Não existem palavras que possam aliviar ou consolar o sofrimento daqueles familiares que perderam, de forma tão violenta, seus filhos, irmãos, amigos e parentes. Nada que seja dito, nem pelo melhor literato, servirá para preencher o vazio na vida dos que ficaram.
Mas não é sobre isso que irei escrever. Mas sim sobre o uso das redes sociais por pessoas que, em suas casas, refestelando-se com seu ar condicionado, transmitem apelos públicos para doação de sangue, chamamento de profissionais médicos e tantos outros, como se estivessem participando do Grupo Gestor da Crise ou em nome dele falassem.
Outro tema que nos deixa indignados é quando, num desastre como o de Santa Maria, alguns começam a encontrar heróis na ação de servidores públicos que são treinados pelo Estado para executar a ação de salvamento.
Tentam transformar-se em protagonistas para receber um reconhecimento sobre a dor e o sofrimento daqueles que foram vitimadas no desastre.
Herói tem sido uma palavra banalizada que vem servindo para justificar a farta distribuição de medalhas e reconhecimentos inadequados. Heróis não têm sido Heróis.
Nelson Mandela é um herói. Lutou contra o
apartheid na África do Sul, preso durante 27 anos e foi presidente de seu país. Madre Teresa pode ter sido uma heroina por ter
dedicado a vida em benefício dos pobres e doentes. Gandhi,
da mesma forma, cuja persistência contra o domínio inglês libertou a Índia, pode ser chamado de herói. Muitos outros por ai existem.
Todos os dias temos heróis em jogo de futebol, em programa de televisão, salvando gatinho, etc, etc.
Não tem havido respeito às vitimas nem a seus familiares. Desconhecidos acreditam poder invadir e apropriar-se de seus sofrimentos como se como estivessem doloridos em igual intensidade. Não mantêm o devido respeito e uma distância respeitosa. Forçam uma visibilidade para protagonizar reconhecimento de um ato heróico que não realizou.
Heróis em Santa Maria foram alguns que estavam na local do desastre e morreram tentando salvar amigos e pessoas que estavam no interior do local sinistrado. Heróis foram aqueles, que com o risco voluntário de suas vidas tentaram, no desespero, salvar outras vidas.
Os que são treinados para socorrer vítimas cumprem suas missões. Para isso devem receber o reconhecimento do serviço bem executado. Mas, obrigatoriamente, não devem ser confundidos como heróis.
Se isso acontecer, por questão de justiça, terão que distribuir medalhas para médicos, enfermeiros, socorristas, porteiros, motoristas, policiais, pilotos, voluntários, e tantos outros que se dispuseram a colaborar ou que ainda estão envolvidos no caso.