Publicado no blog SUL21, em 10/04/12.
"O título acima já encabeçou o editorial do Sul21 do dia
06/02/2012 que tratou do mesmo assunto abordado no presente editorial. A única
diferença nos títulos está na pontuação utilizada. No título anterior, a frase
aparecia entre aspas, pois era a citação da fala de um brigadiano, e terminava
com um ponto de interrogação, que expressava a esperança deste jornal de que os
procedimentos racistas na Brigada Militar pudessem terminar em um curto espaço
de tempo. No título atual, sem as aspas, porque foi assumida pelo
Sul21, a frase termina com um ponto de exclamação, que expressa
a indignação deste veículo frente a constatação de que as atitudes racistas da
polícia militar continuam ocorrendo, sendo acobertadas e não punidas.
A conclusão do Inquérito Policial Militar (IPM), conduzido pelo major
comandante do 9º Batalhão da Brigada Militar, de que a soldada que prendeu e
humilhou dois negros africanos estudantes da UFRGS adotou “uma abordagem dentro
da técnica” da corporação é uma confissão oficial de que a Brigada é racista e
que a instituição está convencida que deve continuar assim. O fato de uma
policial puxar uma arma dentro de um ônibus para duas pessoas negras e colocá-la
na cabeça de um deles, sob a justificativa de que eles falavam uma “língua não
entendida” pela brigadiana, deveria ser algo inadmissível em uma corporação
policial séria e empenhada em oferecer bons serviços à população.
Se a brigadiana agiu deste modo porque os indivíduos eram/são negros, fica
caracterizado o racismo dela própria e, agora, de sua instituição. Se a
brigadiana agiu deste modo independente do fato de os indivíduos serem negros,
fica caracterizado que a BM como um todo não tem competência para abordar
quaisquer cidadãos “suspeitos”. Em qualquer dos casos, fica evidente que o
comando da Brigada Militar precisa ser trocado e que todo o treinamento e todas
as orientações que vem sendo passadas aos policiais precisam ser profundamente
modificados.
Igualmente gerador de indignação é o comportamento da Secretaria Estadual de
Segurança Pública do RS, que se recusou a se manifestar sobre as conclusões do
IPM sob a alegação de que o secretário Airton Michels (PT) “não comenta um
procedimento administrativo interno da Brigada Militar”. Se não cabe ao
secretário de Segurança comentar um “procedimento administrativo” da BM, a quem,
teoricamente, a polícia estadual está subordinada, cabe a quem comentar e adotar
medidas reguladoras? A omissão do secretário evidencia falta de comando e,
consequentemente, conivência com os fatos. Conivência, neste caso, com um
procedimento que aparenta grande evidência de racismo e/ou com o acobertamento
de procedimentos agressivos adotados rotineiramente contra os cidadãos."
Comentário do Blog: e o Governador, não ira se manifestar sobre ações racista da polícia ou não quer polêmica na área? E falar alemão ou italiano dentro de um ônibus no RS pode?