Pesquisa do Ipea questiona redução do número de homicídios no RJ

"Mais de 3 mil mortes não teriam sido registradas entre 2006 e 2009, diz Ipea. Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) contesta a queda de homicídios no Rio de Janeiro. O economista Daniel Cerqueira, do instituto, começou a pesquisar, após se surpreender com a informação de que o número de mortes violentas sem causa determinada é bem maior no Rio do que em outros estados do país.
O estudo aponta que os registros de mortes violentas sem causa determinada começaram a crescer a partir de 2007. De acordo com os dados divulgados pelo Ipea, os números pularam de dez mortes em cada cem mil habitantes, em 2006, para 22, em 2009. Nesse período seriam 3.165 assassinatos não registrados.
“É uma falha escandalosa. Em qualquer país desenvolvido, as mortes indeterminadas são um resíduo. A morte é algo muito importante que tem que ser examinado não só do ponto de vista dos direitos humanos, mas, sobretudo, para fazer políticas públicas defensivas”, disse o economista Daniel Cerqueira.
Estatísticas estão erradas, diz economista
Para o economista, como o estado não descobriu como essas pessoas morreram, elas simplesmente não entraram nas estatísticas. O que, segundo ele, prova que o número de homicídios no estado não caiu. No entanto, de acordo com dados oficiais, houve redução de 28,7%; em 2006, foram 7.099 homicídios. Já em 2009, de acordo com o estudo, foram 5.064.

“A estatística de homicídios está subdimencionada. A gente não sabe se isso se deu por um aumento da inoperância do sistema de medicina legal no estado a partir de 2007 ou se é por fraude. Não dá para saber isso olhando os dados estatísticos”, completou Daniel Cerqueira." Transcrito do Do G1 com informações do RJTV.
Nota do blog: a falta de uma estrutura federal para organizar a segurança pública no Brasil permite que não só o Rio de Janeiro, como a maioria das regiões brasileiras, desenvolvam critérios próprios para analisar o número de homicídios e outros crimes ocorridos em suas regiões. Enquanto o governo federal não criar o ministério da segurança pública, com profissionais conhecedores e especializados na questão, as Unidades Federadas continuarão a desenvolver alternativas que atendam suas necessidades.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública tem estrutura menor do que uma Secretaria Estadual de Segurança, enquanto que o Ministério da Justiça não tem nenhuma vocação para tratar de segurança pública e atividade policial. Mas como o tema não é prioridade governamental ficam fazendo mais do mesmo, como se pudessem alcançar diferentes resultados.