O que mais ele teme? Ser morto numa briga, por motivo fútil ou passional, ou ser vitimado e morto numa ocorrência de roubo (latrocínio)?
Quem disse que no Brasil os homicídios são mais graves do que as mortes ocorridas em roubos?
Como comemorar a redução dos homicídios enquanto aumentam as mortes em razão dos roubos?
Não é só o estado de São Paulo que, sabiamente, estrutura seus números da violência e criminalidade para afirmar que os homicídios estão reduzindo. Outros estados usam os números, de forma “inteligente”, para buscar resultados que, infelizmente, ainda não são adequados. Ou seja, criam uma nuvem de fumaça para obter reconhecimento político de uma situação inexistente.
Qualquer cidadão tem medo da violência decorrente dos crimes de roubo. Estar num restaurante que pode ser roubado, caminhando na rua, no seu veículo, chegando em casa e por aí vai. Em qualquer lugar e a toda hora está sujeito a sofrer esta violência com ou sem o uso da força.
O medo que intimida qualquer cidadão não é o de ser assassinado numa saída de jogo de futebol, numa briga de bar ou em casa, apesar da possibilidade disso acontecer. Afinal de contas, a maioria não vai a futebol ou frequenta bares. É o de ser roubado e morto.
É incorreto e não ético com a cidadania, por outro lado, usar uma definição técnica que diferencia homicidio de latrocínio, importante na hora do julgamento e da aplicação da pena, para tentar transparecer melhoras que não estão ocorrendo.
A redução dos homicídios não deve ser creditada a atuação policial. Até poderá, em pequeno grau, mas certamente não é determinante. A ação policial, por exemplo, não reduz os crimes passionais. Por outro lado, a redução dos roubos, e, conseqüentemente, das mortes decorrentes deles, dependem, certamente, da melhora e da presença do serviço policial.
A falta de critérios e de padronização nacional sobre registro de ocorrências e a falta de controle sobre os dados estatísticos de crimes ocorridos continua a permitir esta forma danosa de interpretação.