O presidente Lula fez um movimento muito arriscado ao chamar a questão de segurança pública para a esfera e responsabilidade do governo federal. Mesmo sabendo que as polícias estaduais são geridas e planejadas pelos governos regionais ousou apoiar um programa que, salvo algumas correções necessárias, tinha condição de se tornar a política pública brasileira de segurança.
Na transição para o atual governo, deixando de lado o PRONASCI, o Ministério da Justiça optou por um caminho até agora desconhecido, como se fosse possível, em segurança, termos, de quatro em quatro anos, novas alternativas para o enfrentamento da violência e da criminalidade. Pesquisas e eventos rotineiros clássicos da SENASP que não melhoram as condições de trabalho dos policiais, principalmente daqueles que atuam diretamente com a população, e que nunca são brindados com viagens à Brasília, consomem as reduzidas verbas disponibilizadas.
A greve de policiais militares da Bahia mostra como a falta de uma política e de profissionais na gestão da segurança pública permite que tudo se transforme em um caos nacional. A mídia opositora do governo se farta de mostrar como essas autoridades constituídas não sabem o que fazer, a não ser mandar os "privilegiados" participantes da força nacional desfilar na cidade com um número insuficiente para reorganizar o serviço de segurança, além de jogar os militares, com suas armas de guerra, contra a população.
Era previsível que esta condução experimental da segurança pública nacional nos levaria a dependência exclusiva das forças policiais, principalmente a militar, enquanto os projetos governamentais apenas tem servido para justificar viagens, encontros, discursos e nenhuma ação efetiva de mudança.
O governo de São Paulo comemora a redução do número de homicídios, mas nem por isso suas cidades são seguras, já que é alarmante o número de outros crimes. O Rio de Janeiro festeja as UPPs, mas elas não têm oferecido tranquilidade a população daquele Estado, porque a violência continua sendo pauta principal de sua população. No Rio Grande do Sul, Minas Gerais e tantos outros Estados, a insatisfação dos policiais é incontrolável, as ações fogem ao controle dos governos e a população desacredita ainda mais da eficiência da atividade policial.
Quando será que os governantes tratarão segurança pública como uma questão de vida ou morte? Até quando continuarão fazendo a mesma coisa esperando que algo mude? A quem será que pensam que estão enganando? A população ou a si mesmo? Quando será que criarão um Ministério profissional para tratar de segurança pública?