PM diz que "fato isolado foge aos padrões da polícia pacificadora"

PMs da UPP da Cidade de Deus que atiraram após briga são afastados
Imagens feitas por um morador ajudaram a identificar os policiais.
Do G1 RJ
Foram afastados de suas atividades os policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, flagrados por um fotógrafo morador da comunidade fazendo disparos para o alto durante um tumulto numa festa na comunidade. Segundo a PM, eles foram identificados nas imagens registradas.

O caso ocorreu na madrugada de quarta-feira (9), durante uma comemoração de carnaval. Segundo o morador, um dos PMs teria quebrado a máquina fotográfica com a qual ele filmava a confusão.

Em nota, a Coordenação das UPPs informou que as imagens vão ajudar na apuração dos fatos.

“Lamentamos o ocorrido, que já está sendo apurado de forma isenta, mas ressaltamos que se trata de um fato isolado que foge aos padrões da polícia pacificadora. Informamos ainda que os policiais militares envolvidos já foram identificados e afastados de suas atividades operacionais até a conclusão da sindicância”, diz a nota da PM.

Segundo o assessor de comunicação das UPPs, tenente Lima Ramos, um dos policiais já foi identificado e afastado. Outros policiais envolvidos no caso ainda estão de folga. Eles vão ser ouvidos novamente para que sejam apuradas suas responsabilidades no caso. Enquanto durar esta fase de apuração, eles serão retirados das ruas. Isso significa que, ao voltar da folga, farão apenas serviços burocráticos. O prazo para a conclusão da sindicância é de 30 dias.

Moradores dizem que foram agredidos
Moradores da Cidade de Deus disseram que foram agredidos pelos policiais da UPP durante a festa. Eles afirmam que estavam na rua quando policiais militares foram chamados para intervir numa briga. Os PMs, então, teriam insistido para que a comemoração terminasse. Houve discussão.

Ainda de acordo com as imagens gravadas pelo fotógrafo, os agentes teriam usado spray de pimenta contra a população, o que provocou correria. Depois, foi possível ouvir disparos. Em seguida, um PM bate com um cassetete num homem e dá mais três tiros para o alto.

Os policiais perceberam que estavam sendo filmados e tentaram pegar a câmera. Nas imagens, o fotógrafo Toni Barros, que é colaborador da ONG Viva Rio, tenta proteger seu equipamento: “Não vou dar não. Sou Toni Barros, fotógrafo, jornalista, eu sou jornalista”, disse.

Segundo ele, os policiais quebraram a câmera, mas o cartão de memória que armazenava as imagens ficou intacto: "Quando eu fui falar com o policial que quebrou a minha câmera, ele virou e falou assim: 'prova que eu quebrei'. A única defesa tanto para eles, quanto para o morador, é o registro que eu estou fazendo. Não estou de lado nenhum", disse.

Segundo a PM, os policiais foram hostilizados por alguns moradores e o vidro de uma viatura foi quebrado. Nas imagens é possível notar que objetos foram arremessados.

Comentário: e ainda existem bem intencionados que acreditam que as UPPs devem ser implantadas em todo o Brasil. Mas já não existem?