As previsões para o novo ano, como tantas outras já realizadas por videntes
e inventores, não inovam ou sugerem alguma grande mudança no "front"
de nossos dias. A não ser a obrigação de lutarmos com mais valentia para
sobreviver e superar "o inimigo".
O "inimigo" tem muitas caras e nenhum escrúpulo. Os principais,
aqueles se destacam, mentem, fraudam, inventam e se aliam de forma criminosa ou
anti-ética para galgar um espaço ou manter-se em posições e situações que lhes
dê melhores condições de vida. Mesmo que para isso, sob variados argumentos,
necessitem pisar nos concorrentes.
As passagens de ano nada mais têm sido do que eventos comerciais e
gastronômicos onde mostramos as conquistas do ano que finda. O sucesso de cada
um fica demonstrado pela viagem que conseguimos realizar (se for para exterior
dá uma necessidade louca de contar para todos), pela posse de um carro mais
novo e mais potente (mesmo que comprado em sessenta vezes), pela gastança realizada
com as festas (sobra peru, porco e muita farofa), pelo valor dos presentes que
brindamos (a maioria xinguilingui) e pelo desperdicio de energia para nos
deslocarmos para praias superlotadas, sujas e totalmente abandonadas pelas
administrações municipais, inexistentes.
Somos obrigados a disputar, do natal ao ano novo, filas imensas em
supermercados para poder comprar pão nosso de cada dia. Literalmente roubados
pelos comerciantes que, descaradamente, aumentam o preço de seus produtos e
serviços como forma de melhorar seu lucro.
Assistimos, acompanhamos quando não participamos da fúria destruidora
incubada em qualquer ser humano, produzindo muito lixo, destruindo o patrimônio
público, perturbando as pessoas, usurpando de nossos direitos, como se tudo
fosse válido e necessário para termos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.
E de uma forma muito humana e descarada olhamos para nosso vizinho e
criticamos sua forma de comemorar esquecendo que estamos fazendo a mesma coisa
quando não pior.
A balela sobre a falta de educação não justifica a conduta dos cidadãos. A
verdade é que não sabemos o que é cidadania, não sabemos o que é ter
compromisso social. Indivíduos analfabetos e com curso superior agem da mesma
forma. Uns porque dizem não saber o que estão fazendo, outros fazem porque
"pagam seus impostos" e imaginam serem donos do mundo.
Campanhas governamentais infantis apelam às crianças para que o "papai
e a mamãe" não corram nas estradas, para que não dirijam bêbadas, para que
não sejam violentas, etc., etc. Campanhas que fazem de conta.
Os administradores públicos, burocratas de plantão, não trabalham duro para
preparar as cidades para que recebam turistas em condições confortáveis e
seguras. Somos tratados como um bando que está liberado para fazer o que bem
entender.
Portanto que 2013 seja um ano igual ao 2012, 2011, 2010 e tantos outros já
passados. Que possamos sobreviver a ele, e que Deus nos salve! Porque aqui na Terra, para termos valor e sermos
reconhecido precisaremos continuar usando os ombros das pessoas para galgarmos,
de forma mais rápida, um espaço de reconhecimento no mundo dos homens.
Do contrário ficaremos suspeitando que respeitar a cidadania e os direitos
da outras pessoas é pura babaquice. E que venha 2014.