A mídia nacional tem confundido o papel da cobertura dos fatos com o protagonismo da ação.

Alguns jornalistas no afã de sairem do anonimato têm confundido "a nobre" função de informar com o desejo incontrolável de se tornar protagonista de ações que apenas deveriam testemunhar. Recordo que em período passado, quando era muito comum a ocorrência de motins em presídios, não foram poucos os jornalistas que voluntariavam-se para servir como testemunha (refém) de marginais sob o argumento de que desejavam contribuir para a solução do problema. 
Qualquer policial ao executar sua atividade deve fazê-lo com parcimônia e segurança, muito mais aqueles que se expõem em conflitos e confrontos armados. É inegável que o ímpeto e o amadorismo daqueles que não são das corporações de segurança os expõem e acaba prejudicando as ações policiais daqueles que estão no campo de batalha. 
A atividade policial é realizado por servidores que se capacitam e têm a missão de se expor para recompor o tecido social corrompido pela ação criminosa de determinados individuos. 
É injustificável que qualquer outro profissional possa ou deva estar ao lado dos policiais se expondo e tirando a atenção daqueles que, por ofício, devem fazer este enfrentamento. 
A polícia tem que proibir e cessar a exposição de seus profissionais que alimentam programas televisivos com demonstrações de suas técnicas e de operações que não lhe trazem nenhum reconhecimento, se não a satisfação comercial e de audiência para as empresas comerciais de mídia. 
Deve também manter distante de suas operações jornalistas que já dispõem de equipamentos que captam imagens a quilômetros de distância, evitando que se exponham, que prejudiquem as operações e que aumentem a violência em decorrência de ferimentos e mortes, como aconteceu nos últimos dias. 
É indiscutível que a corrida pela notícia sobre a violência não pode transformar jornalistas em policiais e, muito menos, policiais em atores de programas de televisão.
Temos assistido "apresentações" de jornalistas usando coletes a prova de balas para comprovar que nossos bairros e nossas vilas são inseguras e violentas. Ao lado de crianças, mulheres e trabalhadores, que andam sem colete, se expõem as situações de risco para serem reconhecidos e premiados por suas coberturas jornalistas. Quando são feridos se tratam como heróis.