2013: a cidadania é babaquice?

As previsões para o novo ano, como tantas outras já realizadas por videntes e inventores, não inovam ou sugerem alguma grande mudança no "front" de nossos dias. A não ser a obrigação de lutarmos com mais valentia para sobreviver e superar "o inimigo".
 
O "inimigo" tem muitas caras e nenhum escrúpulo. Os principais, aqueles se destacam, mentem, fraudam, inventam e se aliam de forma criminosa ou anti-ética para galgar um espaço ou manter-se em posições e situações que lhes dê melhores condições de vida. Mesmo que para isso, sob variados argumentos, necessitem pisar nos concorrentes.
 
As passagens de ano nada mais têm sido do que eventos comerciais e gastronômicos onde mostramos as conquistas do ano que finda. O sucesso de cada um fica demonstrado pela viagem que conseguimos realizar (se for para exterior dá uma necessidade louca de contar para todos), pela posse de um carro mais novo e mais potente (mesmo que comprado em sessenta vezes), pela gastança realizada com as festas (sobra peru, porco e muita farofa), pelo valor dos presentes que brindamos (a maioria xinguilingui) e pelo desperdicio de energia para nos deslocarmos para praias superlotadas, sujas e totalmente abandonadas pelas administrações municipais, inexistentes.
 
Somos obrigados a disputar, do natal ao ano novo, filas imensas em supermercados para poder comprar pão nosso de cada dia. Literalmente roubados pelos comerciantes que, descaradamente, aumentam o preço de seus produtos e serviços como forma de melhorar seu lucro.
 
Assistimos, acompanhamos quando não participamos da fúria destruidora incubada em qualquer ser humano, produzindo muito lixo, destruindo o patrimônio público, perturbando as pessoas, usurpando de nossos direitos, como se tudo fosse válido e necessário para termos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.
 
E de uma forma muito humana e descarada olhamos para nosso vizinho e criticamos sua forma de comemorar esquecendo que estamos fazendo a mesma coisa quando não pior.
 
A balela sobre a falta de educação não justifica a conduta dos cidadãos. A verdade é que não sabemos o que é cidadania, não sabemos o que é ter compromisso social. Indivíduos analfabetos e com curso superior agem da mesma forma. Uns porque dizem não saber o que estão fazendo, outros fazem porque "pagam seus impostos" e imaginam serem donos do mundo.
 
Campanhas governamentais infantis apelam às crianças para que o "papai e a mamãe" não corram nas estradas, para que não dirijam bêbadas, para que não sejam violentas, etc., etc. Campanhas que fazem de conta.
 
Os administradores públicos, burocratas de plantão, não trabalham duro para preparar as cidades para que recebam turistas em condições confortáveis e seguras. Somos tratados como um bando que está liberado para fazer o que bem entender.
 
Portanto que 2013 seja um ano igual ao 2012, 2011, 2010 e tantos outros já passados. Que possamos sobreviver a ele, e que Deus nos salve! Porque aqui na Terra, para termos valor e sermos reconhecido precisaremos continuar usando os ombros das pessoas para galgarmos, de forma mais rápida, um espaço de reconhecimento no mundo dos homens.
 
Do contrário ficaremos suspeitando que respeitar a cidadania e os direitos da outras pessoas é pura babaquice. E que venha 2014.