CPMI e a credibilidade de nossos partidos políticos


"VOSSA EXCELÊNCIA"
O tratamento mais usado na audiência da CPMI não correspondia a falta de seriedade que grande parte dos deputados e senadores transmitiam àqueles que assistiram a sessão em que esteve presente o acusado Carlos Cachoeira. Brincadeiras sem nehuma graça, discursos apelativos e demagógicos marcaram a atuação daqueles que usam a "sedenta" mídia para transparecer, como sempre se propôs o Senador Demóstenes, "arautos" da verdade e da desgastada honestidade.
Todos manifestando, falsamente, estarem surpresos com o silêncio do suspeito e acusado. Como se já não soubessem que esse procedimento é legal e seria usado sem nenhum prejuízo ao mesmo. Alguns, na ânsia de parecerem um pouco ardilosos, tentando seduzir o acusado, pediam sua colaboração em troca do benefício da chamada delação premiada. Como se tivessem legitimidade para a proposta.
A carnavalesca escolta de Carlos Cachoeira a sala da CPMI mobilizou agentes penitenciários, policiais civis, policiais federais e, dentro do Congresso, a mais bem paga e desconhecida das polícias, a legislativa. Sem falar no aparato de veículos utilizados. Jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas amontoavam-se na ânsia de coletar um ângulo exclusivo que pudesse ornar suas matérias de forma única.
Alguns nobres e arautos representantes do povo manifestavam preocupação com o amontoamento da mídia como forma de serem destacados. Outros, mais ousados, "berravam", esta é expressão correta, sobre a culpa e a pena que deveria ser imposta aquele "criminoso" que ousava não abrir a boca, a não ser para dizer que ficaria calado.
Os membros da CPMI, com raras exceções, saudavam com muita deferência o advogado Márcio Thomaz Bastos, afinal de contas nunca se sabe! Como nada acontecia de forma espetacular, para transformar-se em notícia, surgiu o destaque principal: a musa da CPMI. E fomos todos correndo conferir se pelo menos isto era verdade.

Seria incorreto não registrar o brutal desgaste que PT e PSDB pela disputa angustiada que fazem na CPMI. Com o peso de suas participações, arrastam para o fundo do valo o que ainda restava de credibilidade nos partidos políticos. Não é para menos que a pesquisa CNI/IBOPE (OUT/11)  indica que a população brasileira confia menos em partidos políticos e no Congresso Nacional do que em 16 instituições. "Segundo o Índice de Confiança Social, elaborado pelo Ibope, numa escala de zero a cem, os partidos políticos obtiveram a pior nota (28)."

Curtas e grossas da CPMI

" A majestosa vingança de Deus"
Márcio Thomaz Bastos - "Sou advogado há 46 anos e fui ministro por quatro. A defesa é tão importante quanto a acusação." Ele cita o advogado americano Edward Williams: "Defendo os clientes da culpa legal. Julgamentos morais eu deixo para a majestosa vingança de Deus".

"O Procurador agiu de forma criminosa"
Senador Fernando Collor de Mello - "Graças a essa omissão, essa organização criminosa do senhor Carlos Cachoeira pode atuar, livre e destemidamente, por 18 meses, sem ser perturbada. O fato é que o senhor Roberto Gurgel nada sobrestou, ao contrário, omitiu-se ou prevaricou, falhou com a verdade, ao afirmar a necessidade de se retomarem as interceptações telefônicas e outras diligências."
"Perillo diz que não se ateve, à época, a quem emitiu os cheques."
"Cheques. Interessado, mas sem dinheiro, Garcez chegou a oferecê-la a Walter Paulo, que disse que só poderia arcar com o negócio meses depois. Com isso, Garcez recorreu a Cachoeira e ao ex-diretor-geral da Delta Construções no Centro-Oeste Cláudio Abreu, que forneceu os três cheques para ele quitar a mansão. “Pedi ao Cláudio, meu patrão, e ao Carlinhos que me emprestassem o valor, para eu repassar ao governador. O Cláudio me deu 3 cheques, um de R$ 500 mil, outro de R$500 mil e outro de R$400 mil, para março, abril e maio”, disse Garcez. Conforme o delegado da PF Matheus Mella Rodrigues, os cheques eram de Leonardo Almeida Ramos, sobrinho de Cachoeira, que seria o real comprador." Fábio Fabrini, Alana Rizzo e Eugênia Lopes, Site O Estado de S. Paulo.
"Todas as gravações são ilícitas."
Ex-vereador Wladimir Garcez: “Só vou me manifestar sobre os assuntos que eu puder ouvir as gravações. Como os senhores sabem, estou preso e sendo processado acusado de pertencer a uma organização criminosa. Todas as gravações são ilícitas. Não reconheço qualquer validade jurídica dessas gravações (…) porque são imprestáveis. As datas não condizem com os diálogos. Peço aos senhores senadores e deputados que tenham maior zelo ao analisar esses áudios, pois muitos deles são montagens. (…) Das que eu ouvi, percebi muitas alterações.”
"Papel de pizzaiolo."
Deputado Mendonça Prado (DEM_SE): “Nós vamos ouvir aqui 50 mudos. Quero propor reunião para repensarmos os procedimentos que vão ser adotados. O que estamos fazendo aqui é papel de pizzaiolo. Não ouvimos nada, não deliberamos nada.” 
"Ele se considera um preso político"
Andressa Mendonça, segunda a mídia, a musa da CPMI, afirmou que “Julgam o Carlinhos por isso ou por aquilo. Mas a pessoa que eu conheço não é essa. O Carlinhos que eu conheço faz caridade, doa caminhão de macarrão para creche, doa caminhão de brinquedo”.