Tenho procurado compreender como a retórica tem prevalecido sobre as práticas na gestão da segurança pública e do trabalho policial.
Encontrei no livro "Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão, Em 38 Estratagemas", Texto incompleto de Arthur Schopenhauer, finalizado pelo filósofo brasileiro Olavo de Carvalho, Editora TOPBOOKS 1997, passagens que parecem sustentar minhas impressões sobre "as discurseiras" ouvidas a cada quatro anos.
Pode parecer para alguns uma inadequação e irresponsabilidade usar um texto filosófico para sustentar que a gestão na segurança pública, principalmente no que se refere ao trabalho policial, não passa de um discurso atrás do outro. Mas me arrisco.
Além da passagem constante no titulo deste blog, transcrevo outra:
"A arte, afinal, não se faz com impressões diretas, mas com uma manipulação sapiente por meio de códigos e convenções formais, tão exteriores e alienantes, em princípio, e tão perigosos quanto os esquemas retóricos e as normas do debate acadêmico. Arte ou filosofia, ciência ou teologia - todas as formas da expressão do saber, somadas, não valem a visão interior da verdade, mesmo incomunicável."
Temos afirmado que o debate sobre segurança pública deve ser realizado a partir da realidade dos fatos e não de concepções de ocasião, que mais se prestam para garantir patrocinio e sobrevivência a quem faz deste tema, pura e simplesmente, uma forma de ganhar a vida.
Os policiais, há décadas discriminados, sofrem os resultados de discursos inflamados, alguns bem estruturados, daqueles que são alçados a gestores da segurança pública. Apontados como responsáveis pela insegurança pública nacional são chamados de mal preparados, violentos e tantas outras coisas.
Estes gestores, astutamente, ignoram que são eles mesmos que decidem os investimentos públicos que não tem priorizado a melhora da formação e capacitação permanente desses profissionais. Com uma retórica caprichada empilham argumentos que estão muito distantes da realidade da segurança pública e da atividade policial.