O Brasil
adota o sistema biológico que considera os menores de 18 anos sem o
desenvolvimento mental completo para entender o caráter ilícito de seus atos.
Considera, de forma genérica, a idade e não analisa se o individuo tem
capacidade de compreender o fato criminoso. Países como Inglaterra, Estados
Unidos e outros consideram a consciência do infrator sobre a gravidade de sua
ação.
Os
que defendem a permanência dos dezoitos anos, como a maioridade, afirmam que os
jovens com idade inferior, dezessete, dezesseis ou quinze anos, não
compreendem o caráter criminoso de seus atos. Mesmo quando manifestam a
inocente e salvadora afirmativa: "sou de menor".
O
que a sociedade brasileira não quer discutir, frente ao extermínio de jovens
menores de dezoito anos, vítimas e autores de crimes, é sua responsabilidade
pelo fim prematuro desses jovens que, conscientes de que não serão
encarcerados, continuam sua exposição até que esta conduta os leve a morte,
antes mesmo de completar a maioridade.
Debate
cercado de tabus e pensamentos moralistas, principalmente de parte da igreja,
não tem contribuído para proteger nossa juventude. Agem como se a manutenção da
maioria idade penal aos dezoito anos fosse um sinal de respeito para com a
juventude. Na realidade uma omissão criminosa que deixa esses meninos e meninas
para serem exterminados pela polícia ou em seus confrontos diários.
A falta
desse debate, de forma madura, tem permitido que uma parte da população
acredite que a pena de morte é uma solução para a redução da violência. Outros
acreditam que "cadeia" muda o cenário atual.
Enquanto isso gestores políticos de quatro em quatro anos reformam os velhos discursos e ignoram o número de mortes dessa juventude, fazendo pequenos investimentos que levarão mais de cinquenta anos para alterar as condições dessas comunidades que estão perdendo seus filhos.
O debate sobre a maioridade penal e sobre a compreensão da responsabilidade pela ação criminal não pode continuar a inexistir. Proteger a juventude não é empurrá-la ao precipício mas criar instrumentos que dignifiquem a vida dessa juventude e que lhes ensine responsabilidade por aquilo que realizam. E quando incorrerem em fato criminoso oferta-lhes condições para que se recuperem e fiquem vivos.