Tragédia de Santa Maria

Não existem palavras que possam aliviar ou consolar o sofrimento daqueles familiares que perderam, de forma tão violenta, seus filhos, irmãos, amigos e parentes. Nada que seja dito, nem pelo melhor literato, servirá para preencher o vazio na vida dos que ficaram.

 
Mas não é sobre isso que irei escrever. Mas sim sobre o uso das redes sociais por pessoas que, em suas casas, refestelando-se com seu ar condicionado, transmitem apelos públicos para doação de sangue, chamamento de profissionais médicos e tantos outros, como se estivessem participando do Grupo Gestor da Crise ou em nome dele falassem.

 
Outro tema que nos deixa indignados é quando, num desastre como o de Santa Maria, alguns começam a encontrar heróis na ação de servidores públicos que são treinados pelo Estado para executar a ação de salvamento. 

 
Tentam transformar-se em protagonistas para receber um reconhecimento sobre a dor e o sofrimento daqueles que foram vitimadas no desastre. 

 
Herói tem sido uma palavra banalizada que vem servindo para justificar a farta distribuição de medalhas e reconhecimentos inadequados.  Heróis não têm sido Heróis.

 
Nelson Mandela é um herói. Lutou contra o apartheid na África do Sul, preso durante 27 anos e foi presidente de seu país. Madre Teresa pode ter sido uma heroina por ter  dedicado a vida em benefício dos pobres e doentes. Gandhi, da mesma forma, cuja persistência contra o domínio inglês libertou a Índia, pode ser chamado de herói. Muitos outros por ai existem. 

 
Todos os dias temos heróis em jogo de futebol, em programa de televisão, salvando gatinho, etc, etc.
 

Não tem havido respeito às vitimas nem a seus familiares. Desconhecidos acreditam poder invadir e apropriar-se de seus sofrimentos como se como estivessem doloridos em igual intensidade.  Não mantêm o devido respeito e uma distância respeitosa. Forçam uma visibilidade para protagonizar reconhecimento de um ato heróico que não realizou.

 
Heróis em Santa Maria foram alguns que estavam na local do desastre e morreram tentando salvar amigos e pessoas que estavam no interior do local sinistrado. Heróis foram aqueles, que com o risco voluntário de suas vidas tentaram, no desespero,  salvar outras vidas.

 
Os que são treinados para socorrer vítimas cumprem suas missões. Para isso devem receber o reconhecimento do serviço bem executado. Mas, obrigatoriamente, não devem ser confundidos como heróis.  


Se isso acontecer, por questão de justiça, terão que distribuir medalhas para médicos, enfermeiros, socorristas, porteiros, motoristas, policiais, pilotos, voluntários, e tantos outros que se dispuseram a colaborar ou que ainda estão envolvidos no caso.




De "mal entendido" e "deslize de comunicação" a discriminação aumenta neste País.

São Paulo

"Muitas crianças nascem com os cabelos crespos ou rebeldes demais. Com a adesão cada vez maior às técnicas de alisamento, algumas mães recorrem a essas alternativas para deixarem as crianças mais bonitas", afirmava a abertura do texto. Hospital Santa Joana, SP.G1

Rio

Vendedor expulsou da loja da BMW filho negro de casal branco.

"Você não pode ficar aqui dentro. Aqui não é lugar para você. Saia da loja’, teria dito o funcionário à criança, de 7 anos."

Segunda a mídia "o vendedor não sabia que a criança era o filho do casal de cor branca, que entrara ali para comprar um carro." Segunda a empresa, nada mais do que "um mal entendido". O Globo

São Paulo

A ordem "pede a intensificação do policiamento em ruas próximas ao Colégio Liceu aos sábados das 11h às 14h, "focando em abordagens a transeuntes e em veículos em atitude suspeita, especialmente indivíduos de cor parda e negra com idade aparentemente de 18 a 25 anos".

Agora a PM afirma que a mensagem racista de um de seus oficiais foi apenas um "deslize de comunicação". Santa sacanagem.

"...as características citadas na ordem do comando foram baseadas em uma carta enviada por moradores da região, que descreviam um grupo que praticava roubos a residências naquelas imediações." G1

Pergunta-se: uma carta enviada por moradores? Seria um abaixo assinado? Ou uma carta coletiva assinada por vários moradores? Ou uma desculpa oportuna?
Que hipocrisia deslavada nos pseudos esclarecimentos.
 
De mal entendido e deslize de comunicação a discriminação anda solta neste País.



Ordem de serviço enviada pela Polícia Militar em Campinas (Foto: Reprodução EPTV)



Fundo Nacional de Segurança Pública poderá custear tratamento psicológico de policiais

A histórica incompetência da Secretaria Nacional de Segurança Pública que faz diagnósticos e não consegue implantar programas de atendimento a saúde mental dos policiais faz vítimas todos os dias de doenças decorrentes de suas atvidades profissionais. Enquanto adoencem os especialistas daquela secretaria fazem encontros pelo Brasil, consumindo verbas públicas que deveriam ser aplicadas em programas de saúde.
 
A incapacidade e a arrogância deles ficam demonstradas por não perceberem que necessitam mobilizar, comprometer e garantir aos servidores atendimento preventivos mesmo frente a resistência dos comandos das corporações. 
 
Todos os dias temos notícias de suicídios e fatos envolvendo servidores adoentados em razão do trabalho. Mas a Senasp não está nem ai, assim com seus servidores que se perdem na burocracia de projetos ultrapassados.
 
Deus queira que haja aprovação desse projeto para que se vejam obrigados a efetuar atendimentos aos policiais.
 
 
A notícia
Da Agência Câmara Notícias
 
A Câmara analisa o Projeto de Lei 4456/12, do Senado, que permite a utilização de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) para custear programas de assistência psicossocial para policiais e bombeiros militares. Dependentes e cônjuges desses profissionais também poderão ser beneficiados.
 
De acordo com o autor da proposta, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), os riscos relacionados a essas profissões causam sequelas psicológicas que se refletem no comportamento do profissional, além de interferir no convívio familiar. “Os jornais divulgam a toda hora casos trágicos de suicídios e homicídios causados por policiais, em parte acometidos por situação psicológica instável”, argumenta.
 
Instabilidade
O senador afirma ser cada vez mais comum policiais recorrerem à psicoterapia em razão das características de suas atividades. Para Calheiros, esse quadro de instabilidade emocional também atinge os familiares dos policiais, “principalmente quando se sabe que aqueles que convivem com os profissionais da segurança pública são alvos preferidos do crime”.
 
Criado pela Lei 10.201/01, o FNSP financia projetos de reequipamento, treinamento e qualificação profissional; de criação de sistemas de informações, inteligência, investigação e estatísticas policiais; de estruturação e modernização da polícia técnica e científica; e programas de polícia comunitária e de prevenção ao delito e à violência.
 
Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. As informações são da Agência Câmara Notícias.

O Brasil sofre muito mais com o álcool e o tabaco do que com a maconha e outras drogas.

No Brasil, assim como nas demais partes do mundo, a guerra às drogas está perdida há muito tempo. Existe, porém, interesses econômicos que induzem as pessoas acreditar que a repressão policial dispõe de soluções para reduzir ou acabar com o tráfico de drogas.
 
A hipocrisia social que abate a sociedade tolera que o álcool e o tabaco sejam drogas aceitáveis mesmo quando sabe que milhares de pessoas morrem em decorrência do seu uso excessivo, assim como em acidentes e brigas motivados pelo seu consumo em demasia.
 
O Brasil sofre muito mais com o álcool e o tabaco do que com a maconha e outras drogas.
 
As polícias brasileiras, principalmente as estaduais, consomem seus servidores aprendendo "trouxinhas" como se estivessem combatendo o tráfico de drogas. Prendendo usuários como traficantes e distantes dos grandes cartéis que continuam impunes, transacionando drogas e armas para a manutenção de um grande sistema de distribuição que vitimiza jovens em confrontos com a polícia.
 
As autoridades de saúde pública jogam o problema para a polícia que "combate" pequenos "vapozeiros", enchendo as cadeias e não reduzindo a violência e a criminalidade.  
 
Este é o motivo pelo qual é necessário discutir novos caminhos para enfrentar o uso de drogas ilícitas sob pena de, daqui a dez, vinte ou trinta anos, o País continuar na mesma situação.   
 
 
 A notícia
 
Guerra às drogas” começa a mudar de rota
"O ano de 2012 pode ser considerado o ano em que a “guerra americana contra as drogas”, declarada em 1971, por Richard Nixon, mudou de rota. Sete acontecimentos merecem destaque. 2012 já pode ser considerado o ano em que a “guerra americana contra as drogas”, declarada em 1971, por Richard Nixon, mudou de rota.
 
 
Sete acontecimentos merecem destaque: (a) a legalização da maconha em dois estados norte-americanos (Washington e Colorado); (b) os pronunciamentos do presidente Barak Obama; (c) a posse do novo presidente do México que promete alterar a política precedente necro-repressiva; (d) a proposta de legalização da maconha no Uruguai; (e) o novo plano nacional de drogas dos EUA que enfoca o usuário como não criminoso; (f) a recomendação da Comissão de Política para Drogas do Reino Unido para adotar a política de drogas de Portugal e (g) a posição do presidente da Guatemala (em favor da liberação das drogas).
 
 
Todas essas mudanças, vistas isoladamente, podem não ter muito significado, mas enfocadas em conjunto podem estar sinalizando um futuro completamente diferente do que vem preponderando desde a década de 70. Atenção especial merecem as duas primeiras mudanças.
 
 
No dia 16.11.12 passou a valer a legalização da maconha no Estado norte-americano de Washington (para fim recreativo). Desde o dia 05.01.13 a mesma legalização vale para Colorado. Em ambos os estados será permitida a posse de até 28,5 gramas de maconha para maiores de 21 anos. O consumo público será punido com multa (US$ 100).
 
 
É a primeira vez que os norte-americanos legalizam a posse e o consumo, bem como a produção e o comércio da maconha (vitória, aliás, com boa margem de votos). Oregon recentemente e a Califórnia anteriormente rejeitaram semelhante proposta. O uso terapêutico (medicinal) já está adotado em 18 estados norte-americanos (17 Estados mais o distrito de Washington). Nas eleições presidenciais de 06.11.12 o Estado de Massachusetts também aprovou o uso medicinal.
 
 
No plano federal a posse de maconha para uso pessoal continua proibida e punida com prisão. Nos dois estados citados está adotada a legalização. Barak Obama disse que a perseguição de usuários de drogas nesses estados não é política prioritária do seu governo. Em dezembro de 2012 o instituto Public Policy Polling divulgou pesquisa nacional em que 58% dos americanos acreditam que o uso de maconha deveria ser liberado em nível federal (Folha de S. Paulo de 07.12.12, p. A21). Em 2011, o Gallup mostrava 50% favorável, contra 46% contrário. “Os eleitores falaram e nós precisamos respeitar sua vontade”, disse o governador do Colorado.
 
 
A primeira lei local que liberou a maconha para uso medicinal é de 1996. De lá para cá, 21 dos 50 Estados norte-americanos já promoveram algum tipo de afrouxamento legislativo. Isso não teria ocorrido se a única via da mudança fosse alterar a norma federal (H. Schwartsman em Folha de S. Paulo de 11.11.12, p. A2).
 
 
Em uma entrevista para Barbara Walters, dia 14.12.12, o presidente Obama disse (conforme síntese de Jorge G. Castañeda, em El País de 31.12.12, p. 22): (a) que a aplicação da lei federal proibitiva das drogas nos Estados de Colorado e Washington não é uma prioridade do seu governo (melhor é perseguir os “peixes gordos”; (b) que é contra a legalização das drogas, “neste momento” (é o primeiro presidente que sinaliza mudanças nessa política para o futuro); (c) o país inteiro deve manter um diálogo nacional sobre a disjuntiva entre a legalização estadual e a lei federal sobre drogas.
 
 
No âmbito da América Latina, a surpresa ficou por conta do Uruguai (de Mujica), que está pretendendo (desde agosto de 2012) ser o primeiro país a legalizar a maconha no nosso entorno cultural. Atualmente o consumo de drogas já está descriminalizado no país. A droga, no entanto, continua proibida. Houve recuo do presidente Mujica, logo após a divulgação de uma pesquisa em que a maioria se mostrou contra a legalização. Os parlamentares dizem, no entanto, que o projeto terá prosseguimento (em 2013), mas não será fácil vencer a resistência norte-americana. Até mesmo a oposição acha boa a ideia de clubes de cultivo (não a liberalização geral, sim, clubes privados de cultivo, tal como os existentes na Espanha).
 
 
Os defensores da política da guerra repressiva, sobretudo ao usuário, estão perdendo várias batalhas. Cada vez mais contam com ferrenhos opositores, no mundo todo (na Europa, sobretudo), que estão adotando políticas alternativas, levando o usuário para o campo da saúde pública e/ou privada. A droga continua proibida, mas o usuário deixa de ser um problema de polícia e da Justiça criminal.
 
 
A Holanda (que é pioneira na política de tolerância com as drogas leves, desde os anos 70) não pode servir de apoio aos repressivistas porque ela não fechou, em 2012, os “cafés” (“coffee shops”) especializados na venda de drogas leves, sim, apenas proibiu que sejam frequentados por pessoas não residentes no país (pretende, com isso, evitar o turismo das drogas).
 
 
Não se pode ter a ilusão de que a política repressiva norte-americana vá desaparecer de uma hora para outra. Porém, como disse Castañeda (El País de 31.12.12, p. 22), “depois de vários decênios de repressão, sangue e criminalização, as coisas começam a mudar [sobretudo nos EUA e na América Latina]. Que lástima que demoraram tanto”.  - Elaborado em 01/2013.

"A sociedade é racista. O fundamental é as pessoas tomarem consciência de que são racistas porque os fatos mostram isso."

"Carlos Alberto Reis de Paulo - Aos 68 anos – ele completa 69 anos em 26 de fevereiro –, o magistrado eleito por unanimidade para a presidência do TST revela que já foi alvo de racismo ao longo da vida, mas nunca foi discriminado no Judiciário. "Isso acontece, isso é o Brasil", disse.

O ministro Carlos Alberto Reis de Paula, durante entrevista ao G1 em seu gabinete no TST (Foto: Fabiano Costa / G1) O ministro se diz um defensor das políticas de cotas para o ingresso de negros nas universidades federais. Ele, no entanto, ressalta que é contra a implantação do sistema para o acesso ao serviço público. "O problema de cota não pode ser uma esmola. Cota é uma questão de justiça social", avalia.
Natural de Pedro Leopoldo (MG), município da regi ão metropolitana de Belo Horizonte, Reis de Paula foi o primeiro negro a ser indicado para um tribunal superior do país (o TST), em 1998. Mestre e doutor em direito constitucional pela Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG), ele ingressou na magistratura, em 1979, como juiz do trabalho da 3ª Região (MG).

G1 – Há um simbolismo no fato de um negro assumir pela primeira vez o comando do Tribunal Superior do Trabalho no mesmo momento em que o Supremo Tribunal Federal também é presidido por um magistrado negro?
Carlos Alberto Reis de Paula
– É uma coincidência da história, mas é lógico que é um fato simbólico. Só se as pessoas não quiserem ler os fatos. Posso fazer várias leituras. Primeiro, posso olhar para os negros e dizer: é possível chegar lá à custa de trabalho individual, muito empenho e dedicação. Sempre que vou a algum lugar elegante, fico pensando: o negro é exceção. Quantos empresários negros existem no Brasil? Quantos homens de dinheiro e poder existem no país?


O fundamental é as pessoas tomarem consciência de que são racistas porque os fatos mostram isso. Espero que a minha gestão e a do Joaquim [Barbosa] mostrem que somos iguais aos demais e temos nossos valores."
 

G1 – O sr. acredita que os negros estão conseguindo conquistar mais espaço?
Reis de Paula
– O Brasil ainda não teve um presidente da República negro. Tenho quase certeza de que vão cobrar muito mais do Joaquim [Barbosa, presidente do Supremo] e de mim do que dos outros. Terão muito menos benevolência nas críticas conosco. Não me assusto com isso. Vou viver minha vida com normalidade. Não quero fazer nada de extraordinário. Quero apenas fazer as coisas ordinárias de forma extraordinária.


G1 – O sr. já foi alvo de racismo?
Reis de Paula
– Na minha carreira, não, mas na minha vida, sim. Isso acontece, isso é o Brasil. Mas aí você ascende ao cargo de ministro e ninguém mais o discrimina. Mas eu já fui sujeito de racismo.


G1 – Apesar da ascensão de negros a cargos importantes na estrutura da República, a sociedade brasileira ainda é racista?
Reis de Paula
– É racista, discriminatória e usa de discriminação por um motivo muito simples: uma questão cultural. E o pior é que a sociedade não toma consciência porque isso está no seu subconsciente. A sociedade é racista. O fundamental é as pessoas tomarem consciência de que são racistas porque os fatos mostram isso. Espero que a minha gestão e a do Joaquim [Barbosa] mostrem que somos iguais aos demais e temos nossos valores.


G1 – Mesmo defensor das cotas raciais para acesso ao ensino superior, o sr. é contra as cotas para ingresso no serviço público. Por quê?
Reis de Paula
– Sustento que devemos habilitar todos, sobretudo os negros, para que possam entrar na universidade, se qualificar e concorrer em igualdade com os outros. Mas essa visão não é apenas para negros, e sim para todos os que são discriminados. Pode ser também para índios e portadores de deficiências físicas. A partir do momento em que eu busco isso, não preciso mais reservar cotas. Não posso admitir cota para magistrado, por exemplo. A meu ver, essa é uma visão simplista. O problema de cota não pode ser uma esmola. Cota é uma questão de justiça social, é uma forma de reparar, mas não fazendo doações." Gi, Internet.

 

"Com isso enlouquecem a classe média que, por sua vez, se sempre sentiu o maior prazer em ser roubada por acadêmicos, poliglotas, professores, doutores, playboys, engenheiros, generais e todos os que possam ser considerados gente de bem, jamais, nem imaginar, poderia admitir ser roubada por um ex-operário. Muito menos nordestino! É uma afronta!"

A fortuna de Lula e os setores masoquistas da classe média brasileira 13/01/2013

image0021Financial Times tranquiliza classe média brasileira

Com o passar dos anos, desde 2003 reduziram-se os setores da classe média brasileira preocupados com o enriquecimento do ex operário Luís Ignácio Lula da Silva.


Antes de 2003 a preocupação era ainda maior. Alguns até imaginavam que se virasse presidente do país Lula compraria todos os aparelhos “3 em 1” do mercado, desfalcando os lares de consumidores da então maravilha acústica. Previsões menos modestas acreditavam que monopolizaria a produção de ternos Armani e o próprio presidente da FIESP cogitou que expulsaria todos os empresários do país para não sofrer concorrência.

 
Mesmo assim Lula virou presidente e a cada de seus dois mandatos aqueles setores da classe média foram se reduzindo a despeito ou graças às previsões dos especialistas em economia da Globo, do O Estado de São Paulo, da Abril e da Folha de São Paulo, por tanto afamados como os 4 cavaleiros do Apocalipse que não veio.


Ainda que se reduzissem os setores preocupados, ampliaram-se as preocupações dos renitentes e se chegou a anunciar que o filho do ex-operário – vejam que acinte – haveria adquirido a fazenda do maior criador de gado nelore do Brasil. Um descalabro que descabelou muita gente preocupada com o continuar daquela roubalheira que não deixaria sobrar nada para ninguém quando os de sempre retornassem ao poder. Felizmente o proprietário e suposto vendedor da tal fazenda tranquilizou todo mundo avisando que aquilo não passava de boato e sequer fora consultado sobre a inexistente possibilidade de suas terras estarem a venda.


Então se aventou um “aerolula” foliado a ouro. Isso revoltou muitos da classe média, pois nem o luxo do iFHC, ainda maior que o do apartamento de Paris do mesmo FHC, chegara a tanto. Mas em 2011 Lula voltou para casa e não levou o avião e caso alguém da alta classe média brasileira torne a ocupar o poder, poderá brincar com a aeronave.

 
Eis então que o jornalista Amaury Ribeiro lança um livro onde comprova documentalmente os desvios da filha do Serra, do genro do Serra, do primo do Serra, do cunhado do Serra e dos amigos do Serra. São cifras astronômicas e se o Serra sequer foi presidente do Brasil por ter perdido do ex-operário e e até de uma mulher, o que esses dois não haverão rouba na presidência? Imaginem vocês: um ex-operário e uma mulher!


O Genoíno, por exemplo, foi só presidente e roubou tanto que foi condenado pelo Joaquim Barbosa. Nem Barbosa nem Gurgel conseguiram provar que o Genoíno roubou, mas tá na cara que o Genoíno roubou! Não se encontrou nada: nem documento, nem dinheiro, nem propriedade ou qualquer outra coisa, mas o Genoíno roubou. Roubou porque a Veja e o Roberto Jefferson viram. Quer dizer, ver não viram… Mas garantem! E se a Veja garante, como é que o Barbosa não ia condenar, não é mesmo?


Tudo o que se comprova que o Genoíno possua é uma casa de periferia que não deve valer nem R$ 100 mil, mas a classe média preocupada com o regresso de seus representantes ao poder, delira com fortunas incalculáveis. Se delira com a fortuna inexistente do presidente do PT o que não delirará com a do Presidente do Brasil? Tanto que alguém fez circular pela internet uma capa de edição da revista Forbes apontando Lula como um dos bilionários do mundo.


Mas aí veio um gaiato e estragou o prazer masoquista desse setor da classe média preocupado com a possibilidade de que Lula roube tudo antes que voltem ao poder, revelando a montagem da imagem em destaque.


Nem assim o setor Masoch** da classe média brasileira se deu por vencida e continua vibrando de gozo ao acusar Lula de ladrão. São os velhos especuladores, as viúvas de FHC, os militares reformados saudosistas da ditadura que os acobertava, os contrabandistas e demais rufiões tratados injustamente pela democracia que os impossibilita de voltar ao poder e, na falta de atividade mental, entregam-se à lascívia de distribuir preocupações sobre o quanto Lula terá roubado do país.


Com isso enlouquecem a classe média que, por sua vez, se sempre sentiu o maior prazer em ser roubada por acadêmicos, poliglotas, professores, doutores, playboys, engenheiros, generais e todos os que possam ser considerados gente de bem, jamais, nem imaginar, poderia admitir ser roubada por um ex-operário. Muito menos nordestino! É uma afronta!


Mas nesse endereço da Financial Times veio o tranquilizante. Ninguém mais precisa se preocupar. Ao contrário do que faz entender a Globo, a Veja, a Folha e o O Estado de São Paulo, Lula não ficou rico. Confiram:


Os muito preocupados que não leem inglês podem pedir pela tradução da página ao Google ou a alguém alfabetizado neste idioma para saber o que os britânicos deduziram da suposta fortuna de Lula. Dou uma forcinha aqui: o Financial Times, conhecido informativo capitalista inconfundivelmente de direita, conclui que com 30 anos de vida pública os poucos bens que Lula possui são modestíssimos. Conforme o informante do Financial, um hacker contratado por um político da oposição até deprecia as propriedades do ex-operário dizendo-as mal conservadas e mal localizadas.


Já quanto ao apartamento do FHC a Financial não diz nada. Também não sobre a mansão nos Jardins do Serra. Tampouco sobre apartamento milionário acusado pela filha não reconhecida do Álvaro Dias ou sobre os imóveis em BH e Nova Lima e os apartamentos do Leblon e de Ipanema do Aécio Neves. Mas para os setores masoquistas da classe média, isso é de bom tom e só comprovam o bom gosto de seus ídolos políticos.

**Leopold von Sacher-Masoch, citado no texto, foi um escritor austríaco, autor do romance “A Vênus de Peles” onde um dos personagens atinge o orgasmo quando surrado pelo amante da esposa. Daí que se deu a origem aos termos masoquismo e masoquista, no Brasil também versado para eleitor de candidato tucano.

*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta. Mora em Florianópolis e é colaborador do “Quem tem medo da democracia?”, onde mantém a coluna “Pouso Longo”. Blog do Ernani.

Foi-se o tempo em que uma carreira profissional era escolhida pela vocação. Hoje, na busca por garantias e segurança no trabalho, exige-se que a pessoa seja conhecida como "concurseira".

"Concurseiro: é aquele que se propõe a estudar para prestar provas de concursos públicos, de forma séria, objetiva, com disciplina, organização e foco definido em uma área. Estuda antes do edital, sempre buscando: métodos e técnicas, bons livros, cursos preparatórios, estudo em grupo, aproveita qualquer tempo disponível para colocar a matéria em dia, não vive reclamando da falta de apoio, pois é suficientemente capaz para lutar e conseguir seus próprios recursos. É aquele que chora, sente dor, fica nervoso, alegre, vibra, se apaixona pelas matérias mais difíceis, ajuda os colegas, dividi material, é guerreiro, tem garra. Enfim, ser “concurseiro” é ser positivo, ser persistente e jamais desistir dos seus sonhos." Definição no Blog do Concurseiro solitário.
 
 
São aqueles que buscam aprovação em concursos públicos. A polícia tem sido uma excelente porta de entrada para concurseiros. O individuo, na realidade, quer ser juiz, promotor ou apenas ter as garantias de servidor público, e resolve ingressar na polícia. Concursos via de regra mais acessíveis que os dois referidos. 
 
É perceptível nas Organizações Policiais brasileiras a falta de vocação de muitos servidores aprovados em concursos públicos. Grande parte deles desejam ser burocratas, não têm vontade de atuar na atividade investigatória, quando não demonstram falta de qualificação para tal. A burocratização que ocorre nas polícias civis onde os inquéritos são mais importantes dos que as investigações é prova disso. Na polícia militar, da mesma forma, todos querem estar em gabinetes e raros são aqueles que preferem atuar no serviço ostensivo. Nas policias federais não é diferente.   
 
O resultado desta equação é que sempre faltarão policiais para a execução de investigações e policiamento ostensivo. Em tempos passados os novos policiais eram obrigados a trabalhar por um considerável período nas atividades operacionais. Hoje, no primeiro ano, sem nenhuma habilitação, já estão em funções administrativas e cedidos para outros órgãos, em funções que deveriam ser ocupadas por aqueles melhor qualificados e mais experimentados. 
 
O grave de tudo isso é que ainda tem gente que acha que nos quadros da polícia devem existir pessoas que não devam executar o papel de polícia. Ignorando o verdadeiro dever que tem a polícia e seus agentes de estabelecer a ordem, recompor o tecido social ofendido por aqueles que não respeitam os limites da Lei, e ser o braço armado do Estado.    
A notícia

"A área de segurança pública está muito aquecida nesse início de ano: são 16 concursos que oferecem no total mais de 13 mil vagas a serem preenchidas por quem estiver bem preparado. O candidato que escolhe essa área de concurso tem um perfil bastante específico: mesmo que concorra a algum cargo administrativo, costuma preferir órgãos envolvidos com a atividade policial, cujos desafios exercem grande atração.
 
Os salários e níveis de exigências variam de um cargo para outro e de cargos similares em um estado (polícia civil, militar e bombeiro) ou município (guarda municipal) para outro. Até mesmo os requisitos exigidos, como nível de escolaridade, idade máxima e altura mínima podem variar, desde que estejam estabelecidos na lei que rege o cargo naquela unidade da federação. Naturalmente, melhores remunerações costumam corresponder a maiores exigências quanto a escolaridade e conteúdo programático."
 

Guarda municipal
"O nível de escolaridade pode variar, sendo mais frequente a exigência de nível médio. As disciplinas mais cobradas são: português, matemática/raciocínio lógico, informática, direito constitucional, direito administrativo, direitos humanos e cidadania, trânsito e leis específicas, sendo que nem todas estão em todos os editais."
 
 
Cargos de soldado e oficial.
"O nível de escolaridade varia de um estado para outro e é possível encontrar cargo de oficial que só exige nível médio (Mato Grosso do Sul) e de soldado que exige nível superior (Goiás e Distrito Federal). Para os cargos de nível médio as disciplinas mais frequentes são: português, matemática, história e geografia. Em alguns casos, direitos humanos, atualidades e/ou informática.

 Nos casos em que é exigido o nível superior de escolaridade, é comum serem cobradas também as disciplinas: direito constitucional, direito administrativo, direito penal, direito processual penal e leis extravagantes (legislação relacionada à área). Em alguns casos, também, direito penal militar e processual penal militar para oficiais."
 
 
Cargos de agente, escrivão, investigador, papiloscopista, delegado e perito.
"O nível de escolaridade varia de acordo com o cargo e o estado, sendo que delegado e perito exigem nível superior. As matérias frequentemente cobradas são português, direito constitucional, direito administrativo, direito penal, direito processual penal e leis extravagantes. Raciocínio lógico e informática também aparecem em diversos editais."
 
 
"O último concurso da Polícia Rodoviária Federal aconteceu em 2009 e cobrou português, raciocínio lógico, informática, física, direito constitucional, direito administrativo, direito penal, direito processual penal, legislação específica, direito civil, direitos humanos e cidadania, direção defensiva, primeiros socorros, e legislação de trânsito."

"Polícia Federal - Cargos de agente, escrivão e papiloscopista – nível superior (curso de tecnólogo é aceito) Perito – nível superior com formações específicas (bacharelado ou licenciatura - tecnólogo não é aceito). Delegado - bacharel em direito." "A PF protocolou pedido no Ministério do Planejamento para realizar concurso para 1.200 vagas - 600 vagas de agente, 450 de escrivão e 150 vagas de delegado. O concurso para 150 vagas de delegado, 100 de perito e 350 de escrivão, publicado em 2012, continua suspenso."

"O Banco Central também tem área destinada à segurança. As matérias básicas foram: português, direito constitucional, direito administrativo, atualidades e raciocínio lógico. Específicas: teoria e normas de segurança, e legislação específica. Há pedido de autorização para realização de concurso."
  
ABIN - "Há cargos de nível médio (agente de inteligência) e superior sem formação específica (oficial de inteligência - graduação de nível superior em qualquer área de formação) e cargos que exigem formação técnica (agente técnico de inteligência ) ou graduação de nível superior específica (oficial técnico de inteligência)." Excerto da matéria de Lia Salgado, colunista do G1, é fiscal de rendas do município do Rio de Janeiro, consultora em concursos públicos e autora do livro “Como vencer a maratona dos concursos públicos”

Brasileiros miseráveis, moradores de ruas e de locais indignos, sem trabalho, sem qualificação, sem direito a nada, sem comida, para alegria dos governantes, serão recolhidos, a força, para um leito onde serão desintoxicados.

O grande problema dos políticos é que precisam parecer que estão realizando alguma ação correta para melhorar o mundo. É sabido que grande parte de seus anunciados tem apenas o efeito midiático para que possa, ali adiante, enumerá-los para continuar concorrendo a cargos eletivos.
 
A pouca importância que é dado ao voto e aos candidatos, que os compram a peso de ouro, permite que assim estejamos assistindo as disputas políticas que se apegam a exclusiva vontade de estar no Poder ao invés de ocupá-lo para desenvolver políticas públicas que melhorem a vida dos cidadãos.
 
O crack assim como qualquer outra droga, inclusive o socialmente aceito álcool, transtornam a vida das pessoas desde que a vida é conhecida na terra.  Hoje, o Brasil elegeu esta droga como "a praga" da nação. Governos estaduais e federais discursam e investem em pseudos ações que, segundo eles, irá inibir o consumo dessa e de outras drogas.  Chegaram ao extremo de, no primeiro momento, mandarem a polícia resolver a questão. Como não é problema de polícia agora encontraram uma nova solução: o tema do momento, internamento involuntário.
 
Não precisa ser especialista de saúde para saber que nenhum internamento cura a drogadição. Nem profissional de saúde para apurar que os leitos anunciados não atendem 5, 10 ou 20% dos usuários de crack que são moradores de ruas.
 
No Brasil, ainda é escandalosa a falta de leitos hospitalares e UTIs, com filas vergonhosas para que uma pessoa possa receber uma consulta especializada pelo SUS. Enquanto isso nossos brilhantes políticos, na falta de políticas públicas que enfrentem as questões sociais brasileira, anunciam que irão internar os usuários a força. 
 
Pura ação midiática que demonstra a incompetência, a incapacidade e a falta de comprometimento político com questões seríssimas. Brasileiros miseráveis, moradores de ruas e de locais indignos, sem trabalho, sem qualificação, sem direito a nada, sem comida, para alegria dos governantes, serão recolhidos, a força, para um leito onde serão desintoxicados.
 
E depois? Receberão casa, acompanhamento de saúde, profissionalização e trabalho? Ou serão largados na rua, na frente da casa onde foram recolhidos, para que retornem ao crack?
 
É cruel conviver com a hipocrisia.
 
 
 
  
 

A Igreja Católica e a imprensa nacional perderam uma grande oportunidade de ficar calada.

A mídia justiceira nacional, última resistência conservadora deste País, desconhecendo a legislação da Venezuela, optou por acusar o Presidente Chávez, doente, de golpista. Agora, diante da decisão da Justiça daquele País, irão dizer que o Presidente também manda nos Juízes.
 
A Igreja católica, mais conservadora do que qualquer coisa neste mundo, perde suas ovelhas para pastores de ocasião e bispos endinheirados. Levantou-se na defesa na democracia na Venezuela mas sua profecia não impressionou o judiciário.
 
 
Noutro dia estavam condenando a destituição do ex-presidente do Paraguai. Também erraram. Tudo anda normal naquele País que tem sua legislação própria e não depende de nossos articulistas metidos a analistas internacionais.
 
Pelo jeito no Paraguai e na Venezuela o Judiciário não se impressiona muito com a mídia conservadora.
 
 
A notícia


"Chávez, segundo a juíza, poderá ser formalmente empossado, diante da corte, em outra data, a ser marcada quando cessar o motivo que impede a posse agora."
A juíza Luisa Estella Morales, presidente do TSJ, dá entrevista nesta quarta-feira (9) em Caracas, capital da Venezuela (Foto: AFP)"O adiamento da posse, marcada para quinta-feira (10), havia sido anunciado na terça pelo governo, pelo fato de Chávez continuar hospitalizado em Havana, Cuba, recuperando-se de uma cirurgia contra o câncer.
 
 
A oposição havia contestado a legalidade do procedimento, defendendo que o presidente da Assembleia Nacional deveria tomar posse e exigindo informações mais claras sobre o estado de saúde de Chávez e sua capacidade de exercer a presidência.
A presidente do principal tribunal do país, Luisa Estella Morales, disse, em entrevista, que, como se trata de um presidente reeleito, não é necessária nova posse para o mandato entre 2013 e 2019.
O governo atual pode continuar funcionando, com Morales presidente e Nicolás Maduro, seu herdeiro político, como vice, segundo o entendimento do tribunal.
 
 
"O poder executivo, constituído pelo presidente, o vice-presidente, os ministros e demais órgãos e funcionários da administração, continuará exercendo plenamente suas funções com fundamento no princípio da continuidade administrativa", disse Morales, acompanhada de vários magistrados da sala constitucional."


Resistência seguida de morte.

As mudanças na polícia somente acontecem graças a própria polícia. A omissão e desconhecimento do Ministério da Justiça para enfrentar a violência policial será enfrentada, com o tempo, pelos próprios policiais que aprendem que a violência os tranforma em vítimas do sistema nacional de segurança, que não funciona.

Parabéns a São Paulo que sai na frente com uma ação simples mas espetacular. Muitos crimes serão solucionados e haverá uma redução de homicídios em decorrência da "suposta" resistência da vítima. Que os demais Estados da União copiem logo essa medida.
 
Só falta agora São Paulo permitir que os policiais que atuam em ocorrências violentas sejam atendidos por equipes de psicologia após esses eventos. Quem disse que policial não é afetado pela violência?  
 

A notícia  

"A partir desta terça-feira (8/01) todos os policiais de São Paulo que atenderem ocorrências com vítimas graves não poderão socorrê-las. Elas terão de ser resgatadas pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ou pela equipe de emergência médica local.

A decisão do secretário da Segurança Pública Fernando Grella Vieira está em uma resolução que será publicada no "Diário Oficial".

"O objetivo da mudança no procedimento operacional é, entre outros, evitar que a cena do crime seja alterada por policiais e garantir que o atendimento às vítimas seja feito por profissionais habilitados, como médicos e socorristas. Nesse rol de crimes estão inclusos os que tiveram a participação direta de policiais."

"Mais importante do que socorrer rapidamente é socorrer com qualidade. Nos acidentes de trânsito o policial não pode socorrer. Nos casos de homicídio deve ser assim também", afirmou o coronel da reserva da PM José Vicente da Silva Filho, que discutiu o tema com o secretário."

NOMENCLATURA

"A resolução altera outros dois procedimentos. Um é o da nomenclatura no boletim de ocorrência dos crimes envolvendo confronto com policiais. O termo "resistência seguida de morte", quando a morte é em confronto, será trocado por "morte decorrente de intervenção policial".

"A outra mudança é que todas as vítimas e testemunhas de crimes devem ser levadas imediatamente para delegacias. Hoje, em alguns casos, elas são antes encaminhadas a um batalhão da PM." Folha de São Paulo, internet..

E ai fica aquela pergunta: o julgamento do "mensalão" foi ou não foi um julgamento político?

O processo, com grande cobertura midiática, que acusa o ex-goleiro de um clube carioca de ter sido mandante de um homicídio, e que não foi preso em flagrante delito, mantém o acusado  encarcerado há mais de ano.
 
O comerciante que matou um rapaz em São Paulo durante discussão sobre uma diferença de sete reais na conta, também não tendo sido preso em flagrante, prestou depoimento e foi pra sua casinha.
Os presídios, principalmente no norte e nordeste, estão lotados de presos que ainda não foram julgados e condenados.
 
 
A ação 470 no STF, apelidado pela mídia como "mensalão do PT", foi realizado com um absurdo estardalhaço e a imprensa desejava que todos os condenados, em primeira instância, fossem recolhidos ao presídio.   
 
 
"O caso do chamado mensalão mineiro, que envolve políticos do PSDB, não deverá ser julgado pelo STF. A acusação aponta desvio de recursos públicos e financiamento ilegal na fracassada campanha pela reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo.
As operações contaram com a participação das empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o operador do mensalão petista, que ocorreu entre 2003 e 2004, segundo o Ministério Público Federal.
 
A denúncia do caso mineiro foi apresentada ao STF pela Procuradoria-Geral da República em 2007. O tribunal abriu ação penal em 2009. A causa não está pronta para ir a julgamento porque ainda há etapas processuais a serem concluídas. Atualmente o caso está na fase de depoimento de testemunhas.
 
Além disso, o relator do processo, o ministro Joaquim Barbosa, não poderá continuar na condução da causa, já que assumiu a presidência do tribunal em novembro. A tarefa de relator será entregue ao novo ministro do Supremo a ser escolhido pela presidente Dilma Rousseff. Não há prazo para a indicação, que preencherá a vaga aberta após a aposentadoria de Carlos Ayres Britto."
Transcrito da Folha de S. Paulo
 
E ai fica aquela pergunta: o julgamento do "mensalão" foi ou não foi um julgamento político?
 
Ou dúvida maior: qual é a justiça brasileira? Seria aquela que recolhe um acusado de homicídio e o mantém preso sem julgamento legal, independente de não ter sido preso em flagrante delito? Ou aquela que mantém solto um homicida confesso que elimina uma vida por causa de sete reais e que também não foi preso em flagrante?
 
Seria, quem sabe, aquela que julga "de forma hollywoodiana" suspeitos dos desvios de verbas públicas do partido que esta no governo, mas não consegue finalizar outro processo, cinco anos mais antigo e com menor número de acusados?
 
Como acreditar que algo estaria mudando?  
 

2013: a cidadania é babaquice?

As previsões para o novo ano, como tantas outras já realizadas por videntes e inventores, não inovam ou sugerem alguma grande mudança no "front" de nossos dias. A não ser a obrigação de lutarmos com mais valentia para sobreviver e superar "o inimigo".
 
O "inimigo" tem muitas caras e nenhum escrúpulo. Os principais, aqueles se destacam, mentem, fraudam, inventam e se aliam de forma criminosa ou anti-ética para galgar um espaço ou manter-se em posições e situações que lhes dê melhores condições de vida. Mesmo que para isso, sob variados argumentos, necessitem pisar nos concorrentes.
 
As passagens de ano nada mais têm sido do que eventos comerciais e gastronômicos onde mostramos as conquistas do ano que finda. O sucesso de cada um fica demonstrado pela viagem que conseguimos realizar (se for para exterior dá uma necessidade louca de contar para todos), pela posse de um carro mais novo e mais potente (mesmo que comprado em sessenta vezes), pela gastança realizada com as festas (sobra peru, porco e muita farofa), pelo valor dos presentes que brindamos (a maioria xinguilingui) e pelo desperdicio de energia para nos deslocarmos para praias superlotadas, sujas e totalmente abandonadas pelas administrações municipais, inexistentes.
 
Somos obrigados a disputar, do natal ao ano novo, filas imensas em supermercados para poder comprar pão nosso de cada dia. Literalmente roubados pelos comerciantes que, descaradamente, aumentam o preço de seus produtos e serviços como forma de melhorar seu lucro.
 
Assistimos, acompanhamos quando não participamos da fúria destruidora incubada em qualquer ser humano, produzindo muito lixo, destruindo o patrimônio público, perturbando as pessoas, usurpando de nossos direitos, como se tudo fosse válido e necessário para termos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.
 
E de uma forma muito humana e descarada olhamos para nosso vizinho e criticamos sua forma de comemorar esquecendo que estamos fazendo a mesma coisa quando não pior.
 
A balela sobre a falta de educação não justifica a conduta dos cidadãos. A verdade é que não sabemos o que é cidadania, não sabemos o que é ter compromisso social. Indivíduos analfabetos e com curso superior agem da mesma forma. Uns porque dizem não saber o que estão fazendo, outros fazem porque "pagam seus impostos" e imaginam serem donos do mundo.
 
Campanhas governamentais infantis apelam às crianças para que o "papai e a mamãe" não corram nas estradas, para que não dirijam bêbadas, para que não sejam violentas, etc., etc. Campanhas que fazem de conta.
 
Os administradores públicos, burocratas de plantão, não trabalham duro para preparar as cidades para que recebam turistas em condições confortáveis e seguras. Somos tratados como um bando que está liberado para fazer o que bem entender.
 
Portanto que 2013 seja um ano igual ao 2012, 2011, 2010 e tantos outros já passados. Que possamos sobreviver a ele, e que Deus nos salve! Porque aqui na Terra, para termos valor e sermos reconhecido precisaremos continuar usando os ombros das pessoas para galgarmos, de forma mais rápida, um espaço de reconhecimento no mundo dos homens.
 
Do contrário ficaremos suspeitando que respeitar a cidadania e os direitos da outras pessoas é pura babaquice. E que venha 2014.