O espetáculo da gestão pública no Brasil se
materializa através das soluções mirabolantes encontradas para solucionar,
momentaneamente, problemas estruturais que não serão resolvidos com remendos.
Na falta de organização ou conhecimento para
estabelecer um policiamento periférico, externo, que impeça a ocorrência de
violência nas escolas, o governo do Rio apresenta uma solução policial para a
educação de jovens.
Colocar policiais militares, armados, dentro das
escolas públicas, claro, simulando uma boa relação de proximidade entre
alunos e policiais. Seria, por acaso, o desenvolvimento de um novo método
pedagógico do qual Paulo Freire não teve conhecimento?
Logo começarão a surgir ocorrências de excessos
policiais na contenção de jovens ou de envolvimento com meninas e meninos.
Onde estão os pedagogos e os defensores de
direitos humanos que se calam frente à tamanha agressão a esses jovens,
certamente pobres, que se verão constrangidos pela farda e pela arma e se
conduzirem de uma forma limitada a censura do policial? Onde está o Ministério
Público que não se posiciona contrário a essa intervenção na educação?
A violência encontrada nas escolas é a mesma
existente dentro de lares, nas ruas, nos estádios esportivos e na vida dos
brasileiros. Não será desviando os policiais de suas funções precípuas,
colocando-os em atividades privadas, em pátios escolares, que irá se
reconstruir a tão aclamada sociedade de paz. Tem que haver investimentos na
capacitação dos professores e em suas condições de trabalho e nas estruturas das
escolas tornando-as atrativas aos jovens, e sendo percebidas como centros de
pesquisas, relacionamentos, aprendizado e formação.
"Não é possível refazer este país,
democratizá-lo, humanizá-lo,
torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente,
ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se
a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda."
torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente,
ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se
a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda."
Paulo Freire