Quem sabe agora, com a decisão do STF, por unanimidade, os argumentos hipócritas deixem de ser usados para negar o preconceito e a discriminação racial que sofrem os negros neste País. Durante esses dez anos em que programa de cotas começou a ser implantado nas universidades brasileiras temos ouvido os mais absurdos argumentos onde procuram culpar as vítimas (negros) de que, com as cotas, criariam uma disputa racial no Brasil.
"Qualquer critério adotado colocará candidatos em vantagem e desvantagem, porém é preciso observar o ganho para a sociedade como um todo”, afirmou Ricardo Lewandowski. "A política de reserva de vagas não é de nenhum modo estranha à Constituição."
O Ministro Cezar Peluso, afirmou que "as políticas de ações afirmativas precisam ser aplicadas de olho no futuro. "Essas políticas públicas estão voltadas ao futuro. Elas não compensam [atitudes anteriores]. Elas estão atuando sobre a realidade de uma injustiça", afirmou.".
"Joaquim Barbosa, o único ministro negro da Corte, votou brevemente, seguindo a posição do relator. "Meus pontos de vista sobre a matéria [a favor das cotas] são mais do que conhecidos. Já publiquei há onze anos uma obra sobre o tema", disse."
"Rosa Weber seguiu, "na íntegra", o voto de Lewandowski e usou a disparidade social brasileira para justificar sua opinião. "O fato é que a disparidade racial é flagrante na sociedade brasileira. A pobreza tem cor no Brasil: negra, mestiça, amarela", disse. "O sistema de cotas visa oportunizar aos negros, no caso a UnB, o acesso à universidade brasileira. Assim, as razões se inclinam para manutenção do sistema."
"Luiz Fux, professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), instituição que adota política de cotas para negros, disse que recebeu uma carta de alunos da instituição defendendo as ações afirmativas. “Uma coisa é não fazer. Outra coisa é fazer. Uma coisa é vetar a discriminação. Outra coisa é implementar políticas que levam à integração política e social do afrodescendente, diante dessas ações afirmativas e dessa integração acadêmica”, afirmou Fux."
Carlos Ayres Britto, disse que a política compensatória é justificada pela Constituição. Para ele, os erros de uma geração podem ser revistos pela geração seguinte. “O preconceito é histórico. Quem não sofre preconceito de cor já leva uma enorme vantagem, significa desfrutar de uma situação favorecida negada a outros”, explicou Britto.
Para o ministro Celso de Mello, as ações afirmativas estão em conformidade com a Constituição e com as declarações internacionais às quais o Brasil aderiu. De acordo com a ministra Cármen Lúcia, as políticas compensatórias garantem a possibilidade de que todos se sintam iguais."
Espera-se que, agora, o próprio governo brasileiro, que continua pregando a existência de uma democracia racial no Brasil, incorpore programas e acelere investimentos não só na formação superior como em cursos profissionalizantes para os negros.
Poderia se pedir, quem sabe, que mais negros ocupassem altos cargos na República e no primeiro escalão governamental. Com a eleição da presidente Dilma as mulheres ocuparam o poder. Como não temos negros nesses escalões certamente nunca teremos um presidente negro, ao contrário do Estado Americano que elegeu seu primeiro presidente negro.
Quem viver....verá.