"O inofensivo jeitinho não faria mal algum se não fosse a ante sala da corrupção."

A fotografia que circula na internet, acidentalmente ou não, é a imagem de um movimento original que caminha para a anarquia, o descontrole e excessos. E o pior: sem resultados efetivos que beneficiem a população. 
 
A exposição heroica dos "peladões e peladonas" na Câmara porto-alegrense deverá enobrecer os currículos dos desvestidos. Orgulho de papai e mamãe.
 
As mudanças exigidas devem, antes de mais nada, começar por cada cidadão. Enquanto encontrarmos papel de bala e bituca de cigarro atirados ao chão; rapazes e meninas vangloriando-se por ter oferecido  alguns trocados ao guarda; ou exibindo-se pelo "jeitinho" que encontrou para não fazer o que era correto, não  adianta procurar culpados para os problemas do Brasil. Não sou eu quem diz: 

" Aparentemente o inofensivo jeitinho não faria mal algum, até que *Almeida mostra-nos que o jeitinho é a ante sala da corrupção. Ele é uma variação da corrupção. O pesquisador, em "A cabeça do brasileiro”, entrevistou 2.363 participantes nas cinco regiões do país, tendo como base do seu trabalho, a teoria antropológica de Roberto Da Matta.
 
Entre outras coisas, a pesquisa de Almeida revela a incapacidade que o brasileiro tem de distinguir o que é um favor, o que é jeitinho e o que é corrupção. Especialmente sobre esta última prática social, os entrevistados tendem a apontar um ato de corrupção somente quando as evidências apontam a presença de uma grande quantia em dinheiro vivo.
 
Quantidades menores, como “uma pessoa que costuma dar boas gorjetas ao garçom do restaurante para, quando voltar, não precisar esperar na fila é:”. Apenas 27% dos entrevistados responderam “corrupção”. 14% responderam “favor” e 59%, “jeitinho”. Indagados sobre “Passar uma conversa em um guarda para ele não aplicar uma multa é”:  53% responderam “corrupção”, mas 41% considera este ato como “jeitinho” e pasmem. Ainda que poucos alguns entrevistados, 6%, consideram “favor” dar gorjetas ao garçom para furar a fila de espera." *ALMEIDA, A. C. A cabeça do brasileiro. RJ/SP, Record;2007. Excerto do texto O Jeitinho brasileiro de Gilberto Gnoato,internet.
 
Que esta mobilização nacional seja a oportunidade para assumirmos nossas obrigações cívicas. Podemos usar o exemplo desnudando-nos das práticas menos nobres.