STF - Julgamento técnico ou político?

O julgamento político referido não é o famigerado político partidário. Mas no sentido do julgador sustentar suas decisões pelas provas técnicas e não pela compreensão emocional do problema.

Não acredito que os Ministros do Supremo estejam tendo uma motivação política para suas análises. Mas suas exposições diárias tem mostrado a forte semelhança que têm com os demais seres humanos, tipo nós. Em alguns momentos baixam do STF para repetir frases muito usadas na política partidária.
 
Precisamos acreditar que este é um momento transformador, tanto para os políticos quanto para julgadores. Porém, nos assombra a ideia de que tudo não passe de mais um encenação para nos manter calados e ordeiros, frente a aparente ação saneadora ora sugerida.
 
A notícia

As vozes do Supremo e a sociedade 

 "Na semana passada, o ministro Luiz Fux afirmou: “a cada desvio de dinheiro público, mais uma criança passa fome, mais uma localidade fica sem saneamento, mais um hospital sem leitos. Estamos falando de dinheiro público, destinado à segurança, saúde e educação.” Na sessão de ontem, ele repetiu o discurso, salientando o prejuízo que os crimes financeiros causam principalmente às pessoas mais pobres.
 
A rigor, o Supremo Tribunal Federal não precisaria emitir esse tipo de comentário. Não seria o mais apropriado diálogo com a sociedade. Alguns mais críticos falariam em populismo judicial. Quando julgam homicídios, por exemplo, os juízes não precisam discorrer sobre os malefícios desse crime. Basta aplicar as regras técnicas correspondentes.
 
É irreal, porém, pensar que o mensalão seja um julgamento qualquer. Nunca as vozes do Supremo foram tão ouvidas pela sociedade brasileira. A Corte sente que tem uma oportunidade de ouro para estampar a sua legitimidade. Nesse contexto, as fundamentações devem ser mais abrangentes. E as palavras do ministro Fux, antes de traduzirem indesejável populismo, podem mostrar que o Tribunal se mostra sensível aos clamores da sociedade.
 
Certo, o julgamento dos réus, em um processo penal, deve ser técnico, sem brecha para qualquer populismo. Mas isso não impede que o Supremo reafirme,sempre que possível, valores essenciais à ordem jurídica e à coletividade. É o que se espera do órgão de cúpula de um dos poderes da República." 06/09/12 - Centro de Justiça e Sociedade da FGV-Rio - José Augusto Garcia de Sousa.