Tomei a liberdade de copiar o texto de Alexandre de Sousa. 05/10/2006, polícia militar do Rio, postado no blog Diário de um Policial Militar, por acreditar que devemos, todos os policiais, civis e militares, discutir esse papel desenvolvido pelos "especialistas" em segurança pública.
Escreveu Alexandre de Sousa, que não conheço pessoalmente: "Esses “profissionais” estão em franca expansão em nosso país e talvez em pouco tempo sejam tão numerosos quanto os especialistas em futebol, aqueles técnicos não contratados que tem todas as fórmulas mágicas para ganhar o campeonato e apontam os infinitos erros do técnico titular.
Quem dá a dica para reconhecê-los é Décio Leão, capitão da Polícia Militar de São Paulo. Em seu irônico “Manual EPC (Embusteration Picaretation Corporation) para Especialistas em Segurança”, mostra os “fundamentos necessários para a atuação desses consultores de ocasião”. O pseudo-especialista em segurança pública é um profissional que goza de grande respeito, aparece na mídia, faz assessoria dos nossos governantes e até interfere no trabalho da polícia. Algumas vezes eles conseguem até elevados cargos públicos. Segundo Décio, os pseudo-especialistas em segurança pública trazem consigo algumas caraterísticas em comum: Nunca foi policial, não tem nenhum vínculo com a Instituição ou não mesmo a conhece. Isso não impede que ele fale dela com propriedade, dizendo como ela deveria fazer seu trabalho. Possui formação genérica. Seja engenheiro, administrador, economista, sociólogo, psicólogo ou bacharel em direito, o pseudo-especialista em segurança pública já estudou “profundamente” o assunto e participou de alguns seminários.
Aparece bastante na mídia. O pseudo-especialista em segurança pública não pode deixar de aparecer na mídia, quer seja imprensa escrita, falada, televisionada ou internetada. Não se mede a qualidade deste profissional pela sua experiência profissional ou sua formação específica. É a quantidade de vezes que ele aparecer na imprensa que irá dar a sua qualificação de suposto conhecimento e experiência. Fala o óbvio. O especialista em segurança costuma ter soluções mágicas para solucionar o problema da segurança pública (bem semelhantes aos discursos eleitoreiros para o assunto). Por exemplo, o especialista em segurança deve afirmar que as autoridades policiais precisam “intensificar o policiamento preventivo” ou “investir em inteligência policial”. Quanto mais óbvia for a solução mágica, melhor será o efeito “como-ninguém-pensou-nisso-antes”. E obviamente, o especialista não precisa dar detalhes sobre como serão conseguidos os recursos humanos, materiais e financeiros, qual o impacto sobre o orçamento e outros problemas que “são meros detalhes técnicos”. Faz a polícia parecer incompetente. Ao comentar os problemas de segurança, as crises e os problemas em ocorrências policiais, o pseudo-especialista em segurança pública mostra como a polícia errou, o que ela deixou de fazer e o que ela poderia ter feito. Sutilmente, dá indicações de a polícia não sabe fazer bem o seu serviço."
E segue seu texto falando sobre a impressão que todos os policiais tem sobre os especialistas: parecem, mas não o são. Mas não poderia afirmar isso sozinho já que tenho o propósito de discutir esse tema com eles próprios (os especialistas) para que digam onde foi que se especializaram e o que desejam fazer com a polícia e com os policiais.