mídia e os poderes Judiciário e Legislativo, “embarcados” nesta disputa, prejudicam o repasse de informações para a sociedade. Toda notícia é acompanhada da opinião e interpretação de quem esta contra ou a favor. Resta aquele que a recebe tentar descobrir o que é verdade ou criado para prejudicar situação ou oposição.

A sedizente “crise” que abala a segurança pública é descarregada sobre a polícia e seus servidores que não conseguem evitar a violência nem os crimes.  “Enxugam gelo” no dia a dia e são cobrados como se pudessem, em razão de seu trabalho, modificar a postura descompromissada e violenta da sociedade. 

É necessário ter claro que as polícias são criadas, organizadas, mantidas e comandadas pelo poder executivo que indica e demite, por escolha política, o diretor geral da PC, comandante da PM, e diretor da PF e PRF.  Essas escolhas não acontecem por concurso nem por bons serviços prestados, mas por QI.

Portanto, o compromisso que o policial dedica ao chefe de sua corporação é, na realidade, dirigido àquele que governa o poder executivo, chefe “político da polícia”. Este sim verdadeiro culpado pela crise na polícia ou na segurança pública.

Se a premissa for verdadeira é possível afirmar que os comandos das corporações, indicados pelos governantes, apoiados por gestões políticas de deputados, estão a seus serviços e não da população ou dos servidores policiais.  

Os policiais brasileiros, como qualquer outro segmento organizado, necessitam preparar-se para incidir nas eleições e eleger seus representantes. Não basta votar em “candidato ficha limpa”, mas naqueles que tenham compromissos verdadeiros com os profissionais de segurança pública.

Frente à realidade é chegado à hora dos policiais assumirem a responsabilidade de elegerem representantes para as assembleias estaduais e câmara federal.

“A afirmação de que ‘o policial não se envolve em política” ou que “seu partido é a polícia” oportuniza a inexistência de representantes comprometidos com os policiais.

Sabem as lideranças sindicais dos policiais brasileiros que a situação enfrentada em suas corporações não irá ser alterada enquanto este circulo vicioso se mantiver. Não serão os comandos das organizações, indicados politicamente, que irão modificar as estruturas ou as condições indignas de trabalho.

A partir dessa premissa é necessário registrar que a representação policial nas câmaras legislativas é insignificante e necessita ser ampliada. É preciso incentivar e apoiar a participação de policiais civis e militares no pleito que se avizinha.  O equivoco é imaginar avanços desvinculados do processo político.  

A resistência de contrários à participação nos espaços de disputa política/eleitoral deve ser vencida pelo esclarecimento de que avanços corporativos ou institucionais ocorrem através da ação política, e não da simpatia ou da amizade.
Portanto, mãos a obra! As lideranças sindicais dos policiais brasileiros podem e devem apoiar aqueles que estejam dispostos a enfrentar as urnas. Não de forma fragmentada, divididos, ou com excessivo número de pretendentes na mesma base, mas articulados a partir da coesão de objetivos e interesses afins. Não se esqueça de apoiar aquele que representa seu segmento.