Discriminação racial e econômica, corrupção e (má) gestão pública - Capitulo 1

A violência que apoiamos e praticamos é a mesma que nos mata.

 Não existem cidadãos do bem e do mal. 

Existem condições diferenciadas que mantém um fosso entre grupos de brasileiros,

 assim como privilégios injustificáveis para uma minoria em detrimento da maioria. 



O debate sobre violência e criminalidade no Brasil tem sido balizado pela incapacidade das organizações policiais de enfrentá-los como se fossem únicas responsáveis para garantir a paz entre os cidadãos. Os brasileiros foram aculturados para acreditar que possuem o direito sagrado de segurança pública, independente da forma como se conduzem nas relações interpessoais e no convívio social.

Nossos cidadãos têm deixado de lado outras ações/condições que deveriam ser observadas, muitas delas de sua responsabilidade que acabam sendo multiplicadoras de conflitos sociais. Apegam-se a máxima de que tudo o que faz é lícito e justificável, para garantir seus direitos individuais, enquanto os abusos e atos ilícitos tendem ser visto nas ações praticados pelos outros. Nossa consciência de responsabilidade social é mínima. Insistimos acreditar que a responsabilidade do que é comum e público é apenas do Estado.  A ele compete manter a cidade limpa, organizada, iluminada, com trânsito fácil, com escolas, postos de saúde, e tantas outras necessidades. A nós, ainda acreditamos, compete usufruir desses direitos apesar de jogarmos lixo no chão, danificar praças, prédios e iluminação pública, dentre outros, sem nenhum compromisso de mantê-los íntegros e auxiliar na sua conservação. 

Evidente que nada de novo esta sendo dito. Mas também é certo que os brasileiros não admitem esta realidade. Eventualmente uma notícia ou comentário aqui ou ali, mas sempre apontando para a prática danosa dos outros. Nas causas que destaco como verdadeiras e causadoras da nossa violência de cada dia é possível sustentar que discriminação racial e econômica, corrupção e (má) gestão governamental são os verdadeiros responsáveis pelos índices de violência e criminalidade brasileira. Temas que podem ser classificados como “debates tabus” mascarados em parte pela hipocrisia daqueles que são beneficiados por esse processo conservador  e pela ignorância de parte da população que, nas palavras da mídia, “exige mudanças efetivas” ao invés de participar de debates consistentes sobre essas questões de forma a enfrentá-las de forma democrática num processo estratégico a médio e longo prazo, de forma que possamos chegar em algum novo objetivo e não continuar consumindo verbas milionárias para ações paliativas que se repetem de forma cíclica.  

Objetivo com o escrito/provocação atrair simpatizantes a pensarem no efetivo papel da polícia e na necessidade de compreenderem a necessidade de debaterem a exaustão o que discriminação, corrupção e gestão governamental afetam o desenvolvimento brasileiro, em especial os índices de violência. Discutir a necessidade de revisão no pensamento e nas condutas de cada indivíduo de forma que se comporte para conviver numa sociedade onde seja o respeito à lei e a responsabilidade por zelar pelas condições de paz. Tornar o assunto mais visível e compreensível enfrentando os estereótipos produzidos pelos “especialistas em segurança pública” que reduziram a questão da violência e insegurança apenas a incompetência do aparato policial. Interesses políticos e escusos que impedem a estruturação de debates ampliados que atentem para a conjuntura nacional, orientando para novas práticas que possam resultar na redução dos índices existentes, ao invés de pirotecnias temporárias.

Este ensaio irá referir temas do cotidiano originados da convivência nas relações funcionais e políticas de quem trabalhou com a administração da segurança durante três décadas sem ocupar posição institucional de comando. Porém, sempre coordenando e executando atribuições autônomas e dirigidas ao público e a própria categoria funcional. Esta vivência diagnosticou muitos equívocos por aqueles que eventualmente comandam a política de segurança e possuem  uma visão apequenada, quando não desconhecida, do que decorre do pouco domínio da questão já que, majoritariamente, tratam do tema polícia e segurança por pequenos períodos da vida, se auto proclamando especialistas, para sugerir experimentos que não enfrentam a essência da questão, já que servem para dar visibilidade ao exercício político das funções que ocupam ou para qual pretendam ser escolhidos.
A proposta ao invés de discorrer de forma parecida com a maioria dos escritos nacionais sobre o tema pretende desafiar alguns pré-conceitos defendidos como se fossem verdadeiros e que alimentam diariamente a mídia descompromissada com a verdade, assim como apontar situações que a sociedade insiste em não querer registrar. 

Não se tratando de uma obra cientifica exercitará a análise de práticas da vida real, algumas situações de domínio público travestidas de “esclarecimentos oficiais”, ou de notícias publicadas na mídia nacional que simplificam a questão na violência a jovens pobres, oprimidos e a maioria da população negra. Ou a polícia que ora é violenta, corrupta, ora é salvadora e dedicada, mas sempre “culpada” por não conseguir reduzir os índices criminais, como se apenas a ela competisse essa obrigação.  
Claro que este ensaio (identificação mais modesta impossível) irá encontrar algum “especialista” que tentará desconstituí-lo com sua eloquência e pouca vivencia na área amparado por uma mídia que “vibra” com esse estado de coisas. Polícia e violência são produtos de consumo pelo qual a mídia nada paga e ainda recebe patrocínio. Violência e criminalidade alimentam gratuitamente a maioria dos espaços noticiosos e programas populares de razoável audiência e de péssimo gosto. Explicações sociológicas e filosóficas não alteram a realidade política praticada e de domínio público, podem, quem sabe, interpretá-las. No mesmo caminho estarão figuras que aprenderam alguma coisa atuando em secretarias de governo, que do alto de seus “profundos e insuspeitos” conhecimentos, com discursos óbvios, reagirão com indiferença as impressões aqui transcritas. 

Mas nada irá alterar a realidade onde vive o cidadão brasileiro que não acredita nas autoridades constituídas, muito pouco espera dos comandos das corporações policiais, e, menos ainda, de políticos e administradores públicos que ao invés de reduzir e eliminar a criminalidade têm contribuído de forma absurda para aumentá-la, principalmente quando descobertos como multiplicadores de violências que afetam todo o sistema de desenvolvimento do País.

Não se pretende indicar soluções e caminhos que devam ser imediatamente seguidos, afinal, se os “poderosos constituídos” nada conseguem modificar, não será este “ensaio” que ousara querer ensinar-lhes o novo caminho. Porém, pretensiosamente, pretende desacomodá-los de afirmativas e condutas que apenas lhes servem para garantia de seus empregos sustentados por um discurso politicamente correto de poupar a população como se todos fossem bons cidadãos e inocentes da violência que os constrangem. 

Depois de tantos anos atuando em vários níveis da estrutura voltada a segurança pública, sem cabresto e medo, com profunda indignação pela forma discriminatória e preconceituosa como são tratados os pobres, negros e os policiais, emitirei opiniões e desafios aos “pretensos donos da verdade” para que revejam seus pré-conceitos e proponham discussões mais comprometidas com a verdade. 

É o registro de quem desempenhou uma carreira profissional vigorosa, com inserção em debates internos na atividade policial e externo com a população, sempre acreditando ser possível mudanças na área. Mas deparou-se com experimentos impostos que nunca quiseram enfrentar o tema discriminação racial e econômica (pobreza), corrupção e má gestão governamental.

Este escrito tem como alvo pessoas que desejam entender porque a violência não reduz. Outras que foram vitimadas pela violência e policiais da base das organizações policiais tratados como “subalternos” quando na verdade são protagonistas principais na defesa da sociedade, e que diariamente atuam no exercício de uma atividade sensível e violenta que nunca resulta no atingimento de suas metas de redução e controle da violência. Expectativas profissionais limitadas, condições de trabalho deficitárias, sendo desrespeitados pelo estado e pelos cidadãos, de forma que sobrevivem a estas adversidades procurando a valorização e o reconhecimento.

Importante afirmar que discriminação racial e econômica, corrupção e má gestão governamental compõem o quadro da cultura nacional que afeta todos os cidadãos e todos os servidores públicos, em especial os policiais. Como fiscais da Lei, executores de compromissos legais e uso de arma e da força, expostos a uma fiscalização ampliada das organizações sociais e indivíduos o que permite sejam avaliados e julgados, muitas vezes falsamente, como um grupo de servidores de moral e práticas frágeis por envolverem-se a todo o momento em situações conflituosas, essência de suas atividades. Ao discorrer sobre os três itens estaremos afirmando que o policial brasileiro, não se originando de outra cultura, é resultado de sua formação familiar, de vida e profissional. Nunca será melhor ou pior do que os outros cidadãos. Sempre atuará de acordo com os interesses de uma ou de outra parte envolvida nos conflitos de interesses por ele mediado a partir da observância da Lei.              
É, portanto, fundamental que o esforço aqui despendido possa ser compreendido apenas como o manifesto em busca de um Brasil mais justo que tenha coragem de fazer os diagnósticos certos para que possa encontrar políticas públicas que venham ao encontro dos anseios de qualquer cidadão. De forma que não tenhamos que classificar cidadãos como do bem e do mal, situação que violenta a igualdade, direitos e deveres dos quais todos devem recepcionar em igual medida. Obrigação e compromisso do Estado brasileiro.

A discriminação racial e econômica, e má gestão governamental é o tripé que sustenta a tese de responsabilização dos governos pela crise na segurança brasileira.











REPUBLIQUETA DE BANANAS


Um País que se diz composto de cidadãos honestos, que sabemos não ser verdade, tem parte de sua população comemorando um processo de exceção para tirar sua presidente, eleita há um ano por mais de 52 milhões de eleitores. Pessoa sem nenhuma mancha criminal em seu currículo, acusada por "manobras fiscais" para pagar as contas do governo.
Diferentemente dos outros que dão pedaladas para colocar o dinheiro no bolso através de desvios de verbas públicas e sonegação de impostos. Republiqueta de "bananas" porque não têm capacidade de compreender o processo de poder e se colocam de joelhos ao grupo dominante como simples “lambe botas”.

Só em uma Republiqueta que pensa ser democrata inicia dois processos de exceção política em menos de 25 anos, de uma democracia claudicante Tiraram Collor e nunca o condenaram por nada, ao contrário, hoje senador da republiqueta. Querem tirar Dilma sem ter o que julgar, a não ser as próprias safadezas e conluios para sobreviverem mamando na Republiqueta, até que um dia, muito longe desta data, a maioria da população tenha o título universitário e capacidade de avaliar a conjuntura da exploração que os domina.

Dilma por ser mulher num pais machista, paga pela ousadia de não se render a máquina podre e corrompida que esta incrustada no serviço público. Por não aceitar que políticos que enriquecem em mandados eletivos lhe indicassem o caminho "podre" por onde estão.
Havendo ou não havendo o processo de exceção para Dilma já vivemos o suficiente para saber que somos a parte pior da América Latina, porque aqui só prevalece a vontade do grupo dominante que de tão covarde não consegue dar golpe armado, mas safadezas articuladas por pseudos donos dos poderes executivo, legislativo e judiciário. E o povo? Trabalha um dia para comer no outro.
Enquanto isso os funcionários públicos, classe remediada brasileira, luta por melhorias de seus salários e se acha a elite dos desvalidos, bradando contra todos aqueles que possam querer mudar seu status de empregado elitizado.

Na crise, o impeachment ou a morte

Os brasileiros, há onze meses, acompanham o confronto brutal e histérico, quase doentio, travado pela mídia e redes sociais (onde é bem mais democrático), discutindo a crise econômica e o impeachment da primeira mandatária brasileira. 

Para uns a crise econômica decorre da gestão política do atual governo, para outros é resultado da crise econômica internacional onde todos os países são afetados.  

A justificativa para o impeachment foi representada em razão das "pedaladas fiscais" apontadas pelo Tribunal de Contas da União, sustentada por seu presidente que sofre suspeição de haver advogado interesses privados, em especial a Rede Brasil Sul do Rio Grande do Sul, junto ao Carf.  

O processo de afastamento da presidenta será analisado pelo presidente da Câmara de Deputados que está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal, em razão de contas que teria na Suíça e que negou na CPI da Operação Lava Jato. 

O presidente do Senado Federal, assim como  este último, padece de uma investigação, segundo noticiários, que estaria sendo realizado pela Polícia Federal. 

Enquanto o Executivo e o Legislativo ameaçam se auto destruir, no Judiciário, após o evento Joaquim Barbosa - mensalão, surge o juiz federal de primeiro grau de Curitiba que centraliza com o máximo rigor a investigação "vaza-quinta" (dia em que declarações e denuncias chegam para jornalistas), e mandou prender os dirigentes das maiores construtoras brasileiras até que aceitem delatar os mal feitos. 

O Congresso Nacional, em especial a Câmara dos Deputados, vive um turbilhão de radicalidade onde impera uma maioria que representa grupos conservadores. Pretendem fazer com que o País, através de algumas leis, retroceda a práticas do século passado. Algumas leis ineficazes, tais como a redução da maioridade penal como se a transformação fosse contribuir para a redução da violência. Ou a flexibilização da legislação para aumentar o comércio de armas e facilitar a venda e circulação delas ao alcance de todos, o que, certamente, incentivara a violência. Assim como nova legislação para demarcação de áreas indígenas o que atendam interesses dos latifundiários deste País.  

TVs, rádios, revistas e jornais, engajados, vociferam a crise nacional decorrente da necessidade de ser declarado impeachment da presidenta da república, que não sofre acusação de ser beneficiada por dinheiro do erário, mesmo estando por muitos anos na atividade pública. Ao contrário de alguns pretensos algozes que são "totalmente enrolados". 

A grave acusação ao partido que esta no governo é de que recebeu dinheiro "de propina' para a campanha eleitoral. Com que dinheiro os demais partidos fizeram campanha? Como acreditar que o dinheiro para um era ilegal e para outro legal se a fonte fornecedora era a mesma? Como diferenciar uma coisa de outra se por toda a vida ouvimos acusações sobre o uso de caixa dois para campanhas eleitorais? 

O que temos visto são servidores públicos, de carreira ou não, devolvendo importâncias que receberam ou levaram para fora do País, resultado das negociatas.

A crise, palavra de ordem, não tem se refletido nos aeroportos nem em voos internacionais. Por quê será? Também não a vemos em hotéis de luxo, em cinemas, teatros, shows, veículos importados e zero quilômetro em bairros nobres, etc. Então a pergunta que precisamos fazer: crise a onde e de quem?

Daqueles que são ricos ou classe média alta? Não, evidente que não. Da classe média e dos pobres? Os pobres sobrevivem a qualquer crise. Mas a classe média pensou que tinha enriquecido. Graças ao grande sucesso das políticas de Lula e primeiro mandato de Dilma, a classe média imaginou ter alcançado a "riqueza" partindo para viagens internacionais, trocando de carro, frequentando restaurantes caros, esquecendo que vivem de salário.  

A crise que nos afeta é aquela que exige que aprendamos a viver com parcimônia, com economia, com cuidado. E não com o voraz consumismo estadunidense que acredita que os bens devem existir para serem consumidos por eles, mesmo que isso possa inviabilizar a vida humana na terra. 

E nós, brasileiros, terceiro-mundistas assumidos, embarcados em nossas "carroças mecanizadas" acreditávamos ouvindo Lula haver chegado ao primeiro mundo. Acordados pela mídia, precisamos do impeachment para, certamente, encontrar outro mágico que fará avançar cem anos de nossa época, onde já teremos aprendido a discutir política, a pensar no próximo, economizar, ou, ao contrário, vivermos numa terra árida onde nada mais se produza e apenas sobrevivâo os mais ricos.  

Falta poucos para alguns dizerem: "na crise, o impeachment ou a morte." 


Até quando PM e PC terão a desconfiança da populaçao

Pesquisa Datafolha informa que na cidade de São Paulo 60% dos moradores "acreditam que a PM passa mais temor do que segurança". A pesquisa indicou que 21% dos entrevistados disseram que "têm mais medo da polícia do que dos bandidos e outros 27% afirmaram que temem os dois da mesma forma". A Polícia Civil possuí índices semelhantes, onde 55% da população disse teme-la. 
Governadores, comando das polícias, entidades de classe e todos os policiais deveriam impactar-se com esses indícios. O discurso  de policia desequipada e abandonada não terá eco junto a população enquanto ela acreditar que a polícia é corrupta e violenta.







O que temos visto são grandes investimentos em equipamentos que dão aparente modernidade às polícias acompanhado por ações truculentas e equivocadas, praticadas desde o período da ditadura militar. 
Achar-se abandonado pela falta de atenção  e valorização dos policiais não justifica a continuidade de erros que têm caracterizado tanto uma como outra polícia, com nota mais negativa à PM que demonstra despreparo pelo uso abusivo da força e total desrespeito às pessoas por acharem que "estão combatendo inimigos". Tratam um homicida da mesma forma que o motorista infrator, com truculência. 
A PC escudada na desculpa de que não dispõe de estrutura e pessoal suficiente, burocratizou-se atrás do inquérito policial, atua com apenas 20% de seu pessoal na investigação de crimes, com o maior número de servidores em atividades administrativas. Esta configuração frusta a expectativa da maior parte da população que não acredita que registrar ocorrência vai resultar na elucidação dos crimes. 
A relação polícia e população brasileira é conturbada. São vistas com baixa eficiência e seletivas na forma de atuar. Apesar das disputas entre uma e outra, das acusações recíprocas, ambas estão desacreditadas porque perderam muito de seu profissionalismo e dos compromissos com suas atribuições estando muito mais preocupadas com questões internas e administrativas do que com o serviço que oferece à população. É lamentável mas verdadeira esta constatação.
O curioso é que todos os policiais sabem desta realidade mas pouco se dedicam para a mudança. Delegados e oficiais militares se digladiam por vantagens corporativas e usam os demais servidores como empregados, secretários e meros cumpridores de suas determinações. Não os respeitando como policiais, criam um ambiente promiscuo onde a corrupção, a violência e intimação são instrumentos de trabalho. 

Quando será a hora que policiais civis e militares irão se profissionalizar para prestar um serviço altamente qualificado para a população? 

A mídia a serviço da ideologia dominante

Por mais que muitas pessoas acreditem que estão se incluindo nas questões políticas é possível perceber uma clareza de intenções daqueles que falam em transparência e corrupção. Absurdamente a mídia insiste em jogar todo seu potencial acusatório aos participantes do governo que comanda o Brasil. 

Os comentários que a maioria dos jornalistas faz em seus espaços de rádio e televisão são absurdamente dirigidos para induzir uma reação popular violenta contra os governantes culpando-os por todos os males que afetam a Nação. Qualquer absurdo pode ser dito desde que esteja na linha da execração pública dos governantes.

Não seriam problema esses excessos, já que governos devem ser cobrados, se a memória dos brasileiros não fosse tão esclerosada. Os afoitos comentaristas, comprometidos com o segmento que está fora do governo, esquecem que aqui prevalece "o jeitinho" praticado por todos, já que acreditam que pequenas práticas criminosas, realizadas "por gente de bem", merece ser perdoada, afinal, na concepção destes, pagam impostos. 

Ninguém quer lembrar que a corrupção é uma pratica permanente que se agrava em países onde as instituições públicas são frágeis, quando não comprometidas, e não cumprem seu papel de fiscalizar e punir aqueles que a praticam. 

A esperteza ou ignorância prega que "gente honesta" não se envolve em corrupção. A realidade quando observada, nos mostra que qualquer pessoa pode praticar a corrupção. Ou sendo cliente da Petrobrás ou, mais comum, oferecendo o cafezinho ao guarda, ou para obter uma vantagem da qual não teria direito. 

As condenações cinematográficas e ágeis que sofrem alguns vinculados ao governo atual não servirá de ensinamento porque estão sendo praticadas ações de exceção que buscam impactar no governo e inviabilizá-lo para que cumpra seu mandato.

A mídia e seus jornalistas deixaram de lado a responsabilidade que deveriam ter com a notícia. Hoje estão muito mais preocupados em atender o editorial do proprietário da empresa em que trabalham. Lançam notícias que são desmentidas no dia seguinte, publicam boatos,  fazem chamadas para induzir ao invés de informar, e criam um ambiente onde nada mais é respeitado. Pessoas são vaiadas em livrarias, restaurantes, em qualquer lugar, a partir da vontade de pequenos grupos de "executores populares", a maioria deles de uma classe que se imagina superior aos demais, pois esquecem suas condutas e querem se sobrepor a Lei para executá-la com suas mãos. 

Devemos acompanhar a degeneração das relações sociais que se agravam no Brasil uma vez que muitos brasileiros perderam a noção da responsabilidade. Só querem exigir direitos mas não têm respeito por mais nada em sua volta. Pensam que o espaço coletivo é de ninguém e que a responsabilidade é apenas do governo e dos outros. Influenciados por uma mídia irresponsável os cidadãos deixam de zelar e cumprir seus deveres. Despolitizados se acomodam em interpretações sem fundamento e sem compreender o momento político em que vivemos.