"Julgo os políticos que não colocam dinheiro na educação das crianças, na segurança, no treinamento dos policiais."

Até os leigos (vítimas) já sabem de quem é a culpa. Mas com uma gestão amadora, sem uma política nacional e sem um Ministério da Segurança Pública continuaremos a contar mortes.

Os erros de cada dia:

Primeiro: graças ao treinamento recebido, os policiais atuam de forma violenta e atiram primeiro para depois verificar quem é a vítima.

Segundo: como se estivessem tratando com débeis mentais, enxertam uma pequena quantidade de maconha no carro da vítima como se tal existência justificasse a execução.

Terceiro: o comando e o governo, imediatamente, juram que oferecem treinamento regular para os policiais.

Quarto:  são afastados e indiciados pela ação criminosa. A partir daí enfrentarão sozinhos as acusações, como se aquela circunstância decorresse do treinamento escolhido por eles.

Quinto: a banalização da morte é tão escancarada que o governo do Estado, frente a mais uma morte injustificável, anuncia a disposição de indenizar a família, como se isso fosse eximir sua culpa e consolar os familiares.

A notícia

A empresária Carmen Prudente de Aquino, 67, disse que a sociedade tem medo da polícia, criticou a falta de preparo dos policiais e afirmou que o filho "não morreu em vão":

"Hoje, temos medo da polícia", disse à Folha. O filho dela, o empresário Ricardo Prudente de Aquino, 39, morreu na noite de quarta-feira após levar dois tiros na cabeça durante uma abordagem policial em Alto de Pinheiros (zona oeste de São Paulo)."

 
"Essas pessoas que fizeram isso não podiam estar na rua. Nem nessa profissão. Não os julgo. Julgo a política. Julgo os políticos que não colocam dinheiro na educação das crianças, na segurança, no treinamento dos policiais."

"Durante o enterro de Aquino no cemitério Gethsemani, no Morumbi (zona oeste), familiares criticaram o treinamento da polícia paulista e a divulgação de que a vítima estava com 50 gramas de maconha dentro do carro."

"A gente tem certeza de que foi plantada [inserida no carro pelos policiais]. E, mesmo que ele estivesse com droga, nada justifica o que foi feito. Essa é a lógica da polícia: atira primeiro, pergunta depois", afirmou Abílio Sacramento, 62, tio de Aquino."
 
 
A PM pediu desculpas e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) a emitiu nota lamentando a morte e anunciando indenização para a família do empresário. Assim com o secretário de segurança o governador defendeu o treinamento dado aos policiais.

"Dois soldados e um cabo, autores de ao menos sete tiros, foram presos sob suspeita de homicídio doloso (intencional). O advogado deles, Fernando Capano, disse que, apesar do desfecho "trágico e triste", eles agiram corretamente, já que Aquino não obedeceu à ordem de parada.
O empresário foi perseguido por ao menos quatro carros e duas motos até ser morto na avenida das Corujas. "Estava a duas quadras de casa. Em lugar nenhum estamos seguros", disse Carmen.
Ontem, a Polícia Civil informou que investigará se os PMs deveriam estar perseguindo um carro similar ao de Aquino, que acabou sendo perdido de vista."
 
"O governo sempre tende a culpar o policial. Mas não é um problema do mau policial, e sim estrutural. O comando incentiva a violência há anos", diz a defensora Daniela Skromov de Albuquerque, coordenadora do núcleo de direitos humanos da Defensoria. Segundo ela, a maior parte dos policiais envolvidos em mortes é reincidente. Internet, Folha.