O racismo institucional reproduz as desigualdades

A violência letal no Brasil tem uma dimensão racial, territorial, etária e de gênero.

"O racismo institucional é outro fenômeno que reproduz as desigualdades estruturantes da sociedade brasileira. O PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) define o racismo institucional como o fracasso das instituições e organizações em promover um serviço profissional e adequado às pessoas por causa de sua cor, cultura e origem racial ou étnica. A adoção de comportamentos discriminatórios e estereótipos racistas acarreta desvantagem de grupos raciais no acesso a benefícios gerados pela ação do Estado e que deveriam ser universais. O resultado, no que toca a segurança pública, é que as pessoas negras representam o maior número de vítimas de omissão e violência policial. As decisões tomadas no âmbito da justiça criminal são injustificadamente mais severas para os negros do que para os brancos. No mesmo sentido, a repressão e, por vezes, as execuções sumárias cometidas pela polícia atingem prioritariamente os jovens negros.



O papel das políticas de segurança pública no enfrentamento da violência.


Como vimos, a violência letal no Brasil tem uma dimensão racial, territorial, etária e de gênero. Isso significa que as vítimas são na sua grande maioria homens, jovens e negros que vivem em determinados territórios excluídos de cidadania e da presença do poder público. Além disso, a falta de vontade política determina o esclarecimento de uma parcela ínfima dos crimes. Racismo institucional e ausência de uma política pública que oriente ações estratégicas e coordenadas têm condenado jovens negros e pobres a níveis extremos de mortalidade" (Segurança Pública e Cidadania INESC).