O jornalismo e a verdade.

Encontrei uma matéria esportiva de Ricardo Marini, R7, 17/08/12, onde comenta a possível venda de um jogador de futebol. Diante de tantos notícias inverídicas e suspeitas, faz um longo texto para afirmar sua descrença em "furos de reportagens" que obrigam jornalistas a fazerem afirmativas sem a devida e necessária confirmação.

 
"Em todos esses casos, o mesmo fenômeno lamentável: a correria insana em nome do “furo” veloz e a qualquer preço transforma a comunicação e não-comunicação, enlouquece o público e o leva a considerar tudo isso um lixo, enquanto espera uma imagem ao vivo dos sujeitos confirmando o que realmente aconteceu.
 
 
É o “jornalismo” que abandona no mar a sua razão de ser – o compromisso com o melhor possível para o pobre coitado do público – para se aliar à primeira baboseira plantada na esquina em nome de um falso ineditismo capaz de aplacar vaidades periféricas.
 
 
Se for para fazer assim, nos entregando de forma passiva à sedução rasteira de desembuchar qualquer inconsequência, desde que seja rápida, no jornalismo eletrônico de hoje, vamos ao menos avisar ao público para esperar acabar nosso jogo fraco e mal jogado de boatos, quase todos isentos de apuração, para que depois ele tome com fé apenas o último lance."

 
Ora, como se observa, o jornalista reconhece que seus coleguinhas são autores, quando não mentores, de notícias que não se confirmam mas que são anunciados pela necessidade de garantir um suposto espaço privilegiado de informação. Muitos se vangloriam, infantilmente, como mais bem informados  na era em que todas as decisões são divulgadas no mesmo instantes em que tomadas através de simples e numerosos telefones celulares nas mãos de anônimos.

 
Não existe furo de reportagem quando a comunicação esta globalizada e uma notícia é copiada da outra sem a menor cerimônia.  

 
Sabendo dessa realidade todos os meios de comunicação abrem grandes espaços para o telespectador, para o leitor, para o ouvinte, gastar com uma ligação por sua conta e informar o que está vendo. Este sim, no momento em que flagra algo acontecendo, dá o furo de reportagem mas sua informação gratuita não lhe garante este reconhecimento.
 
Jornalismo e verdade, salvo honrosas exceções, não existe.